Mercado chinês tem um ‘apetite voraz’ por carne bovina e, sozinha, garantiu cerca de 60% da receita e 53,3% do volume da carne bovina exportada; Brasil obteve uma receita de US$ 13,091 bilhões no ano passado e movimentou 2.344.736 toneladas.
As exportações totais de carne bovina em 2022 cresceram 42% na receita e 26% no volume e são as maiores da série histórica do produto no país (carne in natura + carne processada). As informações são da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), que compilou os dados da Secex – Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia, além dos levantamentos realizados pela equipe do Compre Rural, junto a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC). Segundo os dados, a China comprou 1,3 milhões de t de carne brasileira, um recorde!
A indústria da carne é de extrema importância ao Brasil e ajuda a movimentar a nossa economia de uma forma bastante significativa. As Exportações de Carne ocupam a 6ª colocação no Ranking dos Principais Produtos Exportados pelo Brasil. As exportações de carne bovina do Brasil confirmaram e mantiveram um ritmo de alta em 2022 após os bons números em 2021.
Cenário foi apoiado diante de uma continuidade na forte demanda da China e de perspectivas positivas com Rússia, Estados Unidos e Indonésia. Ainda, segundo a Abrafrigo, as vendas para o mercado externo foram, portanto, o principal fator positivo para o segmento em 2022. Visto que o mercado interno permaneceu em patamares semelhantes aos vistos em 2021.
Aproveitando a boa maré do mercado mundial, principalmente do mercado chinês que representou mais da metade das vendas, tanto nos preços (60,9%) como nos volumes (53,3%), o Brasil obteve uma receita de US$ 13,091 bilhões no ano passado e movimentou 2.344.736 toneladas. Em 2021 a receita foi de US$ 9,237 bilhões e o volume de 1.867.574 toneladas.
Em dezembro, segundo a ABRAFRIGO, as exportações totais proporcionaram uma receita de US$ 850,3 milhões, 17% de alta em relação aos US$ 726,8 milhões do mesmo mês de 2021. Foram movimentadas 186.084 toneladas contra 151.573 toneladas em dezembro de 2021. A China comprou, sozinha, 99.744 toneladas no último mês do ano.
Já no somatório das exportações totais de 2022 – vide imagem do gráfico abaixo – é possível ver que a China e Hong Kong, juntas, somaram cerca de 1,3 milhão de toneladas de carne bovina exportadas. A título de comparativo, o mercado e chinês em 2021 levou apenas 0,9 milhão de toneladas de carne bovina.
Depois da China, os Estados Unidos foi o maior comprador da carne bovina brasileira, proporcionando uma receita de US$ 904,1 milhões, com movimentação de 173.141 toneladas. No ano passado, a receita foi de US$ 801,7 milhões e a exportação de 117.805 toneladas, crescendo, respectivamente, 12,8% e 47%.
No terceiro lugar ficou o Chile, mesmo com queda nas compras em relação a 2021: as exportações proporcionaram receita de US$ 360,1 milhões (- 29,2%) para uma movimentação de 71.858 toneladas (-27,5%). Já o Egito ocupou a quarta posição, com receitas de US$ 354,4 milhões (+62,1%) e movimentação de 99.994 (+69,7%) toneladas em 2022, contra US$ 219,8 milhões e 55.399 toneladas em 2021.
Também com quedas na movimentação, Hong Kong ocupou a quinta posição: em 2021 a receita alcançou a US$ 793,7 milhões e caiu para US$ 308,9 milhões em 2022 (- 61,1%).
Já a movimentação foi de 206.468 toneladas em 2021 para 88.535 toneladas em 2022 (- 57,1%), o que foi amplamente compensado pela elevação das compras da China pelo continente. No total, em 2022, 110 países aumentaram suas aquisições da carne bovina brasileira enquanto que outros 57 reduziram.
O que explica então esse movimento tão descolado das fortes altas observadas no ano passado? Veja o que disse a Lygia Pimentel, na sua coluna da Revista Forbes
Em primeiro lugar, o Brasil tem aumentado a sua produção de carne como parte do ciclo pecuário. Já comentamos anteriormente nesta coluna o processo que, basicamente, responde a uma retroalimentação direcionada pelos preços. Ou seja, altos preços registrados para o boi gordo entre 2020 e 2021 estimularam o produtor a investir, trazendo agora os efeitos desse aumento produtivo: preços em queda por mais oferta.
Já o varejo, por incrível que pareça, não conseguiu acompanhar a alta do boi ao longo dessa trajetória recente de alta. Enquanto o boi subiu 66% entre 2020 e 2021, o varejo repassou 54% dessa alta, de modo que a resistência em baixar os preços agora sugere a recomposição das margens com a venda de carne bovina.
Por fim, as exportações são importante parte da composição da demanda pela carne bovina, já que respondem por 30% da produção. Entretanto, o grande direcionador de preços continua sendo a oferta de animais para o abate, que é determinada pelo ciclo pecuário.
Dessa forma, qualquer política que mire os preços e não incentive a produção será um grande erro econômico a ser pago pelo menor acesso da população ao produto; vide Argentina, que viu seu consumo per capta de carne cair ao menor nível dos últimos 100 anos, após política de limitação às exportações. Os preços são sempre o sintoma e não a doença.
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Recorde não garante cenário positivo para 2023, aponta Abrafrigo
Segundo a ABRAFRIGO, esse quadro não deve se repetir em 2023, principalmente em relação aos preços obtidos no ano passado, porque nos últimos meses houve uma intensa renegociação dos valores com o mercado chinês, com o produto brasileiro apresentando quedas de mais de 10% nos valores médios, que se mantiveram elevados graças aos patamares das cotações do começo do ano passado.
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