Consumo Alimentar Residual: Vale a pena usá-lo na seleção de bovinos?

O Consumo Alimentar Residual é uma nova ferramenta que a pecuária encontrou para melhorar a eficiência dos animais. Seria uma nova solução para selecionar animais

Por Alex McDonald (Beef Central – Fev/18) – Existem diferentes medidas de eficiência alimentar em bovinos, com diferentes aplicações comerciais. Eficiência bruta de alimentação (Gross Feed Efficiency – GFE) é a quantidade de alimento necessária por cada kg de peso ganho, e é a medida mais utilizada pelos confinamentos, pois reflete o custo da alimentação de animais por kg de peso ganho. Pode ser medido individualmente para os animais quando a medida de consumo está disponível, mas em confinamentos comerciais é calculada como eficiência média de conversão alimentar em um lote de animais.

Esta medida da eficiência alimentar favorece animais adultos, pois, em geral, os animais tardios crescem mais rapidamente e têm melhor eficiência de alimentação bruta do que os animais mais precoces.

Se usado como critério de seleção em um rebanho de cria, ele selecionará vacas de maior tamanho adulto. O maior custo de alimentação para uma operação de cria e engorda é o custo de manutenção do rebanho de vacas, por isso há um forte incentivo econômico para manter o tamanho maduro das vacas baixo para reduzir seus requerimentos de manutenção.

O Consumo Alimentar Líquido (Net Feed Intake – NFI) também conhecido por Consumo Alimentar Residual (CAR) é a quantidade de alimento consumida por um animal acima ou abaixo do consumo esperado, com base em sua manutenção e ganho de peso, usando cientificamente tabelas de consumo de alimentos.

O equipamento mais utilizado para medir a ingestão alimentar diária individualmente para o cálculo de CAR ou NFI é o Grow-Safe. Este sistema reconhece eletronicamente cada animal que acessa os cochos e registra a quantidade de alimento consumida em cada visita à estação, comportando até 15 animais em um lote.

O ganho de peso do animal é medido um período de 72 dias, após um período de adapatação de 28 dias. Os animais melhores para NFI são aqueles que consomem menos alimentos do que o esperado com base em seus requerimentos de manutenção e crescimento. Os animais piores são aqueles que consomem mais do que o esperado.

Resultados em confinamento versus a pasto

A expectativa é que os animais que têm requisitos de alimentação abaixo da média (NFI negativo) quando alimentados com uma dieta rica em forragem em um ambiente de confinamento serão também os mais eficientes em uma situação de pastejo. Ocorre então um importante estímulo econômico para selecionar gado para NFI, pois o rebanho de cria exigirá menos alimento para manutenção.

Todavia, a tecnologia disponível atualmente para medir o consumo de pastagem em uma base diária não é suficientemente precisa para demonstrar a relação entre NFI medido em uma ração de forragem e a quantidade de pasto consumida em uma situação de pastejo.

Isso pode mudar em um futuro não muito distante, com uma nova tecnologia desenvolvida pelo CSIRO que pode medir o número de “bocados” tomadas por um animal quando o pastoreio está sendo testado em uma série de rebanhos comerciais de Angus em uma pesquisa financiada pelo Meat & Livestock Australia (MLA).

Pesquisas da Unidade de Genética e Produção de Animais (AGBU) mostraram há alguns anos que a medida do NFI no pós-desmame em uma dieta baseada em forragem era diferente (mas relacionada) à medida do NFI em animais mais velhos com uma alimentação de alta energia.

Portanto, dois valores de EBVs são calculados de acordo com as condições de alimentação. São o NFI-P para animais jovens em pastagens e o NFI-F para animais mais velhos em confinamento com alta energia.

Todos os novilhos que são produzidos no Angus Sire Benchmarking Project (ASBP) estão sendo testados para NFI no confinamento da estação de pesquisa de Tullimba perto de Armidale, NSW.Com aproximadamente 350 novilhos em cada grupo, isso equivale a um total de 2.100 novilhos testados nas primeiros seis grupos.

A Herefords Australia também testou mais de 1.000 progênies para NFI através do projeto da raça denominado BIN.

A Associação Australiana de Wagyu também está realizando extensas medidas de NFI no confinamento Kerwee Jondaryan, Qld. O quinto grupo de 180 animais já foram avaliados, totalizando cerca de 900 animais medidos.

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No total, as três raças já coletaram dados NFI em cerca de 4.000 animais. Alguns dos resultados dos testes de bovinos Angus, Wagyu e Hereford e seu uso comercial serão abordados na segunda parte deste artigo.

Fonte: Beef Central, traduzido e adaptado pela Assessoria Agropecuária.

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