Brasil pode quadruplicar exportações de milho para a China em 2023

As exportações de milho do Brasil em 2023 podem bater recordes; China está entre esses grandes clientes brasileiros

As exportações de milho do Brasil em 2023 podem bater recordes caso a grande safra projetada para 2022/23 se confirme, avaliação é do diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes. Segundo ele, essa expectativa está fortemente baseada na previsão de safra, mas é certo que um novo protocolo assinado com os chineses dará suporte em 2023 às exportações do Brasil, o segundo exportador global após os Estados Unidos.

A exportação encerrou 2022 em um recorde de 43,36 milhões de toneladas, com a China tomando 1,165 milhão de toneladas após a confirmação da liberação de seu mercado ao cereal brasileiro no final do ano passado, segundo dados do Ministério da Agricultura com detalhes dos destinos. Os embarques foram realizados quase todos em dezembro. A presença dos chineses no mercado de milho do Brasil indica que o segundo exportador mundial do produto começa a incomodar mais a liderança dos Estados Unidos no mercado internacional.

Os números também mostraram que o Irã retomou o posto de maior comprador de milho do Brasil no ano passado, posição que havia perdido por pouco em 2021 para o Egito. O país do Oriente Médio, tradicional comprador do cereal brasileiro, praticamente dobrou as importações do grão nacional em 2022, com 6,58 milhões de toneladas.

Por hipótese, a China poderia comprar 5 milhões de toneladas de milho do Brasil em 2023, disse Mendes. Se isto se confirmar, os chineses terão transformado o Brasil num dos seus principais fornecedores de milho, juntamente com os norte-americanos. Isso representa 10% do total das exportações globais de milho e 194% a mais do que as exportações brasileiras de milho para a China em 2022.

operacao de carregamento de milho em navio
Foto: Divulgação

“Vamos supor, só pensando em safra, diria que seria um número entre 40 e 50 milhões, porque a previsão de safra é muito boa. Se não acontecer nada, o caminho vai ser de uma exportação superior. E não estou computando a China, é mercado mesmo”, disse Mendes, à Reuters.

“Lógico que a China vai dar suporte. A China, supondo que ela fosse dividir com os EUA, um pouco para cá, um pouco para os americanos, seria algo em torno de 5 milhões, por aí, então alteraria o total”, completou.

A China deve importar ao todo 18 milhões de toneladas de milho em 2022/23, segundo previsão do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), enquanto a produção brasileira deve crescer para 126 milhões de toneladas na temporada.

As exportações brasileiras de milho para a China totalizaram cerca de 62 mil toneladas entre janeiro e outubro, segundo dados do governo brasileiro, mas provavelmente foram feitas sob um protocolo antigo e rígido que restringiu o comércio com a China, disse Mendes. Os volumes devem crescer exponencialmente depois que Pequim autorizou vários exportadores do Brasil a vender milho.

milho sendo descarregado de navio
Foto: Divulgação

“A gente pretende é que seja algo fluente, normal”, ressaltou Mendes.

Pelo menos três navios foram nomeados para levar milho brasileiro para a China, escreveu Eduardo Vanin, analista da Agrinvest, em nota aos clientes, citando dados de agências marítimas. Ele espera muito mais nas próximas semanas.

Vanin disse que traders na Ásia também comentaram que de seis a oito navios de milho haviam sido nomeados para levar o milho do Brasil para a China. A alfândega chinesa atualizou sua lista de exportadores brasileiros de milho aprovados no início deste mês, uma medida que o governo brasileiro disse que poderia impulsionar as vendas de milho para a segunda maior economia do mundo.

As recentes aprovações da China às exportações brasileiras de milho podem remodelar os fluxos comerciais globais e resultar em menos vendas pelos agricultores dos Estados Unidos, o maior fornecedor mundial de milho.

Na terça-feira, a Anec projetou embarques 38,3 milhões de toneladas de milho exportado pelo Brasil entre janeiro e novembro. Em todo o ano de 2021, as exportações brasileiras de milho foram de apenas 20,6 milhões de toneladas, já que seca e geadas afetaram parte da safra no ano passado, mostraram dados da Anec.

evolucao das exportacoes de milho para a china
Fonte: USDA, Comex.

A menos que os EUA reduzam seus preços de exportação de milho, a China remova as tarifas retaliatórias ou os preços de exportação de milho do Brasil se tornem não competitivos em comparação com outros fornecedores, é provável que a China continue a aumentar suas importações de milho do Brasil.

Desde maio de 2022, o preço do milho brasileiro ficou mais barato que o norte-americano em US$ 0,05 por quilo, em média. As perspectivas de alimentação do USDA para janeiro de 2023 projetam uma queda na produção de milho dos EUA devido à diminuição do consumo doméstico e das exportações.

Preço do milho Brasil / EUA / Fonte: USDA, Comex.
Preço do milho Brasil / EUA em 2022 / Fonte: USDA, Comex.

Se a tendência de queda na produção e alta nos preços do milho americano continuar, a China deve recorrer ao milho brasileiro e outras fontes para suprir suas necessidades no médio e longo prazo.

A China está diversificando suas cadeias de suprimentos para ser menos dependente do fornecimento dos EUA. Essa é uma lição aprendida com a Covid, os desafios do transporte marítimo e a guerra comercial. Os preços de exportação do milho do Brasil também foram mais baixos do que os dos Estados Unidos durante os últimos 12 meses, fornecendo aos importadores estatais chineses mais incentivos para expandir as compras do Brasil.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM