Cafezinho vai ficar mais caro e não é culpa do Bolsonaro

Com 40% da produção global, geada no Brasil eleva preço do café ao maior nível em sete anos; cafeicultores estão calculando os prejuízos no cinturão do café

O certo é que o potencial da safra 2022 foi comprometido – A geada foi mais fria que o esperado, surpreendeu, e trouxe as temidas geadas a diversas regiões produtoras de café do Brasil. As consequências ainda estão sendo avaliadas, mas a quebra da safra 2022 é uma realidade. Os futuros do café arábica atingiram novas máximas e ampliaram o rali em meio à previsão de baixas temperaturas em lavouras no Brasil, o maior produtor mundial.

Os preços do grão arábica subiram mais de 30% em uma semana e devem superar US$ 3 por libra-peso, segundo Judy Ganes, consultora com décadas de experiência no setor. A última vez que os preços ultrapassaram US$ 3 foi em 2011.

Os cafezais no Brasil, já afetados pela estiagem, foram atingidos por duas geadas em menos de um mês. As baixas temperaturas da semana passada prejudicaram especialmente cafeeiros jovens, que precisarão ser podados ou replantados. Isso tende a afetar a produção nos próximos anos, e a safra de 2022 pode ser reduzida em até 5,2 milhões de sacas, de acordo com relatório da Ecom Research visto pela Bloomberg. Uma saca pesa 60 quilos.

Outros grandes produtores também colherão menos café do que o esperado, como a Indonésia, cuja safra deve ser menor.

“De onde vai sair o café” senão do Brasil, que responde por 40% da produção mundial?, disse Ganes.

Meteorologistas esperam temperaturas mais baixas nos próximos dias, o que pode danificar os cafezais. A probabilidade de geadas aumentou em São Paulo e no sul de Minas durante a onda de frio esperada em 29 de julho, disse a Somar Meteorologia em relatório.

foto drone cafezais geada no sul de minas
Lavoura em Patrocínio (MG) com tonalidade amarronzada são folhas queimadas devido a geada / Eng. Agronomo Evandro / @vandaocs

O rali do grão arábica se traduz em preços mais altos para consumidores em supermercados e cafeterias. A tendência reforça preocupações sobre a inflação global de alimentos, agravada pelo aumento dos custos de frete e problemas na cadeia de suprimentos em meio à reabertura das economias.

“Parece que teremos mais uma semana explosiva pela frente, com o tempo frio retornando às regiões produtoras de café a partir do meio da semana”, disse em relatório Alex Boughton, corretor da Sucden.

Geadas são esperadas de quarta a sexta-feira no sul de Minas Gerais, região central do estado de São Paulo, centro-leste e sul do Paraná, segundo Donald Keeney, meteorologista da Maxar.

Os preços também são impulsionados por uma medida da bolsa ICE para quase dobrar os requisitos de margem inicial para futuros de arábica, o que incentivou a cobertura de apostas vendidas, disse Boughton, da Sucden.

Com o mercado apontando para as máximas, é possível que sentiremos no bolso daqui alguns meses na hora de comprar o cafezinho nas prateleiras do supermercado.

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