A Captar Agrobusiness já engorda 40 mil cabeças de capacidade estática e projeta chegar a 100 mil/ano através de parcerias de cria com pecuaristas do semiárido e de recria com agricultores da região.
A pecuária de corte brasileira segue em expansão e o Nordeste está se tornando a “nova fronteira” do boi gordo. E é as margens da rodovia BR 242, mais precisamente na altura do km 897, no município de Luís Eduardo Magalhães, oeste da Bahia, encontra-se a “pedra fundamental” de um projeto inovador de verticalização da cadeia pecuária bovina, que prevê a terminação de 100.000 bois/ano. A empresa já foi destaque aqui no Portal, em um ranking dos maiores confinamentos do Brasil. Vamos conhecer essa gigante da pecuária!
Para colocar esse plano em prática, o produtor montou um projeto-piloto em 2008, numa área de ILP, arrendada no oeste baiano. A ideia era engordar os animais nas pastagens temporárias formadas pelo Sistema Santa Fé (plantio consorciado de capim com milho ou sorgo).
Conduzido pela Captar Agrobusiness, empresa pertencente ao engenheiro civil Almir Moraes, o projeto utiliza duas estratégias audaciosas: o confinamento de vacas com cria ao pé (para abastecimento parcial) e a transformação de pequenos/médios produtores das região do Semiárido nordestino/Matopiba em fornecedores de bezerros de alta qualidade, que serão recriados em áreas de integração lavoura-pecuária (ILP) do oeste baiano e terminados no confinamento da Captar.
Além de fornecer a esses produtores vários insumos agropecuários (sêmen de touros melhoradores, suplementos etc), num modelo que lembra a produção integrada de suínos e aves, Moraes quer garantir-lhes assistência técnica, facilidade de crédito, infraestrutura cooperativista e, acima de tudo, melhores condições de vida, em uma região marcada pela pobreza, com um dos menores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do País.
O projeto começou em 2004, mas já em 2008 iniciou-se o semi-confinamento na área que, em 2011 deu inicio ao confinamento com capacidade estática para 12.500 animais. O trabalho e foco na produção de carne com qualidade, trouxe uma expansão em 2014 para 25.000 animais, mas a Captar Agrobusiness Confinamento tinha números ainda mais desafiadores e abateu em 2016, cerca de 39 mil animais.
Hoje, a Captar Agrobusiness compra animais em diversas praças, é o maior confinamento do Nordeste, com capacidade estática de cerca de 40 mil cabeças, mas o sonho de Moraes é que a maior parte da demanda do confinamento seja atendida, futuramente, pelos parceiros.
Atualmente, a empresa atua nas áreas de Integração, Confinamento, Boitel, Nutrição e Adubos, afinal é um orgulho fazer parte do agronegócio! A sua localização estratégica é um diferencial, com uma grande oferta de insumos tem possibilidade de oferecer uma dieta barata para seus parceiros no Boitel.
A empresa baiana se consolida com uma operação verticalizada, que inclui unidades de confinamento, fábrica de ração e adubo orgânico mineral – integrando o semiárido ao oeste baiano, e garantindo qualidade em cada processo.
Conheça o maior confinamento do Nordeste
Desafios do Semiárido
Filho de produtores rurais, mas com longa trajetória na construção civil, onde pavimentou parte de sua vida, Moraes manteve por muito tempo uma relação distante com as quatro fazendas que herdou, localizadas no Vale do Iuiú, no Semiárido baiano.
Elas serviam, basicamente, como garantia hipotecária para os empréstimos que fazia para suas construtoras. Somente em 2004, ele passou a olhar mais atentamente para a pecuária, cujo desafio estava estampado nos números. Juntas, as Fazendas Juçara (duas matrículas, de 840 e 450 ha), Curva da Linha (1.172 ha) e Guaiçara (600 ha) produziam apenas 500 bois/ano.
“Eu precisava transformar essas fazendas em um negócio rentável. Tentei fazer um projeto de integração semelhante ao que estamos iniciando hoje, mas não deu certo. Achei melhor, então, ir em busca de mais conhecimento”, conta.
Em 2006, Moraes fez um curso focado em agronegócio na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e, depois, contratou o consultor Adílson Aguiar, da Consultoria e Planejamento Pecuário (Consupec), de Uberaba, MG, para modernizar o sistema de produção das fazendas, que faziam ciclo completo (cria, recria e engorda). As pastagens foram divididas em piquetes de 18 a 24 ha e adubadas, para fazer pastejo rotacionado, com suplementação dos garrotes, novilhas e bezerros (creep-feeding).
“No entanto, mesmo usando toda essa tecnologia, percebi que não conseguiria terminar os animais, porque o período chuvoso no Semiárido é curto e falta pasto”, conta Moraes.
Na impossibilidade de fazer ciclo completo no Vale do Iuiú, ele começou a vislumbrar seu atual projeto. “Passei a respeitar a vocação de cria do Semiárido e a vê-lo não mais de forma isolada, mas integrado ao oeste baiano, onde sobra alimento na seca”. Restava apenas decidir qual seria o ponto convergente (centro) dessa integração.
“Como o custo do transporte é alto, entendi que precisava levar o boi até a comida e não a comida até o boi”, diz.
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Para colocar esse plano em prática, o produtor montou um projeto-piloto em 2008, numa área de ILP, arrendada no oeste baiano. A ideia era engordar os animais nas pastagens temporárias formadas pelo Sistema Santa Fé (plantio consorciado de capim com milho ou sorgo).
Apesar do esforço para instalar bebedouros móveis, reservatórios e 100 km de cerca elétrica, a janela de cinco meses para uso do pasto, entre a colheita de uma lavoura e o plantio da outra, foi insuficiente para engordar os 2.800 bois adquiridos com 13-14 @. “Tive de montar um confinamento às pressas e terminar os animais nas águas, em meio a muita lama. Foi sofrido”, recorda.
Compre Rural com informações do Renato Villela, da Portal DBO