Brasil deve exportar mais de 100 mil cabeças de gado para a Turquia

Empresa que opera na exportação de gado vivo no Brasil e Uruguai ganhou licitação do governo da Turquia para realizar a operação; país do leste europeu deve importar 600 mil cabeças esse ano

A empresa uruguaia Gladenur S.A., especialista em exportação e importação de gado vivo especialmente entre Brasil e Uruguai para a Turquia, ganhou uma licitação do governo turco para o embarque de 120 mil cabeças este ano, a informação foi compartilhada por uma fonte do setor que estava em contato com os operadores na Turquia e compartilhada pela Faxcarne e Tardáguila Agromercados do Uruguai.

Ainda segundo o veículo de informação o preço estabelecido foi de US$ 3.600,00/ton colocado na Turquia. Segundo a fonte, com esse valores é possível determinar uma cotação dos bezerros no Uruguai em torno de US$ 2,70 o kilo vivo. A empresa irá realizar as compras do gado vivo no Brasil e Uruguai.

Exportação de gado vivo no Brasil – Em setembro passado o porto do Rio Grande do Sul realizou duas operações de embarque de carga viva. Os carregamentos aconteceram através dos navios MV Gulf Livestock II e Anna Marra, com destino à Turquia, totalizando 26.379 cabeças. O país de destino dos animais é o maior parceiro comercial do Brasil nessa modalidade, sendo uma importante via de escoamento para a produção pecuária nacional.

O mercado de exportação de gado vivo está começando a ganhar fluidez no Uruguai, depois de um começo de ano com poucas operações nos portos. De acordo com a Asociacion de Consignatarios de Ganado uruguaia o preço do quilo comercializado no país para exportação de gado vivo está em torno de US$ 2,23 por kilo. A expectativa é que o mercado continue firme e em alta nas próximas semanas, dada a geração relativamente pequena de bezerros de 2023, boas condições dos pastos e demanda por exportações.

Apetite turco pelo gado latino

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), o governo turco liberou a importação para engorda de cerca de 600.000 cabeças de gado. A informação foi publicada em janeiro de 2024, ainda segundo a USDA esse número pode aumentar durante o ano, dependendo do governo do país.

Ainda segundo a entidade mesmo essa decisão seja recente, parece muito refletir o desejo do governo turco em transferir as importações para fontes de custos mais baixos, no caso os países da América Latina. Com essas mudanças em curso, os pecuaristas turcos não poderão escolher os seus próprios animais, uma vez que o Ministério da Agricultura do país escolherá e distribuirá os animais aos pecuaristas depois de realizada a quarentena sanitária.

A Turquia tem importado gado (reprodução, engorda e para abate) e carne vermelha continuamente desde 2010. Além disso, as importações de carcaças e carne desossada continuaram, a fim de regular o aumento dos preços internos da carne. 60% da ração animal consumida no país é importada, o país do leste europeu também importa sêmen bovino para melhorar e manter a produtividade da pecuária.

A Turquia já gastou cerca de US$ 7 bilhões na importação de gado vivo desde 2010 e se considerarmos carne vermelha e genética foram gastos US$ 11 bilhões, quase R$ 55 bilhões de reais.

De janeiro a novembro de 2023, o país importou 715.403 cabeças de gado, gastando cerca de US$ 1 bilhão, um aumento de 913% em relação ao mesmo período do ano retrasado. As importações foram principalmente de gado para engorda (629.790 cabeças) do Brasil, Uruguai e República Tcheca, com uma quantidade menor de gado leiteiro da Alemanha, Dinamarca e Estados Unidos.

Os importadores turcos compram o gado de engorda mais barato, independentemente da qualidade da carne, proveniente principalmente de países da América do Sul, especialmente do Brasil e do Uruguai.

Além disso, como o Turquia exige gado de engorda que não seja castrado, um fornecedor de gado de corte dos EUA precisaria contratar importadores turcos pelo menos seis meses antes do embarque para manter os animais não castrados, o que aumentaria os custos, inviabilizando a negociação.

Com informações da USDA e Faxcarne e Tardáguila Agromercados do Uruguai.

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