China habilita 38 frigoríficos brasileiros para exportar carne

Entre as 38 plantas habilitadas, 25 são produtoras de carne bovina, nove de carne de aves e uma unidade de carne bovina; Esta é a maior quantidade de plantas autorizadas de uma só vez na história; confira a lista

Em um marco histórico nas relações comerciais sino-brasileiras, a China anunciou a habilitação de 38 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina, de aves e suína. Esta é a maior quantidade de plantas autorizadas de uma só vez na história, um passo significativo que fortalece os laços comerciais entre os dois países.

Entre as 38 plantas habilitadas, 25 são produtoras de carne bovina, nove de carne de aves e uma unidade de carne bovina termoprocessada. Além disso, foram autorizados quatro entrepostos, incluindo um de carne bovina, dois de frango e um de suínos. As previsões do governo brasileiro são otimistas, esperando que essas novas habilitações gerem um incremento de R$ 10 bilhões à balança comercial do país.

O processo de habilitação teve início em dezembro de 2023, quando auditores chineses realizaram inspeções em 18 frigoríficos brasileiros. Após essa etapa, outras 29 plantas foram auditadas por videoconferência em janeiro do ano seguinte. Das 44 empresas inspecionadas, 38 receberam autorização para exportar, enquanto as demais não foram avalizadas devido a documentação incompleta, de acordo com informações apuradas pelo Globo Rural.

Uma lista divulgada mostra os estabelecimentos habilitados a partir desta terça-feira (12/3), incluindo empresas como Seara, JBS, entre outras. Confira a lista abaixo:

  • Beauvallet Goiás Alim. Ltda em Inhumas/GO
  • Minerva S.A. em Araguaína/TO
  • JBS S/A em Santana do Araguaína/PA
  • Prima Foods S.A em Cassilândia/MS
  • Mercurio Alimentos S/A em Xinguara/PA
  • FTS – Frigorífico Tavares da Silva Ltda em Xinguara/PA
  • Marfrig Global Foods em Bataguassu/MS
  • Frigorífico Better Beef Ltda em Rancharia/SP
  • Ind. Frig. Boa Carne Ltda em Colíder/MT
  • Boibras Indústria e Comércio de Carnes e Sub-Produtos Ltda em São Gabriel do Oeste/MS
  • Distriboi – Indústria, Comércio e Transporte de Carne Bovina Ltda em Ji-Paraná/RO
  • JBS S/A em Naviraí/MS
  • Pantaneira Indústria e Comércio de Carnes e Derivados Ltda em Várzea Grande/MT
  • JBS S/A em Confresa/MT
  • Frigorífico Rio Machado Indústria e Comércio de Carnes SA em Ji-Paraná/RO
  • JBS S/A em Alta Floresta/MT
  • Minerva S.A. em Janaúba/MG
  • JBS S/A em Campo Grande/MS
  • JBS S/A em Pimenta Bueno/RO
  • Prima Foods S.A. em Santa Fé de Goiás/GO
  • JBS S/A em Diamantino/MT
  • JBS S/A em Pontes e Lacerda/MT
  • Dip Frangos S.A. em Capanema/PR
  • Jaguafrangos Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. em Jaguapitã/PR
  • Cooperativa Central Aurora Alimentos em Guatambú/SC
  • BRF S.A. em Chapecó/SC
  • Avenorte Avícola Cianorte Ltda em Cianorte/PR
  • Plusval Agroavícola Ltda em Umuarama/PR
  • Cooperativa Central Aurora Alimentos em Itajaí/SC
  • Seara Alimentos Ltda em Santo Inácio/PR

Esta iniciativa surge em um momento importante, já que em 2024 o Brasil e a China celebram 50 anos de relações diplomáticas. O mercado chinês é um dos principais destinos das exportações brasileiras de carne bovina, suína e de frango. Antes dessas novas autorizações, o Brasil contava com 106 plantas habilitadas para exportação para a China, distribuídas entre carne de aves, bovinos, suínos e asininos. Com as novas habilitações, o total sobe para 144 unidades.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou a importância desse marco nas relações entre os dois países, agradecendo ao governo chinês pela confiança estabelecida. Fávaro também ressaltou o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo, reconhecendo sua dedicação à diplomacia e ao fortalecimento dos laços comerciais com a China. Este anúncio representa não apenas um avanço na cooperação comercial, mas também uma oportunidade para impulsionar ainda mais o setor agropecuário brasileiro.

O governo da China acaba de anunciar o estabelecimento de 38 novas plantas comerciais de carnes brasileiras para comercializar com aquele país. É um recorde histórico, um momento muito especial“, disse em postagem nas redes sociais. “Esse é um momento importante para os dois lados. A China vai receber carnes de qualidade, com preço competitivos, com a garantia dos produtos à sua população e a certeza que vai ampliar suas relações comerciais com Brasil também, vendendo produtos chineses à nossa agropecuária”, mencionou o ministro. “Esse é um dia histórico para a relação Brasil-China, um dia histórico para a nossa agropecuária“, completou.

exportar carne
Foto: Divulgação

Fim do antidumping

Recentemente, após a atuação do governo brasileiro, a China notificou o Brasil sobre a não renovação da medida antidumping que vinha sendo aplicada desde 2019 às exportações brasileiras de carne de frango.

A medida, que impunha uma sobretaxa variando entre 17,8% e 34,2% conforme a empresa exportadora, deixou de vigorar no dia 17 do mês passado.

Com o fim da decisão, as exportações de frango do Brasil se tornaram mais competitivas no mercado chinês, criando também oportunidades para outros produtores brasileiros. Mesmo com frigoríficos habilitados, os produtores não conseguiam competir efetivamente devido aos direitos antidumping que eram impostos.

Número de emissões de habilitações em um único anúncio é o maior já registrado na história

Análise do especialista sobre a nova liberação

Nós solicitamos a opinião do zootecnista Fabiano Tavares, da PNM Trading, especialista e trader da bolsa de valores (B3). Segundo ele é uma notícia que de imediato é boa, mas é preciso entender a fundo o desenrolar do mercado.

“O mercado já sabia que a notícia iria sair a qualquer momento, então a Bolsa de Valores precificou isso e antecipadamente, e nos últimos 11 dias subiu 4%. Quem lucrou com essa alta, já está colocando o lucro no bolso, impossibilitando o contrato do boi de subir mais nesse momento, bem como vários pecuaristas estavam esperando esse momento para travar, então essa trava também segura o mercado para uma possível alta mais expressiva.” – disse o especialista.

Ainda segundo Fabiano o valor pago hoje pela China estão em níveis muito baixos, em torno de 4 mil dólares a tonelada, já tivemos preços de 8 mil no passado. Esse valor baixo faz a China hoje ser somente o quinto melhor mercado para exportação, onde Chile, Europa, oriente médio e EUA, sejam mais atraentes.

Fabiano diz que a pergunta que pode mudar o rumo de tudo é:

A China praticamente dobrando as plantas habilitadas e por consequência dobrando seus fornecedores, vai manter os preços ou baixar mais? Se ela baixar, com certeza o mercado se comportará da seguinte forma:

  1. Se houverem boas ofertas de animais China, o preço vai cair e os frigoríficos vão manter a margem de lucro;
  2. Se não houverem ofertas suficientes, o preço dos animais China sofrerão leve alta ou ficarão estáveis, porém a margem dos frigoríficos vai cair. Até quando irão trabalhar com margens pequenas ou negativas?

Resumidamente essas são as possibilidades do mercado e provavelmente enquanto a economia brasileira e mundial não melhorarem, enquanto o Brasil e a Austrália estiverem em ciclo de baixa, enquanto o dólar estiver baixo, não há possibilidade de altas expressivas e cair o preço não está fora do radar.

Escrito por Compre Rural.

VEJA TAMBÉM:

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM