A China respondeu por 60% das exportações de carne bovina em Julho, mas quem depende de quem e qual o impacto do país asiático na economia do Brasil?
A dependência da China como cliente para os exportadores de carnes não é uma questão isolada do Brasil e não preocupa os frigoríficos. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, em debate virtual promovido pela consultoria Datagro.
O Brasil possui hoje o posto de maior exportador de carne bovina do mundo, além disso, é único país com capacidade de aumentar sua produtividade, garantindo o posto de “celeiro do mundo”. Diante disso, é realmente preocupante o volume de carne brasileira importada pela China? Afinal, quem depende de quem?
Entender o que o mercado consumidor deseja no futuro é de extrema valia para o planejamento da cadeia produtiva da carne bovina na busca por captura de valor. A China é uma das maiores potências do mundo, com grande avanço na demanda por proteínas e demais insumos.
Brasil, o país que se tornou um dos maiores produtores de alimento em poucos anos. Parabéns homem do campo!
Vamos aos fatos
“A China está comprando porque precisa e vai pagar, mas é uma situação diferente do que aconteceu com a Rússia. Até porque não apenas o Brasil mas todos os grandes mercados têm na China um importante comprador”, disse Santin, em alusão à dependência que os frigoríficos brasileiros tiveram dos russos na década passada.
Na avaliação de Santin, o país asiático continuará a ser um grande mercado para a importação de carne suína, mesmo que a recomposição do rebanho do país asiático ocorra em 2025. Desde 2018, a China sofre com uma epidemia de peste suína africana, o que reduziu o plantel e estimulou importações.
“Se a China lograr voltar aos 54 milhões de toneladas [de produção de carne suína] em 2025, ainda assim vai precisar 56 milhões de toneladas de carne suína [para consumo]. A importação tende a diminuir mas não deve parar”, avaliou Santin.Conforme estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção chinesa de carne suína alcançará 40,2 milhões de toneladas neste ano, ante 55,4 milhões de toneladas em 2018.
As importações do país asiático, que consome metade da carne de porco do mundo, devem pular das 1,5 milhão de toneladas vistas em 2018 para 4,4 milhões de toneladas neste ano.
Carne bovina
As exportações de carne bovina in natura e processada no acumulado do ano até julho soma 1,103 milhão de toneladas, 10% acima das 999.177 toneladas de igual período de 2019, conforme a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). A receita nesse intervalo cresceu 25%, para US$ 4,7 bilhões.
O resultado se deve à China. “No acumulado até julho as compras chinesas que ingressaram pela cidade estado de Hong Kong e pelo continente atingiram 634.624 toneladas, quase o dobro das 381.325 importadas em 2019 no mesmo período”, disse a entidade em nota.
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Brasil o país que irá garantir o alimento
A agricultura mundial terá de ampliar em 70% a produção de alimentos até 2050, para atender às necessidades de uma população estimada de 9,7 bilhões de pessoas.
O Brasil já é o terceiro maior produtor de alimentos, depois da China e dos Estados Unidos e é o segundo maior exportador, atrás dos Estados Unidos. Mas pode mais. Tem muitas áreas legalmente agricultáveis e disponíveis, tem clima favorável para produção durante praticamente os 12 meses do ano e tem domínio tecnológico para produzir em solos originalmente inférteis de climas tropicais de baixa latitude.
Por causa deste potencial, a sociedade global considera que o Brasil é a principal esperança pela produção dos alimentos adicionais a serem requeridos globalmente, nos próximos 30 anos.
Compre Rural com informações do Valor, Embrapa e Agências