Usando combustível à base de esterco, um carro acabou batendo um novo recorde e percorreu mais de 2.000 km com uma única carga. Confira agora!
Um elétrico Renault Zoe foi equipado com um tanque carregando 200 litros de biocombustível alternativo – combinando esterco e hidrogênio – e bateu um recorde de autonomia ao percorrer 2.055,68 km sem recargas. Desenvolvido pela francesa ARM Engineering, o metanol sintético renovável chamado G-H3 possui, entre outras características, a capacidade de alimentar veículos elétricos através de uma célula dedicada.
A marca recordista alcançada pelo Renault Zoe modificado pela empresa foi obtida no circuito de Albi, na França, com o veículo correndo a 50 km/h. Com o uso do combustível à base de biomassa e hidrogênio, a autonomia praticamente foi cinco vezes maior que aquela oferecida pelo modelo elétrico cru, em cerca de 385 km.
Foram três dias de pista para o carro percorrer os mais de 2.000 km. Ao seu volante, cinco pilotos foram revezando a direção, das sete da manhã à meia-noite. A marca anterior desse tipo de alcance era de um Toyota Mirai, que fez uma distância de 1.360 km em 2021 com sua base em hidrogênio.
Para conseguir o recorde, os especialistas decidiram utilizar a carga completa das baterias originais do Zoe mais um tanque de 200 litros de G-H3, o tal biocombustível usado na célula. Assim como pode ser feito com etanol, o G-H3 passa por um reformador, de onde se extrai hidrogênio que depois vira eletricidade.
O G-H3 é uma espécie de metanol sintético obtido através da digestão anaeróbica de biomassa não alimentar, como esterco e resíduos vegetais. Em um reformador presente na célula de combustível, é convertido em CO² e hidrogênio, por meio de eletrólise da água. É desse hidrogênio que se extrai a energia elétrica.
Segundo a ARM, um carro movido a célula de G-H3 emite até 80% menos CO² na atmosfera em comparação com um modelo que funciona diretamente com célula de hidrogênio, caso do Toyota Mirai. Que, por sinal, era o detentor anterior do recorde, 1.360 km, estabelecido em 2021.
Ainda de acordo com a empresa, o sistema desenvolvido seria adaptável para um veículo com motor de combustão interna, como um propulsor flex movido a etanol e gasolina.
Um vídeo dos trabalhos foi postado pela empresa francesa em sua rede social, confira:
Esterco e resíduos vegetais para “alimentar” carros
Segundo informa a ARM Engineering, o G-H3 pode ser obtido por digestão anaeróbica de biomassa não alimentar, como esterco e resíduos vegetais, ou de CO2 e hidrogênio por meio de eletrólise da água.
Para termos uma ideia a nível de sustentabilidade, um carro com célula de combustível G-H3 (que recompõe o hidrogênio para transformá-lo em eletricidade) pode emitir 80% menos CO2 em comparação com um modelo que funciona diretamente com hidrogênio, como um Toyota Mirai.
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Um carro com motor de combustão também pode usar G-H3 puro como combustível, resultando nos mesmos 80% de redução de emissões de CO2 – e oferecendo zero em emissões de partículas finas e óxidos de nitrogênio, segundo a ARM Engenharia. O alto índice de octanas do G-H3 (109) também permite maior potência e torque.
A empresa pretende aproveitar seus registros muito positivos para contornar restrições relacionadas a fatores como produção, logística e escala de uso, que acabam sendo obstáculos importantes para a adoção em massa do G-H3. Também criando uma nova empresa, chamada ARM Energy, há movimentos em busca de investidores para a continuidade de desenvolvimento do projeto.