Os fazendeiros dos EUA continuarão a receber preços recordes ou quase recordes por bovinos. Porém, menos gado significa que os frigoríficos dos EUA perderam dinheiro e, com isso, há uma conversa crescente sobre várias plantas sendo forçadas a fechar
O mercado de carne bovina dos Estados Unidos enfrenta um cenário complexo e desafiador, com implicações globais que podem abrir novas oportunidades para o agronegócio brasileiro. Em sua coluna publicada no portal australiano Beef Central, o analista de mercado Steve Kay detalha as dificuldades atuais da indústria norte-americana e como esses desafios podem afetar tanto produtores locais quanto exportadores internacionais. Afinal, frigoríficos estão sendo forçados a fechar nos EUA? Sim.
Segundo Kay, “menos gado significa que os processadores de carne bovina dos EUA perderam dinheiro na maioria das semanas deste ano. Há uma conversa crescente sobre várias plantas sendo forçadas a fechar se o rebanho bovino não começar a crescer até o ano que vem”, apontou.
Onde Está o Gado nos EUA?
Uma das questões centrais abordadas por Steve Kay é a drástica redução do rebanho bovino nos Estados Unidos. Em 1º de janeiro de 2024, o número total de bovinos e bezerros caiu para 87,157 milhões de cabeças, o menor nível desde 1951. Essa queda de 1,9%, equivalente a 1,684 milhão de cabeças a menos em relação ao ano anterior, é o resultado de cinco anos consecutivos de liquidação do rebanho. “A pergunta na manchete da coluna deste mês reflete a questão mais pertinente enfrentada pela indústria de carne bovina dos Estados Unidos atualmente”, afirma Kay.
Apesar dessa redução significativa, não há sinais imediatos de que a reconstrução do rebanho esteja prestes a começar. Essa situação tem consequências graves para o mercado, quase todas negativas. Os produtores continuam a receber preços recordes por seus bezerros e novilhos, mas as margens permanecem apertadas devido aos altos custos operacionais. “Os criadores de gado dos EUA terão dificuldades para ganhar dinheiro por causa da redução da oferta de gado fora dos confinamentos e dos altos preços”, ressalta Kay.
Impacto nos frigoríficos dos EUA
A redução do rebanho também afeta diretamente os processadores de carne bovina nos EUA. Com menos gado disponível, muitos processadores têm operado com prejuízos na maioria das semanas deste ano. Há um aumento nas especulações sobre possíveis fechamentos de plantas se o rebanho não começar a crescer até o próximo ano.
A capacidade de abate está subutilizada, com a indústria norte-americana raramente atingindo totais de abate diários acima de 125.000 cabeças, apesar de possuir uma capacidade combinada de 135.330 cabeças por dia nas 76 maiores plantas do país. “A utilização da capacidade de processamento está apenas um pouco acima de 90%, e isso é apenas em uma base de cinco dias. Os abates de sábado são quase inexistentes”, alerta Kay.
Novas Plantas e Expansões com Apoio Federal
Apesar dos desafios, o governo federal dos EUA continua a investir no setor, na tentativa de aumentar a competição e oferecer mais opções aos fazendeiros. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anunciou um novo pacote de US$ 110 milhões em subsídios para processadores de carne pequenos e independentes. Esses fundos são destinados a expandir capacidades e aumentar a competição, em um esforço para aliviar a consolidação do setor, que ao longo dos anos reduziu os lucros dos agricultores e elevou os preços para os consumidores.
Entre os beneficiários está a Producer Owned Beef (POB), que está construindo uma nova planta de colheita e processamento de carne bovina no Texas, com capacidade para abater 3.000 cabeças por dia. O projeto, apoiado por US$ 10 milhões do USDA, pretende aumentar a capacidade de processamento regional em 15% e a capacidade nacional em 3%. “O POB atenderá principalmente a região do Texas, Oklahoma e Novo México, que ocupa o primeiro lugar nacionalmente em capacidade de engorda de gado, mas é a terceira maior em capacidade de processamento de gado alimentado,” destaca o USDA.
Outros projetos incluem a Noah’s Ark Processors LLC em Nebraska, que dobrará sua capacidade de abate e processamento de gado, e a North State Processing LLC na Carolina do Norte, que construirá uma nova instalação focada no processamento de gado e outras espécies. Ambos os projetos também receberam US$ 10 milhões cada do USDA.
Oportunidades para o Brasil
O cenário desafiador nos Estados Unidos pode criar novas oportunidades para os exportadores brasileiros de carne bovina. Com a redução da produção e o aumento dos preços no mercado norte-americano, o Brasil está bem posicionado para atender à demanda global por carne bovina. “A demanda global por carne bovina continuará forte, e os exportadores brasileiros estão bem posicionados para preencher essa lacuna,” observa Kay.
O agronegócio brasileiro pode se beneficiar do aumento da demanda internacional, especialmente em um momento em que a oferta nos EUA está limitada. Além disso, com a abertura de novas plantas de processamento e a expansão da capacidade nos EUA, a competição por gado deve aumentar, o que pode impulsionar ainda mais as exportações brasileiras.
Perspectivas Futuras
Apesar dos desafios, Kay acredita que a indústria norte-americana de carne bovina tem uma capacidade notável de adaptação e resiliência. No entanto, ele adverte que os produtores globais, incluindo os brasileiros, devem ficar atentos às mudanças nas tendências de consumo e ao movimento dos preços, pois o cenário pode evoluir rapidamente.
Para o agronegócio brasileiro, essa é uma oportunidade de reforçar sua posição no mercado global, aproveitando as lacunas deixadas pela indústria norte-americana e atendendo à crescente demanda internacional por carne bovina de qualidade.
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