Brasil exporta 1 milhão de cabeças de gado vivo; recorde histórico

Com recorde superior a 1 milhão de cabeças, Brasil bate recorde de exportação de gado vivo; essa é a primeira vez que país atinge feito; confira o valor de faturamento

O ano de 2024 foi histórico tanto para a exportação de carne bovina quanto para a de bovinos vivos do Brasil. A venda de animais vivos do país, inclusive, apresentou números impressionantes em 2024, renovando a máxima em faturamento e embarque e alcançando patamares muito acima do praticado dos anos anteriores. Além do recorde, o ritmo de venda de bovinos vivos do Brasil acumulou o terceiro ano consecutivo de alta em 2024, seja avaliado pelo ritmo de embarque como pelo faturamento.

O engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira, divulgou em suas redes sociais um gráfico mostrando o desempenho das exportações de gado vivo no Brasil nos últimos 22 anos. Nele é possível constatar que o Brasil superou o recorde estabelecido em 2018, o país embarcou no ano passado mais de 1 milhão de cabeças de gado, as informações foram obtidas através da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).

O crescimento reflete a recuperação do mercado após os desafios impostos pela pandemia e pelo aumento do frete marítimo, que impactaram negativamente o desempenho entre 2019 e 2021.

Maurício ressalta que a atividade resultou em um faturamento recorde de US$850 milhões em 2024, o total de gado vivo embarcado no ano foi de 1,02 milhão de cabeças, quase 270 mil cabeças a mais que o recorde anterior, de 2018.

“Em reais, o faturamento somou R$4,71 bilhões, 94% acima do recorde anterior, registrado em 2023. Em dólares, o maior faturamento anual havia sido registrado em 2013, atingindo US$742 milhões. Naquele ano, o peso médio do animal vivo exportado foi de 473 kg, enquanto em 2024 foi de 366 kg” – destacou o agrônomo na publicação.

exportacao de gado vivo pelo brasil em 2024
Fonte: Atenagro, dados da Secex

Desde 2002, quando o Brasil começou a exportar gado vivo, o país já enviou para o exterior mais de nove milhões de cabeças de gado.

O estado do Pará reafirmou seu protagonismo no setor, sendo responsável por 56,1% do total de bovinos exportados em 2024, equivalente a 495,6 mil cabeças. No faturamento, o Pará também lidera com US$428,5 milhões, representando 58,2% do total nacional.

Conforme dados da Secex, analisados por Maurício Palma Nogueira, o volume de exportações em 2024 teve um aumento de 57% em relação a 2023, quando foram exportadas 582,3 mil cabeças.

O desempenho ao longo do ano foi impulsionado por uma demanda crescente, especialmente da Turquia, que intensificou as importações brasileiras para estabilizar os preços locais e garantir a segurança alimentar. O país do leste europeu consolidou-se como o principal mercado para os bovinos brasileiros em 2024. No acumulado do ano, a Turquia respondeu por 31,7% do total de bovinos exportados (280,3 mil cabeças) e 29,3% do faturamento (US$215,74 milhões).

Vitória nos tribunais

Em dezembro o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) julgou uma Ação Civil Pública movida pelo Fórum Animal. A ONG, defensora dos direitos dos animais no Brasil, é contra a atividade e moveu um processo judicial tentando barrar as exportações.

Em abril de 2024, o processo havia sido foi julgado em primeira instância pela 25ª Vara Federal de São Paulo, proibindo as exportações de animais por via marítima em todo o Brasil, entretanto, a sentença só poderá ser cumprida após a decisão do TRF-3, que é a segunda instância da Justiça Federal.

Segundo a entidade, esse tipo de exportação envolve a atuação de empresas que vendem dezenas de milhares de animais, como bovinos, para países muitas vezes distantes. Esses animais são colocados em grandes navios que passam semanas e até meses viajando em alto-mar. Os animais sofrem com fome, sede, e ficam confinados em baias quase sempre apertadas, em um ambiente superlotado e muitas vezes repleto de excrementos.

O TRF3 analisou o recurso de apelação interposto pela União, e o relator do processo manifestou entendimento de que a atividade possui regulamentação específica, que atende aos preceitos de bem-estar animal e está sujeita à devida fiscalização. Argumentou-se ainda, que a proibição da exportação de animais vivos é medida severa e que irá acarretar prejuízos à economia do país.

Durante a sessão, um dos Desembargadores pediu vista do processo, o que resultou na suspensão do julgamento. A previsão é de que o caso volte à pauta em fevereiro ou março de 2025.

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