Brasil pede tempo para atender regras de desmatamento da UE: ‘Comércio em risco’

Representantes das indústrias de carne bovina e da soja estão buscando um período de transição para se adaptarem completamente às rigorosas regras de desmatamento da União Europeia. Sem essa concessão, alertam para uma possível ruptura no comércio com o continente europeu; confira

Representantes das indústrias de carne bovina e das tradings exportadoras de soja do Brasil estão buscando um período de transição para se adaptarem completamente às rigorosas regras da lei antidesmatamento da União Europeia, prevista para entrar em vigor em janeiro de 2025. Sem essa concessão, alertam para uma possível ruptura no comércio de alguns produtos com o continente europeu no início do próximo ano.

O diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, ressaltou durante uma mesa redonda realizada pelo Diálogo Agropolítico Brasil – Alemanha (APD) que, atualmente, o Brasil possui um monitoramento parcial do rebanho, mas não abrange o ciclo completo, como exigido pela legislação europeia.

A transição que pedimos tem que ser equivalente ao ciclo de produção. O animal para a Europa é abatido, em média, com 30 meses de idade. Para a carne ser exportada para lá, o bezerro precisaria ter recebido brinco ou chip há quase dois anos e não temos isso”, explicou Sampaio.

Ele enfatizou que o pedido não busca adiar a implementação da lei, mas sim garantir um período de aprendizado para estender a rastreabilidade em todas as etapas de criação do gado, com um prazo definido para alcançar o nível exigido de conformidade.

A partir de janeiro, preciso de três anos para ter o animal rastreado no ciclo completo. O que a indústria entrega hoje é um controle parcial para atendimento à lei e precisará de um tempo de adaptação, o que é perfeitamente possível de ser construído“, destacou.

A preocupação com a possibilidade de exclusão de fornecedores e redução nas vendas de carne brasileira para a Europa, semelhante ao ocorrido em 2008 com a criação da lista Traces, também foi levantada durante o debate.

O tema está em discussão com o Ministério da Agricultura, e uma das propostas é utilizar dados das Guias de Trânsito Animal (GTA) para verificar a conformidade socioambiental. No entanto, há resistências sobre o compartilhamento dessas informações, que não são públicas.

Em relação à indústria de soja, a necessidade de segregar o produto para evitar o envio de grãos cultivados em áreas desmatadas a partir de 2021 também preocupa as tradings exportadoras. Isso resultará em uma verticalização das operações e uma possível redução do fornecimento de soja para exportação, o que pode encarecer o produto e impactar o consumidor final.

Diante desse cenário, as indústrias brasileiras estão dispostas a realizar uma missão à Alemanha para avançar nas discussões sobre a implementação da lei antidesmatamento da UE e encontrar soluções que garantam a sustentabilidade da produção agrícola brasileira e o atendimento às exigências do mercado internacional.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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