O melhor poder de compra foi em 2017, em que o consumidor comprava 301,75 litros de leite longa vida com um salário. Atualmente, compra-se 242,71 litros
O preço do leite longa vida nas gôndolas dos supermercados bateu nos R$9,00 por litro.
Os motivos para aumento tão expressivo estão claros.
Nos últimos meses, as bacias leiteiras do Sul do Brasil sofreram seca intensa, devido ao fenômeno climático La Niña, que prejudicou a produção de alimentos – pastagens e grãos.
Além disso, os custos de produção aumentaram, com os preços do milho e da soja – principais insumos utilizados na alimentação de bovinos – subindo, o custo do frete, a alta dos preços dos defensivos, fertilizantes, a valorização do dólar, além da quebra da primeira safra no Brasil (2021/22).
Em função disso, muitos produtores de leite desistiram da atividade, uma vez que as margens, já apertadas, ficaram ainda menores, resultando em prejuízo para muitos. A produção caiu.
Com isso, os preços vigentes no campo, pagamento ao produtor pela matéria-prima, subiram e estão sendo repassados na comercialização do leite e seus derivados no atacado.
Quanto ao leite no varejo, a fim de comparação, trouxemos os preços nominais e reais (figura 1).
O preço atual (junho) é o recorde considerando o preço deflacionado do leite longa vida. Os recordes anteriores aconteceram em junho de 2009 e outubro de 2020.
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Como fica o consumidor?
Ao compararmos os preços médios nominais anuais com os respectivos salários-mínimos, atualmente o poder de compra do consumidor, apesar do aumento recorde, não é o pior do período entre 2002 e 2022 (até junho). Veja na figura 2.
Em 2002, o consumidor compraria, com um salário-mínimo, 168,33 litros de leite. Atualmente, compra-se 242,71 litros.
O melhor poder de compra foi em 2017, em que o consumidor comprava 301,75 litros de leite longa vida com um salário.
Qual o horizonte para o preço do leite?
No curto prazo, a diminuição da captação de leite brasileira deve continuar agindo.
Vemos uma possível diminuição no preço do milho, com o aumento da oferta com o avanço da colheita, entretanto, não é esperado que seja um recuo expressivo, devido à menor oferta no mercado internacional.
Não se vê o fim da guerra no leste europeu, a fim de normalizar o fornecimento de grãos e fertilizantes.
O período seco do ano vai até outubro e até lá a qualidade das pastagens será baixa, assim como a quantidade produzida.
Assim, a expectativa é de mais aumentos no preço do leite pago ao produtor. Consequentemente, os preços no varejo devem acompanhar esse movimento no curto e médio prazo até a reversão do quadro pintado nessa carta.
Fonte: Scot Consultoria