Cerca de 80% dos produtores estão em algum quadro de endividamento

“Dados do Serasa de 2023 já apontavam que um terço dos cinco milhões de produtores rurais brasileiros já estava inscrito nos órgãos de proteção ao crédito”

No último sábado dia 18 de maio foi realizado no em Goiânia o 1º Agro em Debate: Reestruturação Financeira no Agronegócio. O evento contou com a participação de renomados especialistas, desde gestores de fazenda e analistas de mercado de grãos e boi até contadores e advogados.

Organizado pelo escritório João Domingos Advogados Associados, parceria com a Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio (ABDAGRO) e o Raphael Barra, da BR Fazendas, o evento teve como mote oferecer ao produtor rural ferramentas necessárias, estratégias de mercado e compartilhamento de vivências com outros profissionais do setor que enfrentam os mesmos desafios, para que juntos possam superar oscilações futuras no agronegócio.

Segundo o CEO do JD AGRO, Dr. Leandro Marmo, aproximadamente 80% dos produtores rurais de todo o Brasil estão em algum quadro de endividamento.

Leandro-Marmo-CEO-da-JD-AGRO
Foto: Divulgação

“A gente viu que no pós pandemia, o produtor acabou que, como bom empreendedor que é, vendo um cenário otimista, soja subindo, margem de lucro, então quis aumentar a sua produção e para isso teve que aumentar a sua terra, comprar ou arrendar mais terra, comprar mais maquinários, fazer correção de solo e para isso tomou muitos empréstimos, pois, no momento tinha uma capacidade de pagamento. Quem tinha capacidade de pagamento de até então 1 milhão por ano falou então agora se eu aumentar minha margem posso assumir um compromisso de 10 milhões no ano, só que isso ele não fez pelo ano seguinte, fez pelos próximos cinco, dez anos ou mais e essa ótima margem que ele estava tendo em 202 /2022 derreteu em 2023/2024 com a redução significativa do preço das commodities e com manutenção ainda expressiva do custo de produção e já teve uma ponta do icebergue e, para arrematar de vez, foi o El Niño nesta safra 23/24”, explicou.

E, segundo o especialista, o cenário atualmente é de um produtor endividado e com uma rentabilidade anual insuficiente para conseguir pagar todos os compromissos financeiros que ele assumiu. Um cenário que abrange cerca de 80% dos produtores rurais de todo o Brasil. E, segundo outros especialistas da área, podem levar de três a cinco anos para o produtor conseguir se reequilibrar novamente.

“O ponto é que para ele sair dessa situação não tem uma bala de prata, não é só ele passar a plantar 100 sacos de soja por hectare, não só rezar para a soja bater R$ 150, ele precisa olhar para trás, para dentro de ver quais os principais pilares que pode e deve melhorar para conseguir ficar mais eficiente e rentável. Então ele tem que ter uma gestão financeira de precisão, uma gestão de pessoas, precisa evoluir em todos os aspectos e é por isso que a gente no evento os principais profissionais da área para compartilhar insights e informações importantes da área”, destacou.

Dados do Serasa de 2023 já apontavam que um terço dos cinco milhões dos produtores rurais brasileiros já estava inscrito nos órgãos de proteção ao crédito. E, outro problema, segundo Dr. Marmo é que os juros foram aumentando muito então a dívida do produtor aumenta ano a ano e, na hora que o produtor chega ao banco para poder renegociar ele precisaria o banco fala que tem que pagar em um ano e fora que não tem mais aquele juro subsidiado, tem situação de contrato com mais de 40% de juros ao ano.

“Por isso a importância de um trabalho como o nosso como o jurídico para que o produtor não caia nas armadilhas do ‘salve se quem puder’. O produtor tem um caráter muito grande e às vezes na hora de enfrentar o banco acaba tendo uma relação abusiva e assim vira uma bola de neve, a conta não fecha. Por isso é importante solucionar dívidas e entender o que falhou para tratar a causa. Fazer uma boa eficiência na gestão administrativa, financeira e de pessoas”, explicou.

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