NCBA afirma, em nota, ter sérias preocupação em relação ao produto, mencionando históricos de doenças e “violações” de normas de segurança.
A National Cattlemen’s Beef Association (NCBA), que reúne criadores de gado de corte norte-americanos, manifestou o que chama de sérias preocupações com a nova liberação da carne bovina in natura do Brasil pelo governo dos Estados Unidos. Em comunicado, a entidade reforça questionamentos sobre as evidências científicas utilizadas para tomar essa decisão e acusa a cadeia produtiva da carne brasileira de “numerosas violações de regras de segurança dos alimentos”.
“O retorno da carne bovina brasileira ao mercado dos Estados Unidos apenas agrava nossas preocupações com o uso do selo “Product of USA” (Produto dos Estados Unidos) na carne vendida no país. Como líder e voz da indústria de carne bovina americana, NCBA vai continuar a conversar com o USDA e com toda a cadeia produtiva”, diz a nota.
A liberação da carne bovina in natura do Brasil pelos Estados Unidos foi anunciada na última sexta-feira. O mercado estava fechado para o produto desde 2017, quando foram identificados abscessos em cargas de carne enviadas ao país, provocados por reações dos bovinos à aplicação da vacina contra a febre aftosa.
Pelo Twitter, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, comemorou. Disse que a chancela do governo dos Estados Unidos traz um reconhecimento importante da qualidade da carne bovina brasileira. A decisão foi anunciada em meio a um cenário de aumento da produção local. Também na semana passada, durante o Agricultural Outlook Forum, o USDA projetos volumes recordes de carne para este ano.
Em seu comunicado, a NCBA lembra do histórico de doenças no Brasil, como os casos de febre aftosa. Menciona também repetidas violações de normas de segurança nos portos de entrada dos produtos no mercado americano. Destaca ainda que o próprio secretário de Agricultura dos Estados Unidos já defendeu o comércio baseado na ciência.
EM COMUNICADO, A ENTIDADE CLASSIFICA O BRASIL COMO UM MAU ATOR NO MERCADO, CUJA SANIDADE ANIMAL COLOCA EM RISCO A SAÚDE DO REBANHO LOCAL.
“A NCBA continuará a observar bem de perto os desdobramentos com o Brasil e não esperamos nada menos que o mais alto nível de avaliação do USDA e das autoridades aduaneiras. Se o Brasil continuar a ter problemas com segurança dos alimentos ou saúde animal, esperamos que o governo dos Estados Unidos, bem como o Congresso, adotem as ações imediatas e necessárias para proteger os produtores de carne e os consumidores americanos”, diz a nota.
De acordo com o seu site oficial, a NCBA iniciou suas atividades em 1898 e tem escritórios em Denver, no Estado americano do Colorado, e em Washington, capital do país. A entidade tem em sua base criadores de gado e integrantes da indústria de carne bovina, e representa mais de 175 mil produtores, com a missão de promover a pesquisa, a informação e divulgação do produto americano.
Integra da nota e comunicado da NCBA:
WASHINGTON (21 de fevereiro de 2020) – O diretor sênior da National Cattlemen’s Beef Association (NCBA), Comércio Internacional e Acesso ao Mercado, Kent Bacus divulgou hoje a seguinte declaração em resposta ao Departamento de Agricultura dos EUA que restaura o acesso dos EUA à carne brasileira:
“ A NCBA apóia fortemente o comércio baseado na ciência e os esforços do governo Trump para reforçar o comércio baseado na ciência com todos os parceiros comerciais. Mas, para ficar claro, o NCBA tem sérias preocupações com a reentrada da carne brasileira no mercado dos EUA.
“O NCBA questiona frequentemente a falta de evidências científicas usadas para justificar o acesso inicial do Brasil ao mercado dos EUA em 2016 e, infelizmente, não ficamos surpresos quando o Brasil perdeu o acesso à carne bovina aos EUA em 2017 devido a inúmeras violações da segurança alimentar. O NCBA elogiou o Secretário Perdue por defender o comércio baseado na ciência e responsabilizar o Brasil por suas inúmeras violações, suspendendo o acesso do Brasil e sujeitando o Brasil a passar por um processo de inspeção e auditoria baseado na ciência. É evidente que o USDA acredita que o Brasil tratou das preocupações levantadas no processo de auditoria, e em breve serão tomadas medidas para restaurar o acesso do Brasil aos Estados Unidos.
- Sebrae Minas vai conectar cafeicultores ao mercado e a tendências de inovação e sustentabilidade durante a SIC
- Soja em Chicago tem manhã estável; leia a análise completa
- Nespresso reforça seu compromisso com a cafeicultura regenerativa na SIC 2024
- Confira a nota da ABCZ sobre a declaração do CEO da rede Carrefour na França
- Sustentabilidade, tecnologia e tendências de consumo são destaques no primeiro dia da Semana Internacional do Café
“Dada a história brasileira de febre aftosa e seu histórico de violações repetidas à segurança de alimentos nos portos de entrada, você pode ter certeza de que a NCBA manterá o foco em todos os desenvolvimentos no Brasil e esperamos que nada menos que o mais alto nível de escrutínio do USDA e das autoridades aduaneiras. Se o Brasil continuar a ter problemas de segurança alimentar ou de saúde animal, esperamos que o governo dos EUA, incluindo Capitol Hill, tome todas as medidas necessárias e imediatas para proteger os consumidores e produtores de carne bovina dos EUA.
“A reentrada da carne bovina brasileira no mercado dos EUA só agrava ainda mais as preocupações com o uso dos rótulos“ Produto dos EUA ”na carne vendida nos Estados Unidos. Como líder confiável e voz definitiva da indústria de carne bovina dos EUA, a NCBA continuará liderando as conversas com o USDA e toda a cadeia de suprimentos para abordar quaisquer rótulos que possam permitir que a carne importada ostente o rótulo “Produto dos EUA”. A NCBA acredita que rótulos de origem voluntária com reivindicações de fonte verificadas fornecerão transparência na rotulagem sem violar nossas obrigações comerciais internacionais.
Compre Rural com informações da NCBA e Globo Rural