“Brasil será o maior beneficiado”: produtores de soja dos EUA criticam tarifas de Trump à China

A entidade que representa cerca de 500 mil sojicultores dos Estados Unidos destaca que os agricultores do país ainda enfrentam os efeitos da guerra comercial iniciada em 2018

As novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos estão gerando impactos negativos imediatos e possivelmente duradouros nas fazendas americanas e na economia rural do país. Segundo a American Soybean Association (ASA), entidade que representa cerca de 500 mil sojicultores norte-americanos, as tarifas prejudicam diretamente os produtores, elevam os custos de insumos e ameaçam mercados essenciais.

A ASA destaca que uma nova guerra comercial entre os EUA e a China pode beneficiar diretamente o Brasil, o maior produtor mundial de soja. O país sul-americano tem expandido significativamente suas exportações para a China nas últimas décadas e, em 2024, enviou quase 69 milhões de toneladas do grão ao mercado chinês, alcançando uma receita aproximada de US$ 30 bilhões. Durante a guerra comercial de 2018, os EUA perderam mais de US$ 27 bilhões em exportações agrícolas, sendo a soja responsável por 71% desse prejuízo.

Caleb Ragland, presidente da ASA e produtor de soja em Magnolia, Kentucky, afirma que os fazendeiros americanos estão frustrados e preocupados com as consequências das tarifas. “Elas não apenas impactam diretamente nossas propriedades familiares, mas também abalam a confiança que construímos ao longo dos anos com nossos compradores internacionais. Oferecer um produto de qualidade, de forma consistente e confiável, é essencial para nossa reputação e manutenção de mercado”, declarou.

O impacto das tarifas se torna ainda mais crítico porque os agricultores americanos já lidam com altos custos de produção. Os preços das commodities caíram quase 50% nos últimos três anos, enquanto os custos de terra, sementes, defensivos e fertilizantes continuam elevados. Isso resulta em margens de lucro estreitas, reduzindo a capacidade dos produtores de absorver novos aumentos de custo impostos por tarifas.

Em um contexto de mercado global competitivo, os produtores brasileiros e de outros países estão prontos para atender à demanda chinesa caso os EUA percam espaço. “Ainda não nos recuperamos completamente da guerra comercial de 2018 e uma nova rodada de tarifas apenas agravaria nossa situação“, alertou Ragland.

Foto: The White House/ Andrea Hanks

Enquanto os produtores americanos enfrentam essas dificuldades, as tarifas de 25% impostas pelo governo dos EUA sobre produtos do México e do Canadá entraram em vigor recentemente. O presidente americano suspendeu temporariamente a medida para o México até abril, mas o Canadá reagiu rapidamente, anunciando tarifas retaliatórias de 25% sobre quase US$ 100 bilhões em importações dos EUA.

A China também respondeu às tarifas americanas com medidas retaliatórias de 10% a 15% sobre a soja dos EUA e restrições adicionais ao acesso ao seu mercado. Com isso, a dependência chinesa de fornecedores como o Brasil e a Argentina deve crescer ainda mais.

Diante desse cenário desafiador, a ASA pede ao governo americano que reconsidere sua política tarifária e busque soluções negociadas que preservem os mercados internacionais para os agricultores dos EUA. Para a entidade, os produtores não podem arcar com novas perdas comerciais em um momento de instabilidade econômica e margens de lucro reduzidas.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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