As previsões extraídas do último relatório da OCDE/FAO (Agricultural Outlook 2016/2025) sustentam que o Brasil vai alcançar 25% das exportações globais de carnes até 2025, algo em torno de 9,6 milhões do montante geral de mais de 36 milhões de toneladas. A vigorosa participação nacional prevê avanço da ordem de 39%, 29% e 41% nas remessas de carne bovina (2,1 milhões t/2015 e 2,9 milhões t/2025), suína (515 mil t/2015 e 663 milhões t/2025) e de aves (4,3 milhões t/2015 e 6 milhões t/2025), marcas bem superiores quando comparadas à esperada taxa de crescimento global de 20% (11,1 milhões t/2015 e 13,3 milhões t/2025), 15% (7,3 milhões t/2015 e 8,4 milhões t/2025) e 29% (11,9 milhões t/2015 e 15,4 milhões t/2025), respectivamente.
Outrossim, o estudo da FAO (Biannual Report on Global Food Markets/June 2016) registra que as transações globais devem recuperar-se em certa medida, alcançar 30,6 milhões de toneladas e crescer 2,8% em 2016, constituindo razoável recuperação, quando comparadas ao retrocesso apurado no ano passado que contabilizou trocas de apenas 29,8 milhões de toneladas, muito embora, a produção mundial das carnes (bovina, suína, aves, outras) esperada, avance apenas 0,3% nesse ano corrente. Ou seja, 1,1 milhão das toneladas adicionais resultarão aproximadamente 320,7 milhões de toneladas, sustentadas principalmente pelos Estados Unidos, Brasil, União Europeia, Índia e Rússia, ao contrário da mínima contribuição da China, Austrália e África do Sul.
Retomando ao comércio da carne de aves, este deve aumentar 3,5% em 2016 e alcançar 12,7 milhões de toneladas, hipoteticamente favorecendo os embarques do Brasil, Estados Unidos e Tailândia, por causa do baixo preço internacional que estimula sobremaneira o consumo dos tradicionais importadores, caso da Arábia Saudita, África do Sul, Japão, Vietnã, Cuba e os Emirados Árabes Unidos, além da União Europeia, Canadá, Iraque e Kuwait.
Apesar do alívio no custo da alimentação animal, a produção global poderá avançar apenas 1,1% e somar 116,2 milhões de toneladas, comprometida principalmente pelo enfraquecimento da demanda na China e o reaparecimento da Influenza Aviária em algumas regiões dos Estados Unidos no início desse ano.
A estimativa é que a produção brasileira já tenha avançado 1,7% até setembro e produzido aproximadamente 10 milhões de toneladas de frango, montante que pode estacionar em 13 milhões de toneladas durante 2016, convergindo assim com a mais recente expectativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Por sua vez, nesses nove meses, a exportação do frango brasileiro já contabilizou mais de 5,2 bilhões de dólares, resultado dos embarques de aproximadamente 3,4 milhões de toneladas de frango in natura, cortes e derivados.
Durante o primeiro semestre, foram alojados aproximadamente 3,3 milhões de pintainhos, muito embora, esse ritmo venha arrefecendo a partir de julho. De janeiro a setembro, a indústria de alimentação para avicultura de corte respondeu com mais de 25 milhões de toneladas de rações, cujo custo médio atingiu seu ápice em maio/junho (R$ 53,00/saca 60kg milho e R$ 1500,00/tonelada de farelo soja; Cepea/Esalq e dólar cotado em R$ 3,60; Boletim Focus Banco Central), e desde então recuado, por conta do alívio nos preços do milho e do farelo de soja (respectivamente, R$ 41,50/saca 60kg e R$ 1170,00/t; Jox 26/10) e de outros insumos indexados ao dólar (R$ 3,20 em 21/10; Boletim Focus Banco Central). Apesar da capacidade de compra do conCOMÉRCIO PRODUÇÃO sumidor doméstico continuar comprometida pela deterioração econômica local, decerto que a carne de frango continuará prevalecendo na mesa do consumidor brasileiro.
Autor: Ariovaldo Zani é médico veterinário, professor do MBA/PECEGE/Esalq/USP
Fonte Revista feedfood.com.br