Brasil tem oportunidade de atender demanda mundial de soja, que dobrará até 2050, para pesquisadores, a transferência tecnologia será fundamental para objetivo.
Segundo maior produtor mundial de soja, o Brasil terá de investir em pesquisa, infraestrutura e política agrícola para atender um mercado que não para de crescer. Essas são algumas observações de estudo da Embrapa que estima que, no meio deste século, o planeta demandará 700 milhões de toneladas da leguminosa: o dobro da produção atual.
De acordo com os especialistas, os principais problemas a serem enfrentados pelo País são de ordem fitossanitária como ferrugem asiática, percevejos e nematoides que acometem a leguminosa. Os desafios também envolvem as plantas invasoras, cada vez mais resistentes a herbicidas, e o manejo do solo, cuja degradação e perda de fertilidade provocam o encadeamento de uma série de problemas agronômicos.
Os autores realizaram análise detalhada das vantagens comparativas de cada país potencial produtor de soja, para atender à demanda prevista, sendo o Brasil o que reúne o maior conjunto de vantagens. Entretanto, a sociedade global exige que a produção agrícola ocorra em bases sustentáveis, com responsabilidade ambiental e social.
“Um dos aspectos principais a considerar é a forma pela qual ocorrerá o aumento da produção, ou seja, com maior ou menor expansão de área cultivada. Países que optarem por incentivar o aumento da produtividade, consequentemente com menor demanda de expansão da fronteira agrícola, melhorarão sensivelmente sua posição no mercado, consequentemente sendo mais competitivo”, preveem os pesquisadores.
O texto também destaca a importância de se investir em tecnologias voltadas à tolerância à seca e à eficiência hídrica. O aumento da frequência de extremos climáticos, com maior intensidade e abrangência, tem imposto prejuízos consideráveis à soja. Entre 2004 e 2014, somente a Região Sul do Brasil registrou perdas de cerca de R$ 27 bilhões por causa de eventos de seca.
O aumento de produtividade é outro desafio importante. Nesse quesito, os cientistas destacam que o Brasil já dispõe de tecnologia de cultivo que permite obter resultados muito acima da média atual de 3.394 kg/ha. O Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) registrou o recorde de 8.944 kg/ha em uma propriedade no Paraná, volume próximo ao obtido por outros sojicultores da região, mostrando que há espaço para melhorar o desempenho. Para isso, os autores recomendam um esforço de transferência de tecnologia em larga escala.
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De acordo com o chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa Soja (PR), Alexandre José Cattelan, a soja é a força motriz por trás do desenvolvimento agrícola do Brasil.
“Tanto que municípios que cultivam soja alcançaram índices de desenvolvimento humano superiores aos que não cultivam soja”, diz Cattelan.
Equipe SNA/RJ