Conclusão é de pesquisa realizada na USP que avaliou o impacto econômico das práticas de sustentabilidade no Cerrado mineiro
A certificação e a adoção de práticas de sustentabilidade podem ser uma alternativa viável para os produtores de café do Cerrado de Minas Gerais.
Este é o resultado de um estudo desenvolvido no programa de pós-graduação em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.
“Debates relacionados à sustentabilidade agropecuária têm sido cada vez mais frequentes e tem se tornado um ponto crítico para os produtores rurais. Estes, por sua vez, argumentam que investir em sustentabilidade é um custo a mais e que não gera benefícios”, aponta a engenheira agrônoma Dienice Bini, autora do estudo que testou empiricamente o efeito de práticas de sustentabilidade sobre o desempenho econômico desses produtores.
“A proposta é auxiliar produtores e formuladores de políticas quanto a estratégias e políticas voltadas à sustentabilidade.”
A pesquisa teve orientação da professora Sílvia Helena Galvão de Miranda, do Departamento Economia, Administração e Sociologia da Esalq, e foi conduzida em parceria com o Imaflora, Sebrae Minas e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
“Por meio dessas parcerias foi possível obter dados primários de informações socioambientais e econômicas das propriedades e dos produtores rurais”, explica Dienice.
A partir do banco de dados disponibilizado pelo Sebrae Minas foi possível comparar o desempenho de produtores certificados com o daqueles não certificados, tanto antes quanto depois da certificação.
“O banco de dados do Sebrae Minas é composto de produtores rurais que participam do Educampo, um programa de gestão rural de fazendas, e produzem café na região do Cerrado de Minas Gerais. Parte desses produtores é certificada pela Rainforest Alliance – Rede de Agricultura Sustentável.”
Entre as práticas sustentáveis observadas estão o sistema de gestão social e ambiental, a conservação de ecossistemas, a proteção da vida silvestre, a conservação dos recursos hídricos, o tratamento justo e boas condições de trabalho, a saúde e segurança ocupacional, as relações com a comunidade, o manejo integrado dos cultivos, o manejo e conservação do solo e o manejo integrado dos resíduos.
“Os resultados mostraram que a certificação Rainforest Alliance – Rede de Agricultura Sustentável tem efeito positivo sobre a produtividade e sobre a renda bruta dos produtores de café na região do Cerrado de MG, embora esse efeito não tenha sido estatisticamente significativo.”
A conclusão geral é que a adoção da sustentabilidade socioambiental pode gerar benefícios econômicos para seus adotantes, embora ainda de forma limitada. “Porém, tão importante quanto a existência de vantagens é a inexistência de desvantagens. É possível afirmar que práticas socioambientais não comprometeram o desempenho econômico das propriedades rurais das amostras estudadas. Esse resultado contribui para desmistificar a crença de que a aplicação de práticas sociais e ambientais compromete a viabilidade econômico-financeira das atividades agropecuárias”, finaliza Dienice.
O projeto teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Porticos.
Escrito por Caio Albuquerque / Divisão de Comunicação da Esalq
Fonte: Jornal da USP