Brasil embarca 15.000 bovinos com destino ao Oriente Médio; Vídeo

Outro navio, o Queensland, de bandeira da Libéria vai receber, também no Porto de São Sebastião, 6 mil cabeças de gado que serão levadas para a Turquia. Confira os detalhes abaixo sobre as operações de exportação de gado vivo

O mercado de exportação de gado vivo no Brasil tem mostrado um crescimento significativo nos últimos anos. Em 2023, houve um impulso geral nas exportações de gado vivo. Esse crescimento se deve, em parte, ao esforço conjunto entre o setor privado e o Ministério da Agricultura, permitindo ao Brasil entrar no grupo restrito de exportadores de gado vivo. Agora, o país se prepara para um novo embarque, cerca de 15 mil bovinos serão exportados a partir do Porto de São Sebastião em navio que já se encontra na costa brasileira pronto para atracar.

O embarque dos animais brasileiros acontece no navio Al Kwuait, de bandeira do Kwuait, e o país do oriente médio vai embarcar os animais neste fim de semana, segundo as previsões do porto. O navio esteve, recentemente, envolvido em um episódio onde foi acusado de ter causa mal cheiro em uma cidade na África do Sul.

Outro navio, o Queensland, de bandeira da Libéria vai receber, também no Porto de São Sebastião, 6 mil cabeças de gado que serão levadas para a Turquia. Em janeiro, a embarcação já havia levado outras 5 mil cabeças de gado para o território turco.

Segundo as informações do Porto, todo o processo é acompanhado por profissionais e, além da tripulação, o navio também leva a bordo veterinários que acompanham todo o processo e garantem o bem-estar animal dos bovinos à bordo do navio. Confira o vídeo abaixo com detalhes desse processo.

As informações preliminares são de que o Porto realiza o embarque dos animais em dois diferentes embarcações, cada uma com destino e agência operadora específicos, sendo um pela WIlson Sons – embarque de 15.000 bovinos – e outro sob o comando da SEA SIDE – embarque de 6.000 bovinos. Todos os navios já estão com datas marcadas e ou fundeados no porto.

Em 2023 o volume de gado vivo exportado aumentou 298,9%, e o faturamento aumentou 254,2%, quando comparado a 2022. Foram embarcados cerca de 582,2 mil cabeças, com faturamento de US$488,6 milhões (Secex).

Em 2023, a Turquia retomou a posição de principal compradora, adquirindo 370 mil cabeças de bovinos, perfazendo 63% das compras do Brasil, representando 59% do faturamento, com US$289,0 milhões, em contraste com os 15% que representou em 2022 (US$29,7 milhões). O Iraque manteve a segunda posição, com pouca alteração no volume importado, na comparação feita ano a ano.

Figura. Estados exportadores de bovinos vivos em 2023, em número de cabeças.
Fonte: Secex, elaborado por Scot Consultoria.

Cabe lembrar que toda a operação é acompanhada por auditores fiscais federais agropecuários e agentes de atividades agropecuárias de duas áreas da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa: o Departamento de Saúde Animal (DSA) e a Coordenação Geral da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro). Os cuidados e observação relativos ao bem-estar animal começam bem antes do embarque, ainda nos chamados Estabelecimento Pré-Embarque (EPEs), também com a supervisão da equipe.

Os EPEs são os locais onde os animais permanecem em quarentena para o cumprimento das medidas sanitárias exigidas pelos países importadores. Lá, servidores do Serviço de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal (Sisa) acompanham desde a abertura da quarentena e o trato dos animais, até o encerramento, quando eles já cumpriram as exigências e estão prontos para o início da viagem.

Na chegada ao porto, outra equipe assume os trabalhos. O Vigiagro tem a função de verificar se os animais chegaram em condições para embarcar nos navios boiadeiros – construídos exclusivamente para esse fim ou adaptados para isso – e seguirem viagem para o país de destino. A viagem entre os estabelecimentos pré-embarque e o porto deve ocorre no prazo máximo de 12 horas. Já a viagem entre o Brasil e a Turquia (destino da maioria dos animais) pode durar de 18 a 20 dias.

Todo o trabalho envolve planos de manejo, planos de viagem, de contingência, tudo para garantir que os animais sigam em boas condições de saúde e que os ambientes a sua volta garantam segurança e bem-estar”, disse Celso Gabriel Herrera Nascimento, chefe do Serviço Regional de Gestão do Vigiagro da 4ª Região.

Porto se destaca no estado pelo volume de exportação de animais vivos

Em 2023, apenas no Porto de São Sebastião, foram realizados oito embarques, todos para a Turquia, totalizando cerca de 70 mil animais. As exportações podem ser para engorda, abate imediato ou para reprodução. No caso dos animais que estão embarcando nesta semana, o destino será a engorda. Porto ganhou maior notoriedade após a proibição envolvendo o Porto de Santos em 2018, com grande pressão de ambientalistas em relação ao embarque no navio Nada.

Ainda segundo informações obtidas pelo Compre Rural, os dados copilados mostram a força do porto no embarque desse tipo de carga, são cerca de 300.00 cabeças de gado embarcadas nos últimos quatro anos, sendo quase um terço apenas neste ano de 2023. O mercado é grande e pode ajudar o setor pecuário em momentos onde a grande oferta de boi gordo para abate, fazendo dessa uma nova rota de escoamento dessa produção.

Exportação de gado vivo

O Brasil também exporta animais vivos para Egito, Iraque, Palestina, Angola, Argélia, Bolívia, Camboja, Congo, Emirados Árabes Unidos, Equador, Ilhas Maurício, Jordânia, Líbano, Irã, Marrocos, Moçambique, entre outros. Além de São Sebastião, as exportações ocorrem pelos portos de Rio Grande (RS), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA).

Bem-estar animal

O Código Sanitário de Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) entende o bem-estar animal como a sanidade física e mental deles. É preciso que os animais estejam sãos, cômodos, bem alimentados e em segurança, podendo expressar seus comportamentos naturais. Eles não podem passar por situações desagradáveis como dor, medo e desassossego.

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O Código indica também condições mínimas para o bem-estar animal, conhecidas como as cinco liberdades: viver livre de fome, sede e desnutrição; livre de medo e angústia; livre de desconforto físico e térmico; livre de dor, lesões e doenças; e livre para manifestar o comportamento natural. O Mapa atua para que as ações de bem-estar ocorram em todas as fases desse processo. Também capacita todos os envolvidos no manejo animal.

Para se ter uma ideia, na área portuária a fiscalização começa com a vistoria da embarcação, para checar se está apta a receber os bovinos, proporcionando as cinco liberdades. Alimentação e água devem estar disponíveis para todo o percurso, além de equipamentos para abastecer os reservatórios e para promover a ventilação e oxigenação adequadas.

Também é fiscalizado o espaçamento horizontal e vertical onde os animais ficarão, as baias hospitalares, o uso de pisos antiderrapantes e a ausência de objetos perfurocortantes. É obrigatório que haja farmácia a bordo e um planejamento para isolar decks, caso alguma patologia transmissível ocorra durante a viagem.

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