Carne suína brasileira vai dominar os churrascos na Copa da Rússia

Brasil fornece 90% da carne suína importada pela Rússia, país em que as costeletas são o prato favorito das festas e confraternizações

Também na Rússia, futebol e festa são sinônimos de churrasco. Apostando nos efeitos econômicos dessa combinação, o Brasil deve bater recordes de embarques de carne suína para a Rússia no ano que vem, quando as atenções estarão voltadas para a Copa do Mundo de futebol.

“A carne suína é a preferida dos russos. Praticamente 90% do que eles importam, vêm do Brasil. Durante a copa, naturalmente haverá mais festas e aumento de consumo pela população local, sem contar o grande fluxo de turistas”, avalia Ricardo Santini, vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa as agroindústrias de aves e suínos no país. A Visa, patrocinadora oficial da FIFA, calcula que durante a Copa a Rússia receberá até 500 mil torcedores estrangeiros, para além dos 4,3 milhões de turistas que costumam visitar o país no período.

Curiosamente, no momento, nenhuma carne suína ou bovina brasileira pode entrar na Rússia, a não ser os embarques autorizados até 30 de novembro. No mês passado, o Ministério da Agricultura russo suspendeu as importações após encontrar traços de ractopamina em algumas remessas enviadas ao país. A ractopamina, substância legalizada em vários países produtores de carne, é um aditivo alimentar que favorece o desenvolvimento de suínos com menor concentração de gordura.

“Esse incidente foi muito mais uma questão burocrática, uma pressão para abrir o mercado brasileiro para o trigo russo. O Brasil fez milhares de contraprovas que mostram que não existe ractopamina na carne exportada para lá. Temos certeza disso. Os traços insignificantes encontrados podem ser por contaminação cruzada de equipamentos ou por problemas de metodologia dos testes. O fato é que os russos precisam da nossa carne e nós precisamos deles como clientes”, destaca Santini.

Zero a zero

Apesar da Rússia ser destino de 40% de toda carne suína exportada pelo Brasil, a suspensão dos embarques teve até agora efeito comercial zero, segundo a ABPA. Isso porque, a cada virada de ano, os russos redistribuem as cotas de importação, o que faz com que os embarques só aconteçam, efetivamente, a partir de fevereiro. “A suspensão temporária aconteceu num momento em que não prejudica a relação forte entre os dois países. Independentemente do banimento, essa parada aconteceria da mesma forma”, garante o dirigente da ABPA.

Único estado brasileiro que tem status de área livre de febre aftosa, sem vacinação, Santa Catarina se prepara para um ano de disputa internacional pela sua carne suína. “Há 15 dias as Filipinas reabriram o mercado para o Brasil; a Coreia do Sul autorizou há pouco as importações de Santa Catarina e ainda teremos um possível incremento por causa da Copa do Mundo na Rússia. As perspectivas são realmente boas”, diz Ricardo de Gouveia, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias da Carne de Santa Catarina.

Rússia, Hong Kong e China, que juntos respondem por 70% da carne de porco exportada pelo Brasil, não exigem que o produto venha de área livre de febre aftosa, sem vacinação. Na prática, no entanto, o status sanitário faz muita diferença. “Santa Catarina acaba tendo uma participação maior nas exportações, porque, embora não haja essa exigência sanitária, esse é um ponto importante na hora da negociação comercial”, afirma Gouveia.

O Brasil já exportou neste ano 250 mil toneladas de carne suína para a Rússia, cerca de 40% de Santa Catarina. Desde 2014, o mercado russo é praticamente dominado pelo produto brasileiro por causa das sanções internacionais aplicadas pela União Europeia, Estados Unidos, Austrália e Canadá, após a intervenção militar russa no território ucraniano da Crimeia.

As Informações são da Gazeta do Povo.

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