País asiático se tornou destino essencial para Brasil, Uruguai e Argentina.
A China deverá importar 1 milhão de toneladas de carne bovina em 2018, 11% acima do volume comprado em 2017, acumulando um incremento nas aquisições externas de 145% em apenas cinco anos. Para abastecer o mercado interno, de 1,4 bilhão de pessoas, a China tem aumentado as importações de carne bovina. Para efeito de contabilização das exportações, o mercado considera que as vendas para Hong Kong têm, de fato, como destino a China. Hong Kong é um importante entreposto comercial entre Brasil e China.
Atualmente, a maior parte dessas importações da China e Hong Kong vem da América do Sul, principalmente do Brasil, maior exportador mundial, seguido do Uruguai. Os países sul-americanos continuarão a ser os principais fornecedores, já que o Brasil, o Uruguai e a Argentina mantêm forte crescimento dos volumes exportados.
A China, juntamente com Hong Kong, se destaca, atualmente, como o maior comprador de carne bovina in natura brasileira. No acumulado de 2017, das vendas externas totais do Brasil, 19% tiveram como destino Hong Kong e 18%, a China. No comparativo de 2017 com 2016, os embarques diretos para a China registraram alta expressiva de 35%, enquanto que, para Hong Kong, o aumento foi de 14%.
Entre 2011 e 2017, a produção de carne bovina da China cresceu 9%, para 7,1 milhões de toneladas, mas foi superada por um crescimento ainda mais forte do consumo, que subiu 24% para 7,9 milhões de toneladas durante o mesmo período. A produção da China é limitada por altos custos, infraestrutura inadequada da cadeia frigorífica, falta de investimentos, uma indústria fragmentada e produtores, na sua maioria, de pequeno porte, localizados no interior do país, desafiados a atender os centros de consumo primário no leste da China.
Incapaz de satisfazer plenamente a demanda com a produção doméstica, a China busca cada vez mais o mercado internacional. Os Estados Unidos eram o maior fornecedor de carne bovina para a China, respondendo por 66% do ainda pequeno mercado de US$ 15 milhões, quando perderam o acesso ao mesmo em 2003. Durante os 13 anos seguintes, os chineses consumiram cada vez mais carne vermelha e aves, devido a maiores níveis de renda individual e crescimento populacional.
Embora tradicionalmente o consumo de carne bovina seja o menor entre as carnes na China, cresceu mais rapidamente em comparação com a carne suína e de frango durante os últimos cinco anos, uma vez que o aumento dos preços da carne de frango e da carne suína (devido à menor produção) tornou a carne bovina relativamente mais acessível. O mercado de carne da China não é apenas o maior em várias ordens de grandeza, mas também se tornou muito mais competitivo.
Ao longo dos últimos cinco anos, a maioria dos principais exportadores de carne bovina aumentou a parcela de seu comércio total vendido para a China e trabalhará para manter esses ganhos. Além do Brasil, notadamente para o Uruguai e a Argentina, a China tornou-se um mercado essencial.
Por Carlos Cogo: ele é consultor em agronegócio, especializado em análises, tendências e estatísticas dos mercados agrícolas
Fonte: Publicado em Zero Hora, caderno Campo & Lavoura (24/11/17)