A resposta é diversificando a nossa matriz energética, reduzindo a dependência da água. O Brasil possui uma enorme diversidade de fontes de energia.
Mais do que nunca mais precisamos de um marco hídrico que trate a água em função do seu uso múltiplo
Um dos grandes desafios para o próximo governo, e que não está sendo tratado por nenhum candidato, é o de promover uma integração do setor de energia com o agro.
O Brasil tem tudo para ser a Arábia Saudita dos alimentos e, ao mesmo tempo, ter uma das matrizes energéticas mais diversificadas e limpas do mundo, exportando produtos produzidos com energia de baixa emissão. E o que é preciso fazer para que possamos usar essa nossa vantagem comparativa que está sendo desperdiçada?
O principal insumo para o Brasil produzir mais alimentos é a água. E o Brasil tem muita água. Sem irrigação, não seremos a Arábia Saudita dos alimentos.
E a água atualmente é a principal fonte primária para a geração de energia. Hoje, 65% dessa geração é feita através das hidrelétricas. Portanto, a nossa dependência da água atinge o setor do agro e o de energia.
Como compatibilizar o uso da água pelos dois setores de forma que o Brasil seja uma potência do agro e da energia?
A resposta é diversificando a nossa matriz energética, reduzindo a dependência da água. O Brasil possui uma enorme diversidade de fontes de energia. Temos vento no Nordeste, biomassa no Centro-Oeste, gás natural do pré-sal e biogás, e somos um país ensolarado.
Com tudo isso, flertamos há 20 anos com apagões e racionamento de energia sempre que temos anos de escassez hídrica. Mais do que nunca precisamos de um marco hídrico que trate a água em função do seu uso múltiplo.
No agro, a água é insubstituível; na geração de energia, como mostramos, temos muitas opções. O Brasil precisa de um grande plano de irrigação e um outro de energia, que nos dê confiabilidade e reduza a nossa dependência do clima.
Para a água não ser um problema no agro do Centro-Oeste, é essencial que o gás natural chegue, através de gasodutos, naquela região e se criem, ao mesmo tempo, políticas que incentivem a produção do biogás, para substituir em parte da geração a água, gerar energia para a movimentação dos pivôs e viabilizar a construção de plantas de fertilizantes.
O Nordeste, com o término das obras da transposição do Rio São Francisco, pode se transformar na Califórnia brasileira. O gás natural poderá fazer o papel de uma bateria virtual que vai resolver o problema da intermitência das fontes eólica e solar.
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Concluindo, temos o bom problema. Somos um império, e impérios há poucos no mundo. O que caracteriza um império é a sua extensão territorial e o seu potencial como produtor de alimentos e energia. Dentro desse conceito, só se encaixam Brasil, Estados Unidos, Rússia, China e Índia. Será com o agro e com a energia que faremos parte desse seleto grupo de países que comandarão o mundo neste século.
Fonte: BrasilAgro