Carne bovina: abertura do Canadá “constrange” México

Abiec avalia, país tornou-se o único membro do acordo de livre comércio da América do Norte a bloquear a importação do Brasil

A abertura do mercado canadense para a carne bovina e suína do Brasil, anunciada ontem (14/03) pela ministra da agricultura Tereza Cristina durante sua missão ao país, “constrange” o México, que agora passa a ser o único país da América do Norte a bloquear a entrada do produto brasileiro. A avaliação foi feita pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (Abiec), Antônio Camardelli, durante a Expomeat, em São Paulo (SP).

“Os EUA abertos, fluindo, e com o Canadá abrindo em cima de garantias sanitárias, passa a ser um problema pro México: como ele vai explicar essa não empatia pelo produto brasileiro em cima das garantias que se dá?”, destacou Camardelli ao revelar, entre as justificativas dadas pelo país, o status de livre de aftosa com vacinação. O Brasil trabalha para encerrar a vacinação no país até 2026, tendo suspendido a aplicação do imunizante em cinco Estados em abril de 2020 com reconhecimento de zona livre da doença sem vacinação pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) um ano depois.

Maior consumidor mundial e terceiro maior exportador de carne bovina, os EUA figuraram como o segundo maior destino da carne bovina brasileira em 2021, quando completou dois anos de reabertura de seu mercado. Já no caso do Canadá, Camardelli acredita que os embarques para o país iniciem no “curtíssimo prazo”, uma vez que os protocolos firmadas dispensam a necessidade de inspeções sanitárias in loco, como ocorre, por exemplo, com a China.

“O que se sabe é bastante confortante. O reconhecimento da equivalência por parte do Canadá determina que o Brasil tenha o pré-list. Ou seja, no momento em que o Ministério disser que o frigorífico atende o padrão do Canadá, o Ministério informa e aí é só aguardar a publicação do lado canadense”, detalha o presidente da Abiec. Do lado da indústria de suínos, também contemplada pela abertura do Canadá, as perspectivas são de que os embarques comecem a ser realizados a partir de maio, segundo o diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luis Rua.

“A gente vai agora para  SIAL Montreal, de 20 a 22 de abril com apoio da Apex, Ministério da Agricultura, Ministério das Relações Exteriores e estamos levando já quatro empresas. Algumas já tinham negócios em aves, outras nunca estiveram no mercado canadense, mas seguramente vai ser um ponto bastante importante de encontro para aqueles que não tiverem seus clientes estabelecidos de alguma forma estabelecer esse primeiro contato”, pontua Rua ao destacar que oito frigoríficos de Santa Catarina estariam prontos para atender os protocolos canadenses e iniciar a exportação para o país.

“É um mercado de tarifa zero, o que dá competitividade ao Brasil. E a gente sabe dos problemas que os EUA vêm enfrentando em relação a abate e a dificuldade em conseguir pessoal, com a produção americana diminuindo. Então o Brasil, de alguma, forma deve ajudar a complementar a produção local canadense e pegar um espaço importante desse mercado”, pontua Rua.

Fonte: Revista Globo Rural

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