Se confirmada essa compra do exterior, há uma perspectiva de que o preço do grão recue no país. Veja os municípios que podem ser afetados e quando isso deve acontecer!
Daniel Popov, de São Paulo
A guerra comercial entre China e Estados Unidos pode trazer mais uma mudança na lógica comercial da soja no mundo. Algumas consultorias já apostam que além da Argentina, o Brasil também poderá importar a oleaginosa dos americanos, já que ambos os países ampliaram suas vendas para os chineses este ano e precisariam do grão para atender o mercado interno. Vale ressaltar que o Brasil nunca importou mais do que 580 mil toneladas de soja por ano, muito menos dos Estados Unidos, que não embarca nem mil toneladas para os brasileiros.
Depois de os Estados Unidos confirmarem uma segunda rodada de taxas sobre produtos chineses e os asiáticos responderem que não iriam tentar um novo acordo, Brasil (maior produtor mundial de soja) e Argentina (terceiro maior) viraram a saída para abastecer o chineses. Essa busca mais intensa tem elevado os prêmios nos portos brasileiros e consequentemente o valor do produto.
Com isso as consultorias brasileiras começaram a estimar que a Argentina e Brasil poderiam importar soja dos Estados Unidos. Os argentinos também enfrentam a baixa oferta por conta de uma quebra na safra anterior. Segundo a Safras & Mercado, os hermanos podem adquirir até 2 milhões de toneladas e o Brasil algo em torno de 1 milhão de toneladas.
“Existe espaço para importar para suprir a demanda interna de farelo e óleo. A soja americana está barata e fazendo a conta está valendo a pena fazer isso”, conta Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado.
Historicamente há 10 anos o Brasil não importa volumes acima de mil toneladas dos Estados Unidos. Normalmente Paraguai e Argentina são os principais mercados para atender demandas pontuais do Brasil. Vale ressaltar que o Brasil nunca importou 1 milhão de toneladas em um ano. Os maiores montantes das últimas dez temporadas aconteceram em 2014, com 579 mil toneladas; e em 2016, com 448 mil toneladas, quando o país registrou uma das mais duras quebras de safra dos últimos tempos.
“Pode ser que o Brasil tenha que importar boa parte disso dos Estados Unidos, já que as vendas aos exterior do produto estão muito mais fortes do que se esperava. É muito mais do que já se negociou antes. Mas, ainda não tem nada certo”, comenta.
Preços em queda
O diretor da consultoria Celéres, Anderson Galvão, também acredita que o Brasil possa atingir um total de importação de 1 milhão de toneladas neste ano e ressalta que os preços da oleaginosa podem recuar com isso.
“Não acho que cairá muito, não. Mesmo que o Brasil importe 3 milhões de toneladas de soja, estamos falando de 2% do total produzido. Mas isso deve afetar um pouco os preços aqui no país, principalmente em locais mais próximos aos portos”, conta
O diretor da Céleres acredita que estas movimentações dos Estados Unidos possam começar a acontecer a partir do final de outubro, começo de novembro, durante a entressafra brasileira.
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Fonte: Projeto Soja