Autorização mexe nos preços e é comemorada pelos agricultores brasileiros. A China deve importar 18 milhões de toneladas de milho no ano safra 2022/23 que começou em outubro, segundo o Ministério da Agricultura.
As notícias dessa semana são animadoras para os agricultores que estão focados no futuro dos preços da safra de milho. Finalmente saiu a autorização para exportar milho para a China e isso mexeu no mercado de exportação, segundo informações divulgadas pela TF Agroeconômica. As aprovações podem remodelar os fluxos globais de comércio e resultar em menos vendas para produtores dos Estados Unidos, principal fornecedor mundial de milho.
A alfândega chinesa atualizou sua lista de exportadores de milho brasileiros aprovados na última quarta-feira, uma medida que uma autoridade agrícola do Brasil diz que pode impulsionar a venda de milho brasileiro para a China.
A China dependia dos Estados Unidos e da Ucrânia para a maior parte de seu fornecimento de milho, mas a invasão da Rússia à Ucrânia afetou as exportações. Importações mínimas pela China do Brasil podem começar em breve, mas grandes envios não são esperados até a próxima colheita brasileira começar no início de 2023, disse Craig Turner, corretor de grãos da StoneX.
“É uma boa alternativa para o Brasil ter esses mercados para colocar o nosso produto“, disse Glauco Bertoldo, diretor do departamento de inspeção de produtos de origem vegetal do Ministério da Agricultura do Brasil.
Ele disse em uma entrevista que a lista de instalações brasileiras aprovadas para exportar milho à China pode ser atualizada para incluir mais unidades nas próximas semanas. O Brasil também enviou a Pequim uma lista de instalações aprovadas para exportar farelo de soja, que ainda não foi publicada pelas autoridades alfandegárias chinesas, disse Bertoldo.
A nova lista no site da Administração Geral de Alfândega da China incluiu 136 instalações de exportação de milho, disse Bertoldo, incluindo instalações da Archer-Daniels-Midland Co, Bunge Ltd, Cargill, Louis Dreyfus Company e Cofco International.
Pequim e Brasília assinaram um protocolo para a exportação de milho do Brasil à China em 2014, mas pouco comércio aconteceu por causa de exigências complexas de inspeção.
Os países concordaram com um protocolo revisado durante negociações em maio, apenas meses depois de a Rússia invadir a Ucrânia em fevereiro. A China deve importar 18 milhões de toneladas de milho no ano safra 2022/23 que começou em outubro, segundo o Ministério da Agricultura.
Importações da China da Ucrânia caíram para menos de 2.000 toneladas em setembro deste ano, deixando-a dependente dos EUA para o grosso de seus fornecimentos estrangeiros.
Questionamentos importantes
Segundo Agrinvest, é importante se atentar para alguns questionamentos sobre esse novo mercado para o milho brasileiro. “Difícil dizer um número, mas se poderia apontaria: 1) a cota de importação sem tarifa de 7,5 milhões de toneladas para esse ano já estourou; 2) a importação de milho fora da cota não dá conta. O milho chegaria na China mais caro que o preço local e; 3) para a safrinha de 2023 o volume pode deslanchar, o que vai tirar volume dos EUA – negativo para a CBOT e 4) qual será o prêmio que o mercado vai assumir (milho China). Se esse prêmio existir e se for alto, a demanda dos demais compradores migraria para os EUA? Essas são questões importantes, uma vez que poderia afunilar muito os negócios, os corredores de exportação e a precificação no interior”, indica a consultoria.
Brasil deve ter recorde na safrinha de milho
O Brasil deve registrar um novo recorde na produção da ‘safrinha’ de milho, a safra de inverno, no ciclo brasileiro 2022/23. A maior parte desse aumento deverá ser puxada pela expansão da área destinada ao cereal. Nos últimos anos, registrou-se um firme crescimento da área plantada, tendência que deve continuar sendo observada. Estima-se um aumento de 3,6% do número brasileiro em comparação com a temporada 2021/22, para 17,9 milhões de hectares
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
De acordo com a estimativa da StoneX, de 99,1 milhões de toneladas, 4,5% acima do estimado para a safra 2021/22. O analista de inteligência de mercado da StoneX, João Pedro Lopes, salienta que ciclo de inverno é mais arriscado e que as estimativas estão sujeitas a revisões significativas.
Desse modo, a estimativa para a safra de verão 2022/23 de milho caiu para 28,6 milhões de toneladas, contra 29,25 milhões no relatório anterior. Por outro lado, o número segue acima do observado na temporada passada, em 8,1%.