Campeão mundial de montaria em touros 2008, Guilherme Marchi, conta de onde vem sua paixão pelos muares
O Campeão mundial de montaria em touros 2008, Guilherme Marchi viveu por anos nos Estados Unidos, lá possuía um rancho no Texas e nutria, mesmo longe do Brasil, a paixão que tem desde criança pelos muares onde praticava a modalidade Laço em Dupla om um burro adquirido na América, o Capitão.
De família tradicional no meio, sua paixão pelos muares começou com o avô Luiz Marchi e o tio Turcão (Antônio Marchi), de Itupeva, interior de São Paulo, nas Romarias e passeios que participava.
“Quando eu tinha uns três anos de idade, eu e meu irmão Juliano os acompanhava nas Romarias de Itupeva e enquanto nós estávamos com nossos cavalos, eles sempre iam montados em burros ou mulas, fato que me chamava a atenção e começou a despertar minha paixão pelos muares. O prazer de andar num burro ou numa mula é sem igual”, relembra Guilherme.
E foi aos seis anos que o Campeão Mundial ganhou do pai sua primeira mula e a partir daí, só queria andar nela.
“Ela era pampa, tinha um coração na traseira, não me lembro muito bem, mas acho que o nome dela era Colina. Muito mansa e bonita, meu pai comprou-a do Bastiãozinho de Cajamar, e como era boa de charrete também, fazíamos uma bagunça com esta mula, andava na sela, na charrete, passava por debaixo dela, ninguém me segurava”, contou.
Fortes e valentes, os muares são animais resistentes e que proporcionam conforto na cavalgada. “Era algo muito rotineiro e prazeroso. Para mim é uma paixão poder andar nas mulas e burros que ficavam na casa do meu avô. Quando montamos num animal bom, não queremos mais descer. Dá gosto sentir a boa marcha deles”, disse.
Guilherme morou nos Estados Unidos desde 2004, onde competia no mundial de montaria em touros da PBR, um ano após chegar lá, em contato com o amigo Paulo Crimber que já residia lá, ficou sabendo de uma pessoa que tinha um burro e estava querendo vender, e no mesmo instante pediu para Crimber ir atrás do vendedor para poder comprá-lo, pois queria ele próprio amansá-lo.
“É até engraçado, porque quando mudei para os Estados Unidos, eu levei as traias de argola, arreio, tudo que sempre usamos no Brasil com os muares, mas lá eles não têm esta cultura. É tudo muito diferente dos nossos costumes. Então, quando monto no burro trajado e saio para alguns lugares dar umas voltas, o povo para, pergunta da traia, onde eu comprava, onde se consegue, é até engraçado. Eles acabam tendo curiosidade, perguntam do burro, pois eu o domei para o Team Roping e o pessoal fica impressionado com a habilidade e domínio que ele tem no laço. Filho de égua quarto de milha, o Capitão tem velocidade e muita agilidade. Laço cabeça e pé com ele, além de ser bom no andamento também o danado. Então era meu prazer por lá”, enfatizou Guilherme.
Os muares não são tão comuns nos Estados Unidos, porém, em alguns estados americanos a paixão pelos animais é maior, como na Califórnia, Colorado e alguns locais do Texas, mas, mesmo assim, são raros.
“Já vi muares em competições de laço, hipismo, tem um pessoal que usa para caçar, outros para fazer trilhas, mas nada focando no andamento, como acontece no Brasil. Pela genética apurada que hoje os muares apresentam no país, com o uso dos cavalos marchadores, a diferença é grande com relação aos animais americanos”.
Guilherme chegou a promover uma Prova de Marcha no seu Rancho, em Leme, interior de São Paulo, junto a um amigo que o incentivou a fazer a competição.
“Fiz com o intuito de reunir a galeria dos muares e foi um evento muito bom, onde realizamos um almoço sertanejo, desfile e as provas de andamento. Deu bastante trabalho, mas consegui reunir todos os amigos e parentes, todos da minha região, Itupeva, em dois dias de prova. Mas como minha vida é muito corrida, não consegui dar prosseguimento nos anos seguintes. Assim que tiver oportunidade pretendo repetir a dose para reencontrar os amigos”, disse.
Hoje Guilherme Marchi se aposentou das arenas e vive no Brasil.
Com informações de Cavaleiro News
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