China rejeita contêineres de carne brasileira, entenda!

Confira abaixo a análise sobre o mercado chinês e a situação da rejeição de contêineres de carne brasileira pela China, segundo a Agrifatto.

Confirmada a rejeição a contêineres de carne brasileira pela China para cargas que aguardavam o despacho nos portos chineses, foi dada a ordem de retirada desses produtos aos exportadores brasileiros, que agora têm que realocar as cargas para outro país de destino ou providenciar seu retorno para o Brasil.

A Agrifatto fez um podcast discutindo essa questão. Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto,conversou com alguns convidados e parceiros, entre eles, Conrado Beckerman, que mora na China desde 2005 e montou uma empresa de importação de carne lá até 2018. Hoje, ele é consultor internacional para empresas chinesas.

Beckerman disse que a China está com problemas energéticos e a previsão é de que essa situação se mantenha por tempo indeterminado. Isso porque o governo chinês está tomando medidas para combater a mudança climática, buscando, entre outras coisas, reduzir o uso de combustíveis fósseis. 

A longo prazo, não é sustentável para a China continuar importando um grande volume de proteína animal. Assim, a tendência é que os chineses voltem a uma alimentação mais tradicional, baseada principalmente em vegetais. O governo chinês atual está buscando “colocar a casa em ordem” e tem estimulado uma visão mais nacionalista, incluindo a alimentação mais tradicional e com menos influências ocidentais. 

A carne bovina acaba sendo um artigo de luxo na China. Atualmente, o preço da carne bovina está 4 vezes maior do que o da carne suína. O atual governo chinês vem já a alguns anos buscando reduzir a demanda por esses produtos de luxo, visando voltar a um cenário de alimentação mais tradicional. O aumento ilimitado da demanda por carne bovina na China não é sustentável e não é de interesse do governo chinês. 

A produção de carne suína é subsidiada na China pelo governo e, por isso, são poucos os produtores pequenos e médios que conseguem se manter no mercado. Além disso, o governo chinês vem estreitando suas relações comerciais com alguns vizinhos, incluindo a Rússia, que serão fornecedores de proteína animal ao mercado chinês – e concorrentes do Brasil e dos demais países da América do Sul. A China busca menor dependência do Brasil e da América do Sul em geral. 

O Brasil é um concorrente de peso, devido às condições climáticas e de produção. A Rússia, com seus invernos rigorosos, pode não ter tanta facilidade de concorrer com a carne brasileira, mas Pimentel afirma que ainda assim essa concorrência não pode ser subestimada.

Beckerman disse que a carne da Austrália e dos EUA fizeram um branding bastante forte no mercado chinês, coisa que a carne brasileira ainda não fez. Assim, a carne brasileira é mais utilizada no tradicional prato chinês hot pot, por ser uma carne magra, mas não é vendida em restaurantes como um produto de maior valor. 

Os estoques de carne bovina da China estão baixos atualmente e, com o ano novo chinês e com o aumento da demanda prevista, há a possibilidade de o governo chinês negociar a entrada de carne brasileira com algum tipo de acordo específico ou que haja mesmo uma mudança na dieta dos chineses, migrando para proteínas mais baratas, como carne de frango, de acordo com Beckerman.

Ele sugere que a carne que está nos portos seja vendida a outros mercados asiáticos vizinhos.

Decisão do Mapa de suspender produção de carne para China preocupa

A paralisação começou depois de uma decisão do governo brasileiro, que suspendeu os embarques após a ocorrência de dois casos atípicos de encefalopatia espongiforme bovina, conhecido como “mal da vaca louca”, nos estados de Mato Grosso e Minas Gerais.

Em um ofício-circular enviado aos chefes dos Serviços de Inspeção de Produtos de Origem Animal, à Coordenação-Geral de Inspeção e à Coordenação-Geral de Controle e Avaliação do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, o Mapa também autorizou que os frigoríficos estoquem o produto parado em contêineres refrigerados, por um prazo de 60 dias.

Fonte: Agrifatto.

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