China investe em produção ‘altamente subsidiada’, diz Banco Central Europeu

Ao cortar preços ou elevar embarques de produtos muito subsidiados, crescimento nas exportações do país pode levar a efeitos internacionais de pressões de desinflação, adverte a instituição.

O Banco Central Europeu (BCE) avalia, em boletim econômico divulgado nesta segunda-feira (29), que o modelo de crescimento puxado por investimentos da China “está ficando sob crescente pressão”. Como resposta a desafios, o governo do país tem redobrado esforços para fomentar o crescimento com políticas impulsionadas para o investimento, mas a análise da instituição discute o modelo do país, desequilíbrios entre oferta e demanda em seu setor manufatureiro, bem como potenciais efeitos secundários da política chinesa para outras nações.

Com o tempo, as altas taxas de investimento da China têm gerado retorno menor, aponta o BCE. Além disso, fatores estruturais e cíclicos cada vez mais pesam na demanda, nota a instituição, em parte por questões estruturais, como a queda desde 2011 da população chinesa em idade de trabalhar.

Dia do Agricultor: Da enxada ao robô

A análise do BCE considera que a crise no setor imobiliário chinês afetou um dos três principais pilares do crescimento do investimento do país. Segundo o boletim, há sinais de que o crescimento recente da produção manufatureira cria distorções no mercado chinês, com a oferta superando a demanda, o que eleva estoques e derruba preços, afetando a rentabilidade das empresas.

Os esforços da China em investir mais em capacidade produtiva em setores “altamente subsidiados” têm implicações globais, destaca o BCE. Ao cortar preços ou elevar exportações de produtos muito subsidiados, o crescimento nas exportações do país pode levar a efeitos internacionais de pressões de desinflação, adverte o banco central. Isso poderia ser mais exacerbado se parceiros comerciais de outros países cortarem preços, para se manter competitivos. Por fim, o desenvolvimento da China de capacidades industriais avançadas, sobretudo em setores de tecnologia verde, e o tamanho relativamente maior dos subsídios estatais no país também poderiam afetar a competitividade de parceiros nesses setores relativamente novos e com manufatura cada vez mais avançada.

O boletim ainda diz que, nesse contexto, o papel da União Europeia como um mercado exportador para a China “poderia potencialmente se tornar mais central”. Caso países de fora da UE fechem mais mercados para produtos chineses, Pequim poderia redobrar esforços para exportar à UE, exacerbando o impacto sobre a Europa em termos de pressões desinflacionárias crescentes, a perda de competitividade nos setores avançados manufatureiros e um corte na parcela tanto na produção quanto nas exportações manufatureiras. Com isso, o boletim defende uma resposta política europeia “cuidadosamente calibrada” para garantir um campo justo de disputa.

Fonte: Estadão Conteúdo

VEJA TAMBÉM:

ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM