Considerada uma cultura versátil, ou seja, com boa adaptação a situações de clima menos favoráveis, a área plantada com sorgo se expande pelo País, com um aumento expressivo de 47,2% na produção de grãos em 2023, em relação a 2022.
Quinto cereal mais produzido no mundo (atrás do milho, trigo, arroz e cevada), o sorgo vive um momento de plena evolução no Brasil, tornando-se cada vez mais presente em estados como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e Tocantins, além do Distrito Federal. Uma mobilização perene, sem divisas e fronteiras, voltada para o estímulo ao cultivo e à diversificação de uso e consumo sustentáveis do sorgo nos mais variados segmentos agropecuários e agroindustriais. Esta é a ideia central do “Movimento + Sorgo” estruturado no âmbito da Embrapa, em parceria com a Latina Seeds, e que conta com a participação e adesão de empresas e organizações públicas e privadas interessadas no crescimento e no fortalecimento da cultura.
Para enfrentar condições climáticas adversas que possam afetar o plantio do milho safrinha em várias regiões do país, os agricultores têm uma opção estratégica: o cultivo de sorgo e milheto. Estas culturas estão se tornando cada vez mais populares devido à sua capacidade de se adaptar bem à falta de água e à demanda crescente em diferentes setores da agroindústria, apresentando-se como alternativas rentáveis.
O sorgo, em particular, tem sido cada vez mais adotado pelos produtores rurais, independentemente das incertezas climáticas. Segundo dados do IBGE, a produção deste grão atingiu 4,2 milhões de toneladas no país este ano, representando um aumento significativo de 47,2% em comparação a 2022.
Com o crescimento do uso da cultura nas lavouras brasileiras, confirmadas pelos dados do IBGE e Conab, isso poderá, nos próximos anos, fazer do Brasil o terceiro maior produtor mundial de sorgo, bastante popular nos países do hemisfério Norte.
Para Willian Sawa, diretor-executivo da Latina Seeds e um dos idealizadores do Movimento + Sorgo, a opção entre um cereal ou outro vem levando em conta, sobretudo, o contexto da janela de cultivo em segunda safra no Brasil Central: “O aumento significativo da área plantada com sorgo, que geralmente suporta melhor um estresse hídrico, pode ser explicado em boa parte por um crescente risco climático em se cultivar o milho segunda-safra após uma determinada data e a alta pressão de praga, sobretudo da cigarrinha.”
Ainda segundo o Diretor-executivo da Latina Seeds, a consolidação da produção de sorgo no Brasil está vinculada à garantia de demanda, tanto do mercado interno quanto das exportações. Com esta expectativa, está previsto um aumento de até 20% na área de cultivo de sorgo até 2026, o que deve posicionar o Brasil como o terceiro maior produtor mundial deste grão.
“O cultivo de sorgo é estratégico para a pecuária tropical. Ele permite uma composição de janela de lavoura com o milho, que vai garantir alimento para o rebanho durante os meses secos, lembrando que a cultura do sorgo requer bem menos água”, destacou Sawa.
Com grande produtividade e maior adaptabilidade, seu uso ultrapassa apenas a alimentação humana. “O sorgo apresenta características favoráveis para a alimentação animal, por meio de consumo direto ou de ensilagem, semelhante ao milho. Além disso, por ser mais resistente às altas temperaturas e ao estresse hídrico o sorgo é uma cultura estratégica para a segurança alimentar e para a produção de forragem”, observou o pesquisador Rafael Parrela.
Para o chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, Frederico Ozanan Machado Durães, os avanços tecnológicos e o bom momento da cultura no País reforçam ainda mais o movimento: “O sorgo é um alimento energético rico, funcional e estratégico para o Brasil. Seu cultivo está em plena evolução no território brasileiro. É altamente responsivo na perspectiva do binômio inovação e mercado e na governança de uma moderna matriz de insumos e produtos. Atualmente, é possível distinguir um cinturão do sorgo granífero no Brasil, um “sorghum belt brasileiro”, sobretudo nos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Tocantins, além do Distrito Federal”.
Outro característica importante e pouco conhecida, é que o sorgo também ajuda na recuperar solos degradados – lembrando que a recuperação dessas áreas colabora com a captura de carbono, reduzindo os impactos no aquecimento global, por consumir menos água e ser mais resistente a substâncias como o alumínio, muito presente em solos como os de Minas Gerais.
Regiões e crescimento da produção da cultura no Brasil
A expansão do cultivo do sorgo no Brasil é evidenciada pelo crescente zoneamento de áreas para esta cultura, com estados anteriormente focados em outras culturas agora incorporando não só o sorgo granífero, mas também outras variedades, como é o caso do Paraná e Mato Grosso do Sul .
Atualmente, Goiás se destaca como o maior produtor de sorgo no país, responsável por 35% da produção total, seguido de perto por Minas Gerais, que pode ser ultrapassado pelo Mato Grosso do Sul neste ano.
Observa-se um aumento no cultivo de sorgo em todo o país. Conforme dados do IBGE, houve um crescimento na área plantada na região Norte (56%), Sudeste (75%) e Centro-Oeste (38,5%) neste ano.
Especificamente na Bahia, as variações da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) indicam um aumento de 12% no cultivo de sorgo para a safra de 2023/24, substituindo áreas anteriormente dedicadas ao milho. A produtividade do sorgo na Bahia é notável, alcançando 60 sacas por hectare.
No Nordeste, o sorgo é amplamente utilizado como base para ração animal, especialmente na indústria avícola e na criação de gado de corte e leiteiro, além de rebanhos alimentares de cabras. Em Rondônia, destaca-se seu uso na alimentação de peixes na aquicultura.
Migração de milho para sorgo pode aumentar na safrinha 23/24
O fenômeno “sorgo”, uma das culturas que mais avançou no Brasil na safra 22/23, pode se repetir com intensidade ainda maior na safra 23/24. Segundo analistas, tudo vai depender da variação de diversos fatores, como clima, preço, controle de pragas e tecnologia. Esse crescimento vem impulsionando o movimento para que o Brasil se torne o terceiro maior produtor de sorgo do mundo.
Outro dado que colabora com as informações da tendência de crescimento da cultura, é a maior demanda do produtor rural nas empresas de sementes. O sorgo se destaca em uma mistura de culturas alternativas ao milho, cuja área plantada deve cair já a partir da safra de verão – conforme vem sendo informado pelo Compre Rural – e, especificamente, na safrinha.
O movimento [Movimento + Sorgo], portanto, não prevê o estímulo do seu uso em detrimento de demais cultivos. Ao contrário, prevê que o sorgo funcione como elemento agregador de valor e de impulsão de produtividade em diversos modelos agropecuários adotados nas propriedades rurais, sobretudo no âmbito tropical, bastante afetado nos últimos anos por episódios climáticos.
Outra opção viável é o sorgo gigante. “O sorgo possui um sistema radicular bastante agressivo, então ele faz uma ciclagem de nutrientes. Ele traz nutrientes do subsolo que muitas vezes a soja ou o milho não conseguiria. O sorgo incorpora esses nutrientes na palha e depois ele acaba devolvendo isso para a cultura subsequente”, afirmou o responsável técnico da Santo Isidoro Sementes, Eduardo Dal Forno.
“O sorgo atende todo mundo. Hoje a oferta de cavaco de eucalipto está bastante reduzida. Então, nós temos a situação em que pode faltar biomassa para queimar e o sorgo sendo utilizado para isso a gente consegue auxiliar ou suprimir grande parte dessa falta de biomassa, porque se nós temos uma cultura que podemos plantar em qualquer área, cultivar ela em 150 dias, 160 dias, pelo menos a demanda a gente consegue atender, enquanto o eucalipto nós precisamos de cinco anos para produzir biomassa para corte”, completou.
Sawa aproveitou para apresentar ao público o “Movimento + Sorgo”, estruturado no âmbito da Embrapa e que conta com a parceria da Latina: “Trata-se de um programa de incentivo à expansão e uso do sorgo que tende a se internacionalizar. É um movimento de toda a sociedade, das iniciativas públicas e privadas, de organizações, pesquisadores, consultores, produtores e indústrias”, explica.
Os empreendimentos ‘agro’ (nacionais e multinacionais), as organizações e indústrias interessados em se integrar ao “Movimento + Sorgo” podem entrar em contato com a equipe de estruturação, pelos seguintes endereços: e contato@movimentomaissorgo.org
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