Carta Conjuntura – Exportação e importação do agronegócio brasileiro

A receita proveniente da exportação do setor de carnes aumentou 11,4%, atingindo um recorde de US$26,2 bilhões.

As exportações do agronegócio brasileiro somaram US$164,4 bilhões em 2024, uma redução de 1,3% em relação a 2023.

A queda no valor da soja exportada (-19,8%) e do milho (-40,2%) foram os principais responsáveis pela retração. A produção caiu 6,7% em relação ao ciclo anterior, devido ao atraso das chuvas no início da semeadura, afetando a primeira e a segunda safra.

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Além disso, as safras de grãos nos Estados Unidos e na Argentina em 2024 resultaram em superávits, pressionando os preços internacionais (USDA, 2024). No caso do milho, a menor oferta, combinada com a alta demanda da indústria local, também reduziu o volume exportado em 2024.

Por outro lado, as importações do agronegócio cresceram 16,2%, alcançando US$19,3 bilhões.

figura 1 apresenta a balança comercial, em bilhões de dólares, no período de 2000 a 2024.

Figura 1.
Balança comercial do agronegócio, em bilhões de dólares.

Fonte: Agrostat/ Elaboração Scot Consultoria

Apesar das quedas mencionadas, o Brasil alcançou ganhos significativos em outros produtos do agronegócio (figura 2).

A receita proveniente da exportação do setor de carnes aumentou 11,4%, atingindo um recorde de US$26,2 bilhões. Houve crescimento nos embarques de carne bovina (21,7%), carne de frango (1,3%) e carne suína (7,4%). Outros produtos cuja exportação aumentou foram o açúcar-etanol (13,3%), fibras e produtos têxteis (60,0%), fumo e seus produtos (9,1%) e sucos (30,9%). 

No caso do açúcar e do suco de laranja, os preços subiram em 2024. Já a safra brasileira de algodão foi recorde (3,7 milhões de toneladas) contrastando com a redução da produção norte-americana e impulsionou as vendas da pluma para o exterior.

As exportações de café e de produtos florestais subiram 52,6% e 21,2%, respectivamente. 

Condições climáticas favoráveis e a alta nos preços internacionais contribuíram para o bom desempenho da exportação e o câmbio tornou o produto brasileiro mais competitivo.

No grupo de produtos florestais, composto por celulose, papel e madeira, os maiores ganhos foram impulsionados pelo crescimento da produção. Somente no primeiro semestre de 2024, a produção de celulose no Brasil foi 6% maior em relação a 2023.

Figura 2.
Exportações do agronegócio por produto, em bilhões de dólares.

*Outros: Fibras e produtos têxteis, tabaco, sucos, couro e seus produtos, frutas (inclui nozes e castanhas), animais vivos, cacau e seus produtos, pescados, lácteos. Fonte: Agrostat/Elaboração Scot Consultoria.

Quanto aos mercados de destino (figura 3), as exportações para a China apresentaram uma queda significativa de 16,4% em comparação ao ano anterior, totalizando US$10,5 bilhões. Esse declínio foi influenciado principalmente pela redução nas exportações de complexo soja e milho. Como resultado, a participação da China nas exportações do agronegócio brasileiro caiu de 36,2% para 30,2%.

A União Europeia e os Estados Unidos, que vêm atrás da China, aumentaram suas importações em 9,3% e 24,7%, respectivamente. 

Figura 3.
Dez principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro em 2024.

Fonte: Agrostat/Elaboração Scot Consultoria

Os fertilizantes representaram cerca de 30,0% da importação, uma queda de 9,0% em relação a 2023. Da mesma forma, a importação de pesticidas caiu 0,6% em comparação com 2023.

Em contrapartida, as importações de outros produtos aumentaram, como os saúde animal (18,5%), óleos vegetais (24,7%), trigo (+26,8%), produtos florestais (8,5%) e pescados (10,4%). As importações do agronegócio em 2024 foi a segunda da série histórica.

Expectativas para 2025

A perspectiva é de que a safra de grãos seja maior que a do ciclo anterior, alcançando cerca de 322 milhões de toneladas (Conab). Dessa forma, mesmo com os preços da soja e do milho abaixo dos níveis registrados entre 2020 e 2022, espera-se uma colheita suficiente para impulsionar as exportações de grãos.

Em relação às carnes, estima-se uma redução na produção de carne bovina, em consequência do elevado abate de fêmeas nos dois últimos anos. Por outro lado, a produção de frangos e suínos deve apresentar um fortalecimento.

A taxa de câmbio que deve continuar desvalorizando o Real favorecerá a comercialização dos produtos do agronegócio no exterior.

Por outro lado, o aumento no custo dos insumos importados pode reduzir as margens de lucro dos produtores.

O cenário geopolítico em 2025, ano em que os republicanos assumem a presidência dos Estados Unidos e promete uma série de tarifas de importação sobre diversos produtos.

Existe a possibilidade de uma nova rodada de aumento nas tarifas sobre produtos chineses, o que pode levar a retaliações da China contra os produtos agropecuários norte-americanos, beneficiando países como o Brasil e a Argentina.

Entretanto, a imposição de tarifas e restrições ao comércio pode desencadear um cenário de inflação elevada, resultando em juros mais altos e um crescimento global mais baixo.

De acordo com projeções do FMI, vários países já enfrentam uma expectativa de crescimento reduzido do PIB em 2025, com destaque para a China, que deve crescer 4,5%, frente a uma estimativa de 4,8% em 2024.

Outro ponto de cautela é o anúncio do Ministério de Comércio da China da abertura de uma investigação de salvaguarda com relação à carne bovina importada.

O pedido, iniciado em 27 de dezembro de 2024, inclui todos os países exportadores de carne bovina para a China e deverá abranger o período de 2019 até o primeiro semestre de 2024.

Como o Brasil é o principal fornecedor de proteína animal para a China, o governo brasileiro, em parceria com o setor exportador, precisará fazer um grande esforço para demonstrar que a carne bovina não prejudica a indústria chinesa.

O cenário do agronegócio brasileiro em 2025 apresenta oportunidades e desafios. Assim, o setor precisará adotar estratégias para reduzir riscos, fortalecendo a capacidade produtiva e se adaptando às mudanças geopolíticas e econômicas globais.

Fonte: Scot Consultoria

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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