
Até agora, não há indícios de que novas permissões sejam emitidas, o que sugere que a China possa estar usando essa medida como uma forma de pressão política no contexto da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo
Atualmente, mais de 390 frigoríficos dos Estados Unidos estão enfrentando restrições que os impedem de exportar carne bovina para a China. O governo de Xi Jinping não renovou as autorizações dessas plantas, cujos prazos expiraram no início do ano. Até agora, não há indícios de que novas permissões sejam emitidas, o que sugere que a China possa estar usando essa medida como uma forma de pressão política no contexto da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Desde 19 de fevereiro, quatro frigoríficos já perderam a habilitação, enquanto outros 386 viram suas permissões expirarem em 16 de março. No portal da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC), o status dessas unidades foi alterado para “atrasado”, e fontes do setor confirmaram a falta de renovação das licenças, reforçando o impacto dessa decisão.
Esses frigoríficos representam cerca de 60% das unidades norte-americanas habilitadas para exportar carne bovina à China, que totaliza 654 plantas. Atualmente, restam apenas 249 frigoríficos com permissões válidas, sendo que 137 dessas autorizações se estendem até 2029. Outras 20 plantas terão suas permissões expiradas em 2025, enquanto 15 unidades enfrentam suspensão temporária das exportações.
Por outro lado, em 17 de março, a China renovou as permissões de cerca de 70 unidades norte-americanas que exportam carne suína e de aves, cujas licenças haviam expirado no dia anterior. No entanto, a situação das carnes bovinas segue sem solução. Os Estados Unidos têm uma rede considerável de frigoríficos habilitados para exportar carnes para a China, com 594 unidades de aves e 590 de suínos autorizadas. No entanto, três frigoríficos avícolas e dez de carne suína enfrentaram interrupções temporárias nas exportações.
Além disso, a China implementou recentemente ações que afetaram diretamente as exportações de carne bovina dos Estados Unidos e do Brasil, refletindo a complexidade das relações comerciais no setor alimentício global.
Nos Estados Unidos, em 15 de março, expiraram os registros de exportação de mais de 1.000 frigoríficos norte-americanos, concedidos sob o acordo comercial “Fase 1” de 2020. A Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) atualizou o status dessas plantas de “efetivo” para “expirado” em seu site oficial. Embora as remessas dessas plantas ainda estejam sendo processadas, a China não revelou por quanto tempo permitirá a continuidade das importações sem registros válidos.
O Departamento de Agricultura dos EUA expressou preocupação com a situação, destacando que a China não respondeu aos pedidos de renovação desses registros, o que poderia caracterizar uma violação dos termos do acordo “Fase 1”.
Em relação ao Brasil, no início de março, a China suspendeu temporariamente as importações de carne bovina de três frigoríficos brasileiros: uma unidade da JBS em Mozarlândia (Goiás), uma da Frisa em Nanuque (Minas Gerais) e uma da Bon Mart em Presidente Prudente (São Paulo). A Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) apontou não conformidades nos requisitos exigidos para o registro de estabelecimentos estrangeiros.
Em resposta, o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil notificou os frigoríficos afetados, que estão tomando as medidas corretivas necessárias para atender às exigências chinesas. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) reforçou que a China segue sendo o principal destino das exportações de carne bovina do Brasil, e as vendas para este mercado continuam a beneficiar a economia nacional.
Essas movimentações refletem a importância de manter conformidade com os padrões sanitários e regulatórios internacionais. Para os Estados Unidos, a expiração dos registros de exportação representa um desafio substancial, podendo gerar perdas financeiras significativas caso não sejam renovados. Para o Brasil, embora a suspensão de três frigoríficos seja preocupante, o país ainda possui 126 plantas habilitadas para exportação de carne bovina à China, o que oferece certa margem de segurança. O governo brasileiro está otimista quanto à possibilidade de “dezenas” de frigoríficos serem habilitados ainda em 2025, ampliando a presença do Brasil no mercado chinês.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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