Uma técnica muito difundida por algumas pessoas, a utilização do Cal virgem no bebedouro é solução para água limpa para o gado no pasto? Confira!
Uma coisa é certa, boiada não gosta de água suja. Tendo essa premissa na cabeça, precisamos entender quais os fatores e como a gestão de rotina da propriedade podem garantir então uma água limpa para os animais, de forma que possamos garantir o bom desempenho desses.
Segundo o Consultor do Agronegócio, Rogério Fernandes Domingues, a água limpa é fundamental para o bom desempenho e resultado da boiada. “A água compõe cerca de 60 a 70% do peso corporal do animal, está presente em quase todas as reações bioquímicas do organismo, tem correlação direta com o consumo, e, consequentemente com o desempenho. Propriedades têm investido em qualidade de suplementos, máquinas, genética e as vezes acaba negligenciando um fator determinante da produção”, ressalta ele.
Gado nunca gosta de água suja, mas a atenção e gestão de rotina dos funcionários nas propriedades podem facilmente resolver a questão.
Ao construir um bebedouro, leve em consideração que uma U.A. consome de 40 a 50 litros de água por dia. Por isso, o abastecimento deve ser muito rápido ou o bebedouro deve armazenar um volume grande de água compatível com o número de animais que comporta o pasto.
Outro ponto que deve ser considerado é pensar em um local estratégico para a construção do bebedouro. Deve ser em um ponto em que os animais não sejam obrigados a percorrer grandes distâncias, o que acarreta um preço a ser pago com prejuízo na produtividade.
Cal Virgem no bebedouro garante água limpa para o gado?
Uma técnica que é muito difundida por alguns no campo é a teoria do Cal Virgem no bebedouro. A técnica consiste na utilização do cal para fazer a decantação dos sólidos dentro do bebedouro, fazendo com que a água da superfície se mantenha limpa, evitando a limpeza em espaços curtos de tempo.
O procedimento realizado no processo da limpeza:
- Liberação da água nos locais de saída que cada bebedouro tem (soltar nos 02 lugares para não demorar),
- Enquanto a água vai baixando deves-e usar lixa P24 para lixar as paredes e depois o fundo do bebedouro,
- Fechar as saídas e colocar 05 kg de cal hidratada no fundo dos bebedouros grandes e 02 kg nos pequenos,
- Ligar o registro de água para encher novamente o bebedouro.
A técnica é muito utilizada, porém existem alguns pontos negativos dentro desse manejo. A cal pode trazer prejuízo a microbiota do rumem dos animais, além de outros problemas metabólicos. Diante disso, o mais recomendado é o manejo de esvaziar, esfregar, limpar e encher novamente. Esse manejo garante uma água de qualidade para esse animal.
Saiba com que frequência você deve lavar os bebedouros para garantir água limpa para o gado
“A água é o nutriente mais importante na dieta dos bovinos, você sabia disso? Ela vai permitir que seus animais tenham melhor desempenho tanto na produção de carne como na produção de leite. Então é muito importante cuidar da qualidade da água que nós estamos servindo para os animais”, reforçou o médico veterinário especialista no assunto Fernando Loureiro.
Loureiro respondeu dúvida de um produtor que perguntou qual é a frequência ideal de lavagem do bebedouro de água – quantas vezes por ano ele deve ser limpo.
“A pergunta não é por ano, a pergunta poderia ser até por mês. O ideal é que se lave o bebedouro, no mínimo, uma vez por semana. Se possível, até mais, porque tem que ser esta água que a gente chega no bebedouro, qualquer bebedouro da fazenda, e possa beber. Vocês podem fazer aí na fazenda o teste do copo para saber se o bebedouro está com a água boa, mais ou menos ou ruim. O ideal é que ela seja sempre excelente, muito acima de boa”, sugeriu.
“Eu recomendo andarem com um copo de vidro ou de plástico, transparente, que você coloque ele com a mão, afunde no bebedouro, tire e dê uma boa olhada na coloração desta água se a água está bem transparente. Quanto mais transparente, quanto mais translúcida, melhor”, acrescentou.
O especialista informou o que o produtor pode fazer caso a água seja captada com sujeira e não tenha a aparência e a pureza adequadas. “Muitas vezes a água é captada de fontes subterrâneas, de rios, riachos, de um jeito que ela possa vir já com um pouco de teor de ferro, com teor de barro, e aí ela já tem uma coloração de chá, uma coloração puxando para o marrom. O interessante é que estas partículas vão sedimentar. Se o teor for de ferro, existem tratamentos possíveis químicos para poder ligar com este ferro e melhorar a qualidade da água. Mas, a princípio, a nossa recomendação são boas lavagens o mais frequente possível”, indicou.
O veterinário fez recomendações sobre o modo correto de lavar o bebedouro também. “Nessa lavagem você pode usar somente água, a água que chega no próprio bebedouro. A mangueira para esgotar a água seria ideal usar de uma polegada, uma polegada e meia, estas usadas para limpeza de piscinas. Você pode usar uma vassoura e um escovão e esfregar bastante as paredes, passar bastante vezes para retirar matéria orgânica e o lodo. Os animais, quando consomem capim, trazem folha na boca até o bebedouro e esta folha acaba ficando ali depositada. Esta é a nossa recomendação”, concluiu.
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Conclusão
O produtor não deveria ficar apenas preocupado com a quantidade de água, mas sim, também com a sua qualidade. Um aspecto muito importante é a limpeza periódica dos bebedouros. Não há como afirmar quantas vezes os bebedouros devem ser limpos por semana, mas o importante é que nunca fiquem sujos. Você deve ser capaz de beber a água que os bois bebem!