Equipe brasileira conquista reconhecimento internacional com técnica, criatividade e homenagem à Amazônia na maior competição de açougueiros do mundo, criação original Meat Acordeon ganha o título de melhor corte bovino do mundo
O Brasil voltou para casa consagrado no World Butchers’ Challenge 2025, competição conhecida como a “Copa do Mundo da Carne”. O país venceu na categoria Melhor Produto de Carne Bovina – melhor corte bovino do mundo, com a criação original Meat Acordeon, e reforçou sua posição como referência global em cortes especiais e técnicas de açougue.
Realizado pela primeira vez em Paris, na França, o evento reuniu 14 seleções nacionais e mais de 6 mil espectadores em uma arena montada no Paris Expo. Com um ambiente competitivo e altamente técnico, o desafio exigiu das equipes excelência em apresentação, acabamento, inovação e responsabilidade social.
Criatividade com identidade brasileira rende título de melhor corte bovino do mundo
Inspirado pela riqueza da Amazônia, o time brasileiro apresentou cortes artísticos com o formato de canoas, além de usar temperos e elementos típicos da região. A proposta de exaltar a cultura brasileira no prato chamou a atenção dos jurados e rendeu ao país o prêmio de melhor corte bovino, em meio a seleções tradicionais como França, Alemanha e Austrália.
Apesar de um contratempo com os pedestais da estrutura de apresentação — que se quebraram na viagem e precisaram ser improvisados como um tapete —, o grupo manteve o foco e entregou um trabalho digno de aplausos.
A prova: precisão em tempo limitado
Cada equipe teve 3 horas e 30 minutos para transformar um quarto traseiro bovino, um lado de porco, um cordeiro inteiro e cinco frangos em uma vitrine completa de cortes com alto valor agregado. As tarefas incluíam desde a desossa e preparação de produtos prontos para o consumidor, até a elaboração de três tipos de linguiça (bovina, suína e gourmet), seguindo padrões rígidos de higiene, descarte e organização.
A avaliação foi feita por um júri internacional, que considerou aspectos como técnica com as facas, acabamento dos produtos, criatividade e apresentação final.
Representantes brasileiros e superação
A delegação brasileira foi composta por 12 integrantes, com forte presença da cidade de Sorocaba (SP), que enviou quatro participantes:
- José Elder Reis Dias – Capitão da equipe (Açougue Santo Antônio)
- Wellington Rodrigo Cesar Camargo – Time principal (Rei das Carnes)
- José Eduardo Reis Dias – Competidor da categoria Young Butcher
- Alder Lopes – Juiz e coach da equipe brasileira
Outros profissionais vieram do Paraná, Rio Grande do Sul, Nordeste e até da Argentina, representando o Brasil como único time da América do Sul na competição. Também integraram o grupo Rodrigo Herman, Rogério Rocha, Oswaldo e Leandro, com apoio de Itamar (SP) e Kaio, um brasileiro residente em Paris.
Dedicação além da arena
Mesmo com talento de sobra, a jornada até Paris não foi fácil. A equipe não contou com apoio governamental e precisou arcar com todos os custos — desde passagens e materiais até os ingredientes e estrutura da apresentação. A diferença cambial e a distância foram obstáculos que exigiram ainda mais união e comprometimento do grupo.
“A competição trouxe muitos desafios dentro e fora da arena. Mas, mesmo com tudo isso, conseguimos trazer o prêmio para o Brasil. Foi muito produtivo e prazeroso”, afirmou José Elder sobre o título de melhor corte bovino do mundo.
Reconhecimento e impacto
O prêmio de Melhor Produto de Carne Bovina de 2025 foi entregue ao Brasil, enquanto a França conquistou o troféu principal da competição, seguida por Alemanha e Austrália no pódio geral.
Além dos prêmios, a competição também teve impacto social: 2 toneladas de carne foram doadas para instituições sociais francesas, rendendo centenas de refeições quentes para pessoas em situação de vulnerabilidade.
A edição de 2025 também foi marcada pelo recorde de participação feminina, com 19 mulheres competindo, e pela valorização de jovens talentos com as categorias Aprendiz e Jovem Açougueiro.
Orgulho nacional e título de melhor corte bovino do mundo
“Participar dessa competição é a realização de um sonho. É o mais alto nível que um profissional da carne pode alcançar. Uma honra enorme representar o Brasil”, declarou Wellington Rodrigo.
Para os integrantes da equipe, a conquista vai além do troféu. Ela simboliza o reconhecimento de um ofício muitas vezes invisibilizado, mas essencial na cadeia produtiva da carne. E prova que o açougue também é território de excelência, cultura e inovação.
Com essa vitória, o Brasil reforça sua presença global no setor e mostra que, na arte de transformar proteína em tradição e valor, também somos campeões.
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