O estudo, conduzido pela Food Standards Australia New Zealand, investigou as atitudes e o grau de aceitação dos consumidores em relação aos produtos de carne desenvolvidos a partir de células ou em laboratório em ambos os países.
Uma pesquisa recente revelou que a maioria dos consumidores australianos não se sentiria segura ao comprar carne cultivada em células, caso ela fosse disponibilizada em lojas e supermercados. O estudo, conduzido pela Food Standards Australia New Zealand, investigou as atitudes e o grau de aceitação dos consumidores em relação aos produtos de carne desenvolvidos a partir de células ou em laboratório em ambos os países.
Embora os australianos tenham demonstrado um nível de confiança relativamente maior na segurança da carne cultivada em células comparado aos neozelandeses, o estudo indicou que, de modo geral, tanto na Austrália quanto na Nova Zelândia, os níveis de confiança nesses produtos permanecem baixos.
A pesquisa revelou que os consumidores australianos geralmente possuem baixo conhecimento sobre carne cultivada em células. Segundo os dados, 35% dos entrevistados nunca haviam ouvido falar de carne cultivada em laboratório ou à base de células, enquanto 39% tinham ouvido falar, mas sabiam pouco sobre o assunto. Além disso, 20% dos participantes afirmaram que tinham algum conhecimento, mas não o suficiente para explicar a um amigo.
A pesquisa Consumer Insights Tracker, realizada online, contou com a participação de 1.237 consumidores australianos e 810 neozelandeses, todos com 18 anos ou mais. Utilizando uma amostra representativa nacionalmente com cotas para idade, gênero e localização, o estudo mediu a conscientização dos consumidores, percepções de segurança e intenções de consumo em relação à carne cultivada em células.
Os baixos níveis de conhecimento sobre carne cultivada em células não foram surpreendentes, uma vez que esse produto ainda não está disponível para venda na Austrália e na Nova Zelândia, conforme apontou o relatório.
Substituição de carne convencional ou de origem vegetal?
Apesar de 62% dos consumidores expressarem falta de confiança na segurança da carne cultivada em células, mais da metade (52%) afirmou estar disposta a ser convencida a experimentá-la.
Entre os entrevistados que afirmaram estar dispostos a incluir carne cultivada em células em suas dietas (23,6%), pouco mais da metade mencionou que essa carne substituiria parcialmente a carne tradicional em suas refeições. Vale notar que apenas os participantes que inicialmente expressaram interesse em consumir carne cultivada em células foram questionados sobre essa substituição.
Porcentagem de participantes que escolheram cada opção ao serem questionados sobre como incorporariam carne cultivada em células em suas dietas (observação: os participantes podiam selecionar mais de uma resposta).
Outros 37% dos entrevistados afirmaram que considerariam adicionar carne cultivada em células à sua dieta, além da carne convencional. Já 14% disseram que essa carne substituiria completamente a carne tradicional.
De maneira significativa, mais de 40% dos participantes indicaram que a carne de origem celular substituiria parcial ou totalmente seu consumo de substitutos de carne de origem vegetal, ou seria consumida junto com esses produtos.
Limitações
Os gerentes da pesquisa destacaram várias ressalvas importantes ao analisar os resultados. Primeiramente, eles observaram que os dados obtidos refletem apenas um momento específico no tempo. As percepções dos consumidores sobre a carne cultivada em células podem evoluir conforme eles se acostumam com o produto.
Além disso, a pesquisa focou nas intenções comportamentais dos consumidores em relação à carne cultivada em células. É amplamente reconhecido que tais intenções nem sempre se traduzem em ações concretas no momento da compra. Entretanto, a análise dos comportamentos reais dos consumidores não foi possível, pois a carne cultivada em células ainda não está disponível para compra na Austrália ou na Nova Zelândia.
Cultivo em Laboratório versus cultivo celular
Os pesquisadores conduziram um estudo onde apresentaram aos participantes a carne cultivada em células como “carne baseada em células” (ou seja, carne produzida a partir de células animais, frequentemente referida como ‘carne cultivada em laboratório’).
Análises de literatura sobre a opinião dos consumidores revelaram que a expressão “carne cultivada em laboratório” tende a evocar percepções de insegurança em comparação com outras terminologias. Os autores do estudo sugeriram que isso pode ter influenciado as preocupações dos participantes em relação à segurança da carne cultivada em células.
“O uso dessa terminologia, apesar de comum na mídia, pode refletir com precisão as percepções atuais dos consumidores sobre a segurança, baseadas nas informações a que eles foram expostos”, aponta o relatório do estudo.
Além disso, há indícios de que as percepções dos consumidores sobre a carne cultivada em células são bastante flexíveis e podem ser significativamente influenciadas pelo tipo de informação recebida sobre o produto.
Conteúdo do BEEFCENTRAL, traduzido e adaptado pela Equipe Compre Rural
VEJA TAMBÉM:
- Rio Sena, em Paris, possuí várias espécies de peixes; Veja quais
- Conheça a raça de cavalo mais barata do Brasil
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.