“O aumento significativo dos preços do café nas últimas semanas, juntamente com os preços baixos dos fertilizantes devido à menor demanda, tem favorecido a relação de troca”.
As cotações recordes do café nos últimos meses têm melhorado a rentabilidade do produtor e reduzido os custos com alguns insumos. Como reflexo desse quadro, a relação de troca entre uma saca de café e outra de fertilizante está 47% menor em 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Rabobank.
Isso significa que, em novembro, os cafeicultores precisaram de 1,3 sacas de 60 kg de café verde (grão antes do processo de torrefação) para comprar uma tonelada de fertilizante. Esse é o menor nível nos últimos 13 anos, quando o Rabobank iniciou essa análise.
“O aumento significativo dos preços do café nas últimas semanas, juntamente com os preços baixos dos fertilizantes devido à menor demanda, tem favorecido a relação de troca”, sinaliza o banco em relatório.
Entretanto, há riscos que podem interferir nessa relação positiva e precisam ser monitorados, como a escalada dos conflitos entre Ucrânia e Rússia. Os dois países são importantes agentes na produção e exportação mundial de fertilizantes.
Conforme o Rabobank, a recente escalada do conflito “representa um risco para o aumento dos preços dos fertilizantes. No entanto, até o momento, o mercado ainda não reagiu”, enfatiza em documento.
Recordes atrás de recordes
Após a pressão nos preços do café no mercado interno em outubro, causada pela chegada das chuvas no Brasil, o início da colheita no Vietnã e o adiamento da lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês), novembro trouxe uma forte valorização das cotações.
Neste mês, as cotações do café arábica acumulam alta de 37% no indicador Cepea, com a saca de 60 kg sendo negociada, na quinta-feira, 28, a R$ 2.090,65 — patamar recorde. E não é diferente para o tipo robusta. A valorização mensal chega a 21,7%, com negócios a R$ 1.766,75 por saca de 60 kg.
O quadro de alta é estimulado por incertezas. “Após uma florada excepcional na maioria das regiões produtoras de café arábica, a incerteza quanto ao pegamento desta florada gera grandes preocupações sobre o potencial produtivo para a próxima safra 2025/26, especialmente considerando o longo período seco e quente que afetou as regiões produtoras de café arábica em 2024”, explica os especialistas do Rabobank em relatório.
Além disso, dados do departamento de agricultura dos Estado Unidos, indicam estoques de passagem muito baixos em 2024/25 — cerca de 1,2 milhão de sacas de café (60 kg). Associados à incerteza sobre a próxima safra brasileira e às tensões geopolíticas, tornam-se vetores de valorização.
Neste clima de incerteza, segundo o banco holandês, “muitos produtores estão optando por vender apenas o necessário para entender melhor a situação, limitando assim a oferta de café no mercado local”. No curto prazo, espera-se mais volatilidade nos preços de café.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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