Um grande prejuízo tem acontecido em torno de uma das maiores plantas da JBS, com capacidade de abate de 2.500 cabeças, e o motivo é o embargo da China. Confira abaixo!
Os embarques de carne bovina ao mercado externo, estão se mostrando cada vez mais importantes para a balança comercial do país. Entretanto, o maior parceiro comercial do país, a China, vem causando alguns entraves econômicos ao setor após o embargo de algumas indústrias frigoríficas pelo país. Uma das mais penalizadas, a JBS, teve a sua maior planta habilitada a exportação embargada pelos asiáticos.
A decisão da China de suspender as importações de carne bovina da unidade da JBS em Mozarlândia (GO), no Vale do Araguaia, vem saturando o mercado de animais prontos para abate da região, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Mozarlândia, Belchior Machado, em matéria ao Estadão Conteúdo.
Sem muitas informações, e com um caráter de urgência, os comunicados enviados pela Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) anunciou a suspensão de importações de carne bovina da unidade da JBS em Mozarlândia (GO), conforme comunicado no site oficial publicado no dia 23 de março.
O país asiático vem suspendendo, desde 2020, as compras de frigoríficos de vários países. A justificativa seria o maior controle sanitário, em razão da pandemia da covid-19.
Os embargos realizados pelos asiáticos em importantes regiões pecuárias, causou grande estranheza das indústrias brasileiras que, desde o início da pandemia, estão trabalhando afim de assegurar um produto com a máxima segurança aos seus mais diversos clientes. Além disso, a própria OMS, já havia notificado que não há risco da transmissão do COVID-19 através dos alimentos.
Essa não é a primeira vez que a gigante asiática utiliza essa estratégia. No último mês de abril, diversas foram as unidades que sofreram com essas “penalidades”. Esse fato traz grande insegurança para as unidades que trabalham com o mercado externo, fato esse que tem gerado reflexos no mercado físico do boi gordo.
Nota 1: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o coronavírus não consegue ser transmitido por meio dos alimentos. O vírus só sobrevive e se multiplica em um animal vivo e em humanos.
Prejuízo a região
Segundo Belchior Machado, há mais de 60 dias a unidade está sem abates. “Está improdutiva. Assim, a oferta de bois gordos se acumula na região, com mais de 200 mil animais terminados”, afirmou Machado.
Para Machado, a perda para os pecuaristas diante da situação é alta, já que, segundo ele, a capacidade de abate desta unidade é de cerca de 2,5 mil animais/dia. “Tem muito produtor com um prejuízo enorme”, assinala.
Em boletim da última segunda-feira (16), a consultoria IHS Markit confirmou que, diante da situação, há muito gado terminado na região de Mozarlândia sendo enviado a Estados vizinhos, sobretudo São Paulo e Mato Grosso do Sul. “O movimento está pressionando ainda mais os preços do boi gordo em ambos os Estados”, disse a consultoria, no boletim.
Comunicado do CEO Global da JBS
Esta unidade da JBS foi suspensa pelos chineses em 11 de março, inicialmente por uma semana, mas, depois, em 24 de março, a Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) manteve a suspensão por tempo indeterminado.
Em entrevista no dia 11 de maio, antes da divulgação dos resultados financeiros da JBS no primeiro trimestre de 2022, o CEO Global da empresa, Gilberto Tomazoni, afirmou que a unidade havia passado por uma nova inspeção para a retomada dos embarques. Na ocasião, ele comentou que a expectativa era de que a unidade voltasse a exportar carne bovina para a China “rapidamente”.
Nota 2: O órgão chinês também requisitou que sejam seguidas as diretrizes de prevenção à covid-19 emitidas pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) "para evitar a contaminação do novo coronavírus e garantir a segurança dos produtos à base de carne exportados para a China".
China é maior destino da carne bovina
A China é o maior importador da carne bovina e suína do Brasil e o segundo maior destino das exportações de frango. A expectativa é que a suspensão não se prolongue por muito tempo, ou que, na pior das hipóteses, que não se espalhe para outras unidades.
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As exportações brasileiras de carne bovina seguem registrando bom desempenho neste ano, sobretudo à China. Segundo dados da Secex, nos quatro primeiros meses de 2022, foram embarcadas 710,99 mil toneladas de produtos de origem bovina (in natura, industrializada, miúdos entre outros), volume 27% maior que o do mesmo período de 2021.
Para a China, especificamente, os envios de carne bovina somaram 341,39 mil toneladas nos quatro primeiros meses de 2022, forte crescimento de 37% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Diante disso, a China foi destino de 48,02% do total de carne bovina exportado pelo Brasil neste ano, acima da parcela observada no mesmo período de 2021, que era de 44,62%, e também da verificada em 2020, de 37,1%, ainda de acordo com dados da Secex.