Com menor consumo de carne bovina, Marfrig, 2º maior frigorífico do Brasil e maior produtor mundial de hambúrguer espera redução do abates de gado.
A piora das perspectivas para a economia brasileira, uma crise logística em escala global e incertezas quanto ao futuro das exportações para a China, principal destino das exportações de carne bovina, tem feito a indústria frigorífica trabalhar com cautela no mercado interno. Foi o que afirmou, na quarta-feira (27/10), o diretor-presidente da Marfrig na América do Sul, Miguel Goularte.
“Como a situação da China tem um grau de indefinição muito grande, no sentido de quando vai voltar, isso faz com que os frigoríficos não tenham uma escala muito alongada porque não sabem o que vai acontecer e, também, por sua vez, o produtor resiste um pouco a vender uma arroba que está em queda. Esse sistema faz com que a cautela seja o principal drive do momento eu estamos vivendo atualmente”, explicou o executivo durante teleconferência de apresentação de resultados da companhia.
Embora tenha registrado um lucro líquido de R$ 1,67 bilhão no último trimestre, 148,7% superior ao registrado em igual período do ano passado, o segundo maior frigorífico do Brasil e maior produtor mundial de hamburgueres viu a margem da sua operação brasileira encolher 56,4%, passando de 10,1% no terceiro trimestre do ano passado para 4,4% de julho a setembro de 2021 – resultado atribuído pela companhia ao aumento do custo do boi gordo no Brasil e à suspensão das exportações para a China desde 4 de setembro.
Com o menor consumo de carne bovina em quase 30 anos no Brasil, a companhia trabalha com a previsão de uma nova queda na ordem de 10% no volume de abate do país este ano. “Na prática, o que nós estamos tendo, em vista na situação atual, é que nós temos uma economia em recessão e essa economia em recessão fez com que o consumo per capta caísse ao menor nível. Estamos falando de algo da ordem de 25 quilos por habitante ao ano ou menos”, completou Goularte.
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Ainda segundo o executivo, a companhia não espera nenhuma grande reação do mercado nos próximos trimestres – incluindo 2022. “O que vemos, sim, é um dólar competitivo e, à medida que o Brasil tenha os destinos de exportação restabelecidos, como o caso da China, devemos ver uma corrente comercial bastante robusta no início de 2022”, pontuou Goularte sem descartar possíveis entraves logísticos no caminho.
“O caos logístico ficou pra trás, mas não porque o problema foi solucionado ou porque temos hoje disponibilidade de contêineres e navios. Ficou pra trás porque a exportação produzida reduziu muito e isso reajustou a oferta logística com procura logística. Então isso [aumento das exportações] vai depender ainda de como se apresente essa situação no início de 2022”, completou o diretor-presidente da Marfrig.
Fonte: Revista Globo Rural