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A piscicultura brasileira segue avançando em ritmo acelerado e se consolida como uma atividade estratégica para o agronegócio nacional
Em 2024, a produção de peixes de cultivo cresceu 9,21%, alcançando 968.745 toneladas. Esse aumento representa o maior crescimento percentual dos últimos dez anos, destacando a resiliência do setor diante de desafios como oscilações de preço e incertezas de mercado.
“Definitivamente, o brasileiro aprendeu a apreciar nossos peixes. A tilápia já é presença semanal na mesa de muitas famílias”, destaca Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), que nesta quarta-feira (26), realiza anualmente o levantamento da produção de peixes de cultivo no país.
Para 2025, as perspectivas são otimistas. O consumo interno continua em ascensão, impulsionado pela percepção de que os peixes de cultivo são uma opção saudável e sustentável. Além disso, a expansão do mercado internacional abre novas oportunidades para os produtores brasileiros. “Precisamos fortalecer nossa base produtiva e explorar novos mercados. A piscicultura tem um futuro promissor, e só depende de nós aproveitarmos esse momento favorável”, diz Medeiros.
Tilápia lidera produção e exportação
A tilápia continua sendo o carro-chefe da piscicultura nacional, representando 68,36% da produção total de peixes de cultivo no Brasil. Em 2024, foram produzidas 662.230 toneladas da espécie, um crescimento de 14,36% em relação ao ano anterior (579.029 t). O avanço foi impulsionado pela ampliação da produção em estados como Paraná, São Paulo e Minas Gerais, que cresceram acima da média nacional. “A tilápia já é a principal proteína de cultivo do país e tem potencial para crescer ainda mais”, afirma Medeiros.
O impacto positivo da tilapicultura também foi sentido no mercado externo. As exportações da espécie dobraram em volume, atingindo 12.463 toneladas, e cresceram 138% em receita, somando US$ 55,65 milhões. Os Estados Unidos foram o destino principal, absorvendo 94% das vendas. “Nos tornamos o segundo maior exportador de filé fresco de tilápia para os EUA, ultrapassando Honduras e Costa Rica. A expectativa é de que, com menos burocracia e maior investimento, alcancemos a liderança nos próximos anos”, projeta Medeiros.
Mas, apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios estruturais. A importação de tilápia do Vietnã gerou apreensão entre os produtores no início de 2024, mas foi suspensa após intensas negociações entre a Peixe BR e o Ministério da Agricultura e Pecuária. Outro obstáculo é a burocracia para o licenciamento da atividade aquícola, que pode ser amenizada com a aprovação do Projeto de Lei 4.470/2024, atualmente em tramitação no Senado.
Peixes nativos enfrentam desafios
Diferentemente da tilápia, a produção de peixes nativos como tambaqui, curimatá e pacu apresentou queda de 1,81%, fechando o ano com 258.705 toneladas. O recuo se deve, principalmente, à redução da oferta na região Norte, onde a infraestrutura e a logística impactam diretamente a atividade. Apesar disso, a rentabilidade do setor foi positiva devido à valorização dos preços ao longo do ano.
Curiosamente, as exportações de curimatás cresceram 437%, movimentando US$ 1,25 milhão, enquanto o pacu teve um impressionante crescimento de 5.570% nas exportações, alcançando US$ 757 mil. “Há um mercado internacional crescente para os peixes nativos, mas precisamos fortalecer nossa cadeia produtiva para suprir essa demanda”, analisa Medeiros.
Paraná se destaca como maior produtor
Entre os estados, o Paraná reafirmou sua posição de maior produtor nacional de peixes de cultivo, com 250.315 toneladas – um crescimento de 17,35% em relação a 2023. O modelo cooperativista e os investimentos em tecnologia foram determinantes para esse resultado. “O Paraná é um exemplo de como organização e planejamento podem impulsionar a piscicultura”, afirma Medeiros.
Além do Paraná, outros estados se destacaram. Minas Gerais cresceu 18,18%, Mato Grosso do Sul teve um avanço de 18,77% e Maranhão ampliou significativamente a produção de pangasius, registrando um crescimento de 74%.
Fonte: Forbes
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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