Carta Grãos – Tem onde guardar?

A produção de grãos está estimada em 322,4 milhões de toneladas, superando em 8,2% a safra de 2023/2024, destacando as regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Outra vez os números confirmam o Brasil como um dos maiores produtores de grãos do mundo. Por 15 anos seguidos a área cultivada cresceu. Para a safra de 2024/2025 estão estimados 81,39 milhões de hectares, um aumento de 1,8% em relação à safra passada. A produção está estimada em 322,4 milhões de toneladas (tabela 1), superando em 8,2% a safra de 2023/2024, destacando as regiões Centro-Oeste e Sudeste, cujo crescimento está estimado em mais de 10,0%.

O cenário é positivo quanto a quantidade produzida, mas e agora, tem onde guardar?

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A cada safra fica evidente um grande gargalo, o déficit de armazéns para grãos.

Tabela 1.
Produção de grãos* estimada para a safra 2024/2025, capacidade estática e déficit de armazenamento, em 2024, em mil toneladas.

Fonte: Conab. Elaborado por Scot Consultoria
*Produtos selecionados: Caroço de algodão, amendoim (1ª e 2ª safras), arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão (1ª, 2ª e 3ª safras), gergelim, girassol, mamona, milho (1ª, 2ª e 3ª safras), soja, sorgo, trigo e triticale.

A FAO recomenda que a capacidade de armazenamento deva ser 20,0% maior do que se é produzido anualmente. Segundo a Conab, o Brasil é capaz de armazenar apenas 64,3% da produção estimada para a safra atual. A capacidade estática de armazenamento está estimada em 207,4 milhões de toneladas, quando o ideal seria de 386,9 milhões de toneladas.

Da capacidade estática total de armazenagem, apenas 16,6%, ou 34,4 milhões de toneladas, estão em fazendas (tabela 2), nas áreas produtoras.

Tabela 2.
Capacidade estática total e capacidade estática em fazendas, em 2024, em mil toneladas.

Fonte: Conab. Elaborado por Scot Consultoria

Esse fato destaca outro problema, com a falta de infraestrutura o produtor fica sem ter onde secar, limpar e armazenar os grãos. A maior parte das unidades armazenadoras são de propriedade de traders e cooperativas e muitas vezes estão longe de onde o produto é produzido. Isso desencadeia uma série de desafios enfrentados pelo produtor, como problemas de logística, perdas durante o transporte, custo do frete e negociações limitadas.

O armazenamento próprio permite comercializar o produto no momento oportuno, tomar melhores decisões quanto à área semeada e momento da colheita, redução de perdas qualitativas e quantitativas, economia no transporte e um produto com melhor qualidade. Porém, a instalação de uma unidade armazenadora requer investimento alto.

Os produtores rurais e as cooperativas podem solicitar financiamento para ampliar, modernizar, reformar ou construir armazéns através do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), e a indústria nacional é capaz de atender a essa demanda, porém, o programa não atende a todos e não é exclusivo para armazéns de grãos, além de que é uma obra complexa e um investimento de longo prazo.

A capacidade de armazenamento de grãos, não acompanhou o crescimento da produção. Nos últimos 10 anos, a capacidade estática aumentou em 44,9 milhões de toneladas e a produção aumentou 113,8 milhões de toneladas (gráfico 1).

Grafico 1.
Evolução da capacidade estática de armazenamento e da produção de grãos, entre 2014 e 2024*, em milhões de toneladas.

Fonte: Conab. Elaborado por Scot Consultoria
*Estimativa para a safra de 2024/25

O déficit de armazéns reduz a competitividade da produção de grãos, prejudicando o desenvolvimento do interior brasileiro. Uma ação efetiva na solução desse problema deveria ser estratégia de estado, pois, além de conservar o alimento produzido, alavanca a produção. A infraestrutura tem que evoluir de acordo com a evolução da produção.

Fonte: Broadcast Agro

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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