Conheça o primeiro brasileiro a atuar como salva-vidas no mundial de rodeios nos EUA, a PBR; Ele é o verdadeiro apaixonado pelas arenas de montarias!
Função milenar nas arenas do mundo todo, os Salva-Vidas são peças fundamentais durante uma prova de montaria em touros, os rodeios. Tudo começou nos Estados Unidos, claro! Toda a tradição desse mundo western que nós vivemos hoje, toda a formatação dos esportes, quais raças são usadas, tudo, tudo começou há mais de 100 anos, quando os primeiros rodeios foram sendo realizados em terras norte-americanas. Conheça agora o primeiro brasileiro a ir para os EUA como “Anjo da Arena”, o Lucas Belli Teodoro!
E os conhecidos ‘Anjos das Arenas’ – por terem a função de salvaguardar a integridade física dos bull riders – ou Salva-Vidas, ou ainda Bullfighters, são figuras indispensáveis.
O trabalho deles começa exatamente quando o do peão termina. Ao sair do touro, seja quando completar os oito segundos de tempo regulamentar ou não, é do Salva-Vidas a função de protegê-lo e evitar que o animal o machuque.
Lucas Belli Teodoro, 33 anos, mais conhecido como Gauchinho, é o primeiro e único brasileiro a participar das montarias de touros na milionária primeira divisão da Professional Bulls Rider (PBR) dos Estados Unidos.
Mas, a profissão dele não é ficar oitos segundos sobre os touros. Dentro da arena, Gauchinho tem como missão salvar os peões das patas e chifres dos touros que chegam a pesar mais de uma tonelada.
“Sou muito abençoado. Já levei chifrada na perna, fui atirado para o alto várias vezes, rompi os ligamentos do joelho e várias outras lesões, mas alcancei meus sonhos. Hoje, ganho bem e estou entre os melhores do mundo ”, diz. Nas arenas, os salva-vidas também são chamados de anjos de rodeio. Nos EUA, são conhecidos como “toureiros” (toureiros, em inglês).
Nascido em Espírito Santo do Pinhal (SP), ele conta que passava muito tempo na fazenda que o avô administrava na região. Começou a montar touros aos 13 anos, sob a influência do pai, Maurício, que promovia o Rodeio de Serra Negra, a 90 km de casa.
O sonho de se tornar peão de rodeio mudou quando se tornou amigo de um salva-vidas e passou a ajudá-lo aos domingos em pequenos rodeios. Aos 16 anos, já participava de etapas profissionais em São Paulo e em Minas Gerais.
Sonhos
Os pais não queriam que Gauchinho, apelido que ganhou nas arenas, seguisse carreira no mundo dos touros por achar muito perigoso, mas nunca o proibiram. Ele conta que chegou a cursar um ano e meio de veterinária, mas abandonou o curso para correr atrás de seus sonhos. “Na época, meu sonho era trabalhar na PBR Brasil.”
Chegou lá na divisão de acesso em 2010 e no ano seguinte já estava na primeira divisão. “De 2011 a 2015, trabalhei em todos os rodeios que eram meu sonho de adolescente, como Barretos, Americana, Indaiatuba, Londrina e Divinópolis.”
Mas, em 2012, o sonho já tinha mudado: “Queria estar no meio dos melhores do mundo, ter reconhecimento e valorização profissional e financeira.” Foi, então, para os EUA com a “cara e coragem” e começou a participar de rodeios abertos. Ficava três meses e voltava ao Brasil. No período, teve o visto negado três vezes.
A partir de 2015, com visto concedido, passou a morar na cidade de Decatur, no estado do Texas, onde estão radicados os brasileiros que disputam e dominam a PBR americana. Em 2018, chegou ao auge: foi um dos salva-vidas mais votados pelos peões para cuidar deles no final do Mundial, um feito inédito para os brasileiros.
Longe do Brasil
“Já faz dois anos e meio que não volto ao Brasil por falta de oportunidade. No ano passado, pretendia visitar a família, mas a Covid atrapalhou. Sou muito grato de poder estar trabalhando em tempos de pandemia ”, diz Gauchinho, casado com uma analista financeira brasileira Ingrid Zupo, pai de Gabriel, 3 anos, e à espera do nascimento de Giovanna em junho.
Fluente em inglês, ele trabalha em todos os rodeios da Primeira Divisão da PBR junto com dois salva-vidas americanos. As competições ocorrem nos finais de semana e, durante uma semana, Gauchinho treina e faz musculação para manter o foco, força e agilidade na arena.
Ele não revela quanto ganha, mas dá uma pista: com o dólar a quase R $ 6, teria que trabalhar em 12 bons rodeios no Brasil para receber o que ganha em apenas um por lá.
Questionado se não sente medo na profissão, Gauchinho diz que a adrenalina faz parte e que sentir medo é que dá segurança ao salva-vidas. “O instinto de salvar o peão acaba nos situando em situações bem difíceis, mas, diferentemente do competidor, eu já estou esperando a pancada.”
Nos vídeos da PBR, ocorre as etapas agora são transmitidas pelo Sportv3 todas as terças, a partir das 23h, é possível conferir algumas das suas performances. Em uma delas, em Las Vegas, ele deu uma “voadora” à frente do touro para tirar o brasileiro e tricampeão mundial Silvano Alves das patas do animal e foi saudado pelo comentarista do rodeio com um grito: “inacreditável” (inacreditável, em inglês )
Adriano Alves, o outro brasileiro tricampeão mundial na arena de Las Vegas, também elogia o desempenho de Gauchinho: “Ele nos enche de orgulho.”
O salva-vidas conta que, antes de entrar na arena, sempre estuda o comportamento dos touros da etapa, mas sabe que cada montaria é diferente e pode ser agravada se o competidor fica preso no touro, se é pisoteado, se cai muito rápido ou se o animal para aqueles que tendem a machucar o peão.
Gauchinho diz que pretende se aposentar entre 42 e 45 anos, comprar um rancho nos Estados Unidos e permanecer lá para criar os filhos. Não descarta ter uma propriedade rural também no Brasil.
O conselho para quem pretende seguir seus passos é trabalhar duro, acreditar nos seus sonhos e confiar em Deus. “Fui chamado de louco por alguns, mas eu sabia que tinha potencial para chegar onde estou”, conclui.
A importância da profissão e fotos antigas
A visão sobre essa profissão começou a mudar na década de 1960, quando Wick Peth convenceu alguns organizadores de que era preciso contratar uma pessoa exclusivamente para a função de proteger os peões.