Ibama decidiu suspender temporariamente todas as licenças anteriormente emitidas para a caça de javalis e outras espécies exóticas como medida preventiva; No campo, esse animal vem filhotes e plantações inteiras.
Espécie não nativa, o javali é uma praga para a produção de alimentos no Brasil. Por falta de um inimigo natural, esse animal prolifera em escala, se não for caçado. Mas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) decidiu suspender temporariamente todas as licenças anteriormente emitidas para a caça de javalis e outras espécies exóticas como medida preventiva no Brasil. A medida foi anunciada pelo Ibama no último dia 18, por meio do Sistema de Informação de Manejo de Fauna (Simaf), e informa que, a partir de agora, as autorizações para a caça serão concedidas pelo Exército. Por isso, as emissões foram bloqueadas até que os procedimentos sejam reajustados.
Várias foram as matérias de veículos de imprensa especializados no agronegócio e as postagens de perfis de caçadores e de grupos de caçadores. A maior parte do conteúdo foi contrário à decisão do órgão ambiental federal. Esses animais possuem capacidade de reprodução de forma exponencial, o que reforça a necessidade de uma solução imediata e que possa garantir o controle eficiente desses animais.
De acordo com o Ibama, a decisão foi motivada pelo fato de o Decreto nº 11.615, de 21 de julho deste ano, determinar que a emissão de Certificado de Registro para caçador excepcional (pessoa física que tem registro de arma de fogo para manejo de fauna exógena invasora) passou a ser responsabilidade do Exército. O órgão ambiental federal deixou claro que as autorizações para caça emitidas antes do Decreto continuam vigentes.
Ou seja, não houve proibição da caça de javali e de híbridos e também não há informações sobre quando e como ocorrerão novas emissões de licenças.
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), destacou que a medida tem impacto na pecuária brasileira. “Essa questão das espécies exóticas, especialmente o javali, preocupa-nos e aos produtores rurais. Nós, enquanto FPA, encaminhamos nota às autoridades com pedido de providências. Os javalis são vetores de doenças como a peste suína e febre aftosa, que podem contaminar nossos rebanhos.”
“Temos alertado o governo brasileiro desde a adoção do decreto que restringiu a posse e o porte de armas no país, e levou a essa situação de restrição na emissão de licenças de caça ao javali que, por sinal, tem sido a única maneira efetiva, até o momento, de conter a proliferação desses animais. Esperamos que as autoridades possam adotar medidas cabíveis para resolver a questão o mais rápido possível,” disse Lupion.
Vale destacar que o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, deixou claro que só a caça não resolve o problema do javali. “Eu pessoalmente acho que, se a agricultura brasileira, de fato, quiser controlar o javali, apenas a caça isolada não será uma solução. Os países que estão controlando o javali estão controlando por meio de armadilhas, onde você consegue capturar o grupo todo. As ações de caça têm normalmente dividido esses grupos e o problema continua persistindo.”
A caça do javali está permitida desde janeiro de 2013, por meio da Instrução Normativa nº 3, do Ibama. A espécie chegou ao Brasil na década de 1990, importados por criadouros do Rio Grande do Sul e de São Paulo interessados no comércio de carne. Espera-se, que o novo plano de manejo para manejo do javali seja, ainda que tardiamente, uma real ferramenta de conservação e não mais meio para gente interessada em se divertir matando bicho fingir legalidade.
Predador, javali também devora as plantações
No campo, esse animal comem filhotes e plantações inteiras. “É muito triste ver um javali esperando uma vaca terminar de dar à luz um bezerro para ele atacar e comer o filhote, assim que ele chega ao mundo”, relatou Elisabeth Amaral Lemos Altas, criadora de carneiros em Pedras Altas, Rio Grande do Sul , e coordenadora da comissão de ovinos da Farsul .
“Leva apenas uma noite para alguns javalis destruam uma colheita inteira de milho”, comenta. Assim, a praga também pode acabar com a fonte de nutrição usada pelos pecuaristas.
Elizabeth não é favorável à caça seguir regras, apesar de esse animal não ser nativo no país. Contudo, ela explica que, quanto mais dificuldades são criadas, mais os predadores de reproduzir, impedindo o controle da situação.
Mais do que dificultam um negócio na fazenda, os javalis acabam como um grande problema para atrapalhar a produção de alimentos para a mesa do brasileiro. Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores de milho do planeta. Parte da safra dos milharais brasileiros chega à mesa na forma de farinhas, doces, produtos industrializados e os grãos in natura . Porém, o milho nacional também é um dos pilares para a produção de aves do país — uma das maiores do planeta atualmente.
O agronegócio brasileiro, hoje, é o maior fornecedor de carne de frango e milho do planeta. Assim, a falta de controle local sobre a população de javali do Brasil gera impactos e também é um problema para o abastecimento de alimentos do planeta.
Governo precisa tomar uma decisão rápida e definitiva
A Sociedade Rural Brasileira (SRB) expressou preocupação com a suspensão das autorizações. A entidade fez um apelo ao Ministério da Agricultura e outras autoridades para que a burocracia não colocasse em risco o status sanitário do país. A entidade solicita uma resolução rápida para o impasse no controle das espécies exóticas.
“Destacamos ainda os sérios riscos sanitários que o javali representa para a pecuária nacional, ainda mais neste momento em que avança pelo país a retirada da vacinação contra a febre aftosa. É de conhecimento de todos que os javalis e os javaporcos são reservatórios de várias doenças, como a Peste Suína Clássica, a doença de Aujeszky e a Febre Aftosa”, ressaltou, por comunicado, a SRB.
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