Cenários para arroba nessa semana, #preçodespencando

Dilema do produtor diante de um mercado louco após uma vaca louca: se vender, prejuízo; se segurar, prejuízo até duplo e de mais de R$ 300/cab.

Infelizmente, mais uma semana inicia sem uma solução para o mercado da exportação chinesa. Com grande instabilidade e um silêncio da gigante asiática, responsável por quase 60% do volume de carne bovina que é exportada pelo Brasil, as grandes indústrias seguem pressionando negativamente os preços da arroba no campo. Mas afinal, qual o cenários o pecuarista pode esperar para essa semana?

Com certeza não há dúvidas, o cenário será desafiador para os pecuaristas neste momento, independente do sistema ou volume de animais a ser negociado. O tombo nos preços já alcançaram o patamar de R$ 17,00/@ no mês de setembro, conforme apontado aqui no Compre Rural com os dados da Agrobrazil.

Após a queda R$ 17,00/@ ao longo de setembro para o boi gordo, boa parte das indústrias estão fora das compras já com escalas de abate prontas para atender à demanda doméstica com a virada de mês – antes uma grande oportunidade de alta dos preços. A situação se complica com os quase 30 dias de paralisação das exportações de carne bovina à China, depois dos dois casos de vaca louca atípica em Minas e Mato Grosso.

O cenário não é promissor, já que o feriado na China impõe mais alguns dias de paralisação das exportações e escalas confortáveis, além daquelas que entraram em férias coletivas. Além disso, como dito, o gigante asiático está em feriado nacional, iniciado em 01 de outubro, que se estenderá até 7 deste mês, ou seja, até lá o mercado segue em expectativa.

Os frigoríficos têm pouca necessidade de bois, diante do mercado interno e os externos sem os mesmos volumes chineses, e ainda contam com o estoque disponível aumentando. Confira abaixo o que esperar desta semana em relação aos preços da arroba no campo!

No acumulado de setembro (até o dia 30), o Indicador CEPEA/B3 do boi gordo registra baixa de R$ 21,15/@ nos últimos 30 dias de avaliação do Indicador. Trata-se da variação negativa mensal mais intensa desde janeiro de 2020, quando a queda no acumulado foi de 7,8%. O fechamento de sexta-feira deixou o valor apregoado em R$ 292,25/@. (Veja o gráfico abaixo)

Cenário é de prejuízo no campo

Ao longo desta semana, não é esperada uma posição oficial do governo da China, confirmando a retomada dos embarques de carne bovina ao país asiático, disparado o maior cliente mundial da commodity brasileira. Com isso, cresce o prejuízo dos pecuaristas!

Enquanto a China não retoma as importações de carne bovina do Brasil, o mercado pecuário permanece tenso, com os frigoríficos remanejando suas escalas de abates e os pecuaristas “enfrentando custos elevadíssimos de manutenção dos animais nos confinamentos”, completou o analista.

Não tem pasto ainda. Então, tem que levar para o cocho. E os custos se avolumam, com as rações e suplementos. Juca Alves, de Barretos, mandou até vaca parida para o confinamento. O segundo prejuízo vem se são bois castrados. Como lembra o produtor, são animais que atingem mas rápido o peso e depois não tem como segurá-los mais sem perder dinheiro.

E se são bois inteiros, melhor se forem jovens, porque o ritmo de crescimento fica alinhado com o manejo no curral. Mas se for gado mais velho, também vai se desvalorizando. “O jeito daqui para frente vai ser trabalhar bem a reposição”, diz Alves, complementando que esse período está sendo um dos mais desafiadores para a pecuária.

“Os animais que estavam com dias contados no cocho já estão ficando mais dias na engorda, porém o valor da arroba despencou e os custos de produção aumentaram. O que gastamos com os animais nesses vinte dias que ficaram a mais no confinamento não vamos ter retorno na venda do gado, sendo que nós acreditamos que um animal vai dar de R$ 300,00 a R$ 400,00 de prejuízo”, comentou Renato Esperidião.

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 288,85/@, na sexta-feira (01/10), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 283,84/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 287,62/@.

Escalas avançam enquanto a arroba recua

As escalas encerram a semana se alongando, a média nacional se encontra com 8 dias de abates programados, um dia útil a mais que a semana passada. Veja:

  • Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 10 dias úteis já programados, avançando 2 dias no comparativo semanal.
  • Em Goiás, os abates estão programados para 12 dias úteis, um aumento de 3 dias no comparativo semanal.
  • Os frigoríficos mineiros encerraram a sexta-feira com as escalas avançando 2 dias em comparação a semana passada, na casa dos 10 dias úteis já preenchidos.
  • Em Tocantins, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul as indústrias fecharam a semana com 7 dias úteis programados.

China recusou reunião com Brasil

O Ministério da Agricultura informou durante a última semana que solicitou uma reunião técnica com a China para discutir o embargo à exportação de carne bovina, mas que não conseguiu uma data para o encontro.

Autoridades chinesas disseram à Pasta que estão analisando as informações enviadas, referentes aos dois casos atípicos do mal da “vaca louca” registrados em Minas Gerais e Mato Grosso.

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