Em comunicado, associação de criadores de gado critica a retomada das conversas que pode liberar de novo o comércio bilateral de carne bovina
A Associação de Criadores de Gado dos Estados Unidos (USCA) manifestou sua oposição à possibilidade de retomada de compra de carne bovina in natura brasileira por parte dos americanos. Em comunicado, a entidade classifica o Brasil como um mau ator no mercado, cuja sanidade animal coloca em risco a saúde do rebanho local.
“A Associação de Criadores de Gado dos Estados Unidos se opõe fortemente ao comprometimento da saúde do rebanho bovino doméstico em prol do aumento das exportações de carne bovina, especialmente de um país marcado por escândalos”, diz a nota.
A possibilidade de uma retomada das vendas de carne bovina in natura do Brasil para os Estados Unidos foi tema do encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e Donald Trump, nesta semana. Em comunicado conjunto, foi informado que o governo americano concordou em agendar “rapidamente” uma visita técnica ao Brasil tendo em vista a reabilitação dos embarques.
Liberação anterior dessas exportações tinha sido conseguida depois de décadas de negociações bilaterais. No entanto, em meados do ano passado, os Estados Unidos suspenderam as compras alegando problemas sanitários. Foram identificados abscessos na carne vendida para o país, consequência da aplicação de vacinas contra a febre aftosa.
Em comunicado, a entidade classifica o Brasil como um mau ator no mercado, cuja sanidade animal coloca em risco a saúde do rebanho local
“As preocupações dos criadores de gado americanos foram validadas, uma vez que o Brasil não cumpriu vários requisitos da sua relação comercial com os Estados Unidos”, pontua o comunicado da USCA, datado de 19 de março.
Os pecuaristas americanos reforçam que seriam “catastróficos” os efeitos de uma epidemia de febre aftosa no país, não apenas sobre a indústria de carne, mas sobre a economia nacional. Citando da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), a Associação afirma que perdas podem chegar a US$ 14 bilhões, incluindo a renda dos criadores o consumo e as relações comerciais.
O comunicado da USCA lembra ainda da Operação Carne Fraca, que investigou suspeitas de irregularidades e de corrupção na indústria de carnes brasileira. Ressalta que a operação revelou que inspetores estariam recebendo propinas para permitir a venda de carne vencida, sob laudos sanitários falsos.
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Menciona também um pedido da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec) ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para mudar uma diretriz relacionada a defeitos em contêineres. Na visão dos pecuaristas, seria mais uma tentativa dos brasileiros de “contornar” regulamentos americanos de segurança alimentar.
“A USCA se mantém fortemente contrária a qualquer reabertura do comércio de carne bovina com o Brasil. Apelamos ao presidente Donald Trump e ao secretário Sonny Perdue que considerem as preocupações com a saúde do gado americano para garantir que a proteína preferida no país mantenha sua oferta abundante”, diz a entidade.
Com informações do Globo Rural