Soja fica parada em carretas por até 3 dias em Canarana e Alta Floresta por problemas de escoamento; chuvas e poucos armazéns dificultam logística do grão
Dificuldade logística na entrega da soja colhida em Mato Grosso preocupa produtores. Atrasos de até 72h e filas de caminhões à espera de descarregar os grãos nas empresas compradoras provocam nos produtores temor de prejuízos financeiros na safra 2020/2021.
Os entraves na entrega da soja colhida tem sido mais frequentes no norte e nordeste mato-grossense, especialmente nos municípios de Alta Floresta e Canarana, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), que representa 7.200 mil produtores.
“A Aprosoja tem recebido relatos e reclamações de produtores do Estado inteiro com relação a capacidade das empresas operacionalizarem o recebimento do que contrataram”, afirma o presidente da entidade, Fernando Cadore. Segundo ele, os caminhões carregados ficam por até 72h aguardando ser esvaziados. “Às vezes faz 5 dias de chuvas e quando abre o tempo e dá condições de colheita, o produtor não consegue operacionalizar a colheita porque os caminhões não retornam dos armazéns onde foram entregar essa soja”. Diz, ainda, que os produtores se modernizaram e as empresas compradoras e processadoras de soja mantém estrutura operacional “de 30 anos atrás”.
“A Aprosoja pede que essas empresas busquem soluções, façam parcerias com armazéns que estão com fluxo melhor na cidade onde ocorre o problema para que o produtor não tenha prejuízo além do que já teve com atraso no plantio, atraso na colheita, concentração da colheita e risco de não conseguir fazer a 2ª safra em tempo hábil e janela apropriada”. Cadore entende que as empresas compradoras de soja devem adequar o horário de funcionamento e investir em mão de obra. “O produtor está tentando cumprir e honrar seus compromissos, para que não fique no prejuízo por causa da ineficiência de terceiros”, conclui.
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Na semana passada, caminhoneiros relataram dificuldades com o transporte de grãos em pontos de atoleiros em Mato Grosso – na BR 158 e MT 322 – e no Pará, no acesso ao porto de Miritituba (PA). Nessa segunda-feira, 22, o tráfego de caminhões estava normal nesses locais, segundo representantes do setor.
Abiove diz desconhecer problemas de carregamento ou descarregamento de soja no Estado. Esclarece que não há mais filas para acesso da ETC do Tapajós.
O município de Canarana-MT deve colher na atual safra quase um milhão de toneladas de soja e mais de 700 mil toneladas de milho. Porém, o Município possui menos da metade disso em capacidade de armazenagem estática, quando o recomendado é ter mais armazém do que a produção.
Na atual safra de soja, que está sendo colhida, foram semeados 280 mil hectares com soja no Município. O Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), estima uma produtividade média de 57,26 sacas de soja por hectare na região de Canarana, o que daria uma produção de aproximadamente 945 mil toneladas do grão.
Segundo orientação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o ideal é que a capacidade estática fosse 1,2 vez maior do que a produção, ou seja, no Brasil deveria ser superior a 316 mi/t. Além de ter baixa capacidade, apenas 16% dos armazéns ficam nas fazendas.
Problemas com umidade elevada da soja
Produtores tem reclamado que algumas tradings não estão aceitando cargas por conta da umidade elevada. “A produção do município cresceu e as traidings não tem ampliado a capacidade de armazenagem e nem feito investimentos em tombadores, elevadores, secadores e moegas, para quando o produtor precisar colher com mais umidade”, desabafou um produtor em um grupo de WhatsApp. Com horas na fila, quando abre o tempo, alguns produtores não conseguem aproveitar o sol e colher, porque falta caminhão para o transporte, além de encarecer o frete quando encontra um caminhão disponível.
Adaptado de AGRNotícias e Gazera Digital