Além de receber as embalagens, o sistema também tem atuado para receber as sobras dos defensivos agrícolas pós-consumo dos produtores rurais.
As embalagens de defensivos agrícolas possuem um destino ambientalmente correto no Brasil, por mérito do Sistema Campo Limpo, programa gerenciado pelo InpEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, que apresenta um índice de 94% no encaminhamento sustentável das embalagens primárias comercializadas em todo território nacional. Com isso, tanto o país como o programa são considerados referências globais na aplicação dos conceitos de economia circular nesse segmento.
Conforme informações trazidas pelo engenheiro agrônomo João Cesar Rando, diretor-presidente do InpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens), durante o BW Talks Siga a Rota da Logística Reversa, desde a criação do programa, em 2002, até o ano passado, mais de 630 mil toneladas de embalagens vazias foram destinadas de forma correta. “Para este ano, devemos receber entre 53 e 54 mil toneladas”, estimou. O evento online foi promovido pelo Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), no dia 30 de setembro.
Além desse montante expressivo, o InpEV, em parceria com a Fundação Espaço Eco, realizou estudos para avaliar os impactos ambientais e econômicos do sistema, que ressaltam a importância da implementação desse programa em nível nacional, como por exemplo, a economia de energia de 36 bilhões de megajoules, valor suficiente para abastecer 5,2 milhões de casas por um ano, e a extração 20 vezes menor de recursos naturais. Em relação ao impacto nas mudanças climáticas, o sistema evitou a emissão de 823 mil toneladas de CO2eq na atmosfera, ou o equivalente à 1,8 milhão de barris de petróleo não extraídos.
De acordo com Rando, o Sistema Campo Limpo foi idealizado no conceito de logística reversa, integrando a cadeia produtiva em um objetivo comum e, ao mesmo tempo, atendendo, desde sua criação, aos critérios ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), uma vez que trabalha conceitos de economia circular, conserva o meio ambiente e promove a geração de mais de 1000 empregos diretos. O programa está assentado em quatro pilares: legislação, integração (responsabilidade compartilhada), educação e conscientização, e gestão de processos e informações.
Atualmente, são atendidas 1,8 milhão de propriedades agrícolas que fazem o uso do defensivo agrícola, com a participação de mais de 130 fabricantes e 267 associações de cooperativas e distribuidores. O sistema conta ainda com mais de 400 unidades de recebimento das embalagens, além de promover recebimentos itinerantes para atender produtores com dificuldade de movimentação e regiões onde não existem cadeias produtivas estruturadas. “Antes da pandemia, tivemos 5 mil recebimentos itinerantes em todo país. Mesmo com as restrições da pandemia, ano passado, foram quase 4 mil”, disse Rando.
O transporte das embalagens é realizado pelo InpEV, levando esses resíduos aos recicladores e incineradores parceiros. Para manter a logística eficiente, adotou-se uma gestão de processos e informação, que orienta a tomada de decisão, tem foco na eficiência e produtividade, contribui para a redução de custo e para a captura de valor. “Todos os nossos processos são bem-organizados”, pontuou Rando, que acrescentou que foi necessário o desenvolvimento de sistemas para suportar toda a operação. Hoje, cerca de 70 caminhões trafegam pelas estradas do país diariamente com as embalagens vazias de defensivos agrícolas.
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Entre as tecnologias citadas pelo CEO do InpEV está o agendamento online de devolução de embalagens vazias, que permitiu ao sistema receber informações sobre o volume de devolução dos produtores rurais, organizado de forma mais assertiva a logística. “Estamos trabalhando para implantar também um sistema de código de barras, a fim de automatizar e agilizar as informações”, comentou.
Quando as embalagens são recicladas, elas se tornam novos produtos para a construção civil, indústria automotiva, energia e indústria moveleira. Os artefatos também estão sendo transformados em novas embalagens e tampas para atender as indústrias de defensivos agrícolas. O InpEV, inclusive, montou a primeira fábrica que recicla e produz embalagens, a partir da resina plástica reciclada, com certificação das Nações Unidas.
Além de receber as embalagens, o sistema também tem atuado para receber as sobras dos defensivos agrícolas pós-consumo dos produtores rurais, regularmente fabricados e comercializados. São mais de 160 unidades para receber essas sobras e dar a destinação e tratamento ambientalmente adequados a esses resíduos.
Fonte: Instituto Nacional de Processamento de Embalagens