Em 2023, a China adquiriu impressionantes 75% das mais de 101 milhões de toneladas de soja exportadas pelo Brasil. Essa estatística evidencia a crescente interdependência entre as duas nações, alimentando preocupações entre especialistas.
No último ano, o Brasil reforçou ainda mais seus laços comerciais com a China, tornando-se cada vez mais dependente do gigante asiático para suas exportações de soja e, surpreendentemente, milho. Em 2023, a China adquiriu impressionantes 75% das mais de 101 milhões de toneladas de soja exportadas pelo Brasil, segundo dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Essa estatística evidencia a crescente interdependência entre as duas nações, alimentando preocupações entre especialistas.
Mesmo diante de apelos para diversificar os destinos de exportação, Sérgio Mendes, diretor geral da Anec, destaca a inevitabilidade da relação comercial com a China. “O Brasil pode realmente diversificar os parceiros comerciais na soja, mas não há como deixar de exportar à China. Se algum país quer ser um grande player na soja precisa reunir condições de abastecer a China, e o Brasil tem essa vocação“, afirma Mendes.
A dependência brasileira em relação à China é ainda mais notável no setor de soja, considerando que o país asiático adquiriu 60,6% da soja exportada globalmente no ano passado, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Especialistas concordam que a busca por alternativas é necessária, mas encontrar importadores com peso equivalente ao da China é um desafio significativo.
Enquanto a dependência na exportação de soja persiste, o Brasil viu um novo capítulo se desenrolar em suas relações comerciais com o país em 2023. Pela primeira vez, a nação brasileira enviou milho de maneira efetiva para a China, marcando 17,4 milhões de toneladas do cereal adquiridas pelos chineses, representando 31% do total exportado pelo Brasil no ano passado.
A surpreendente demanda chinesa por milho pegou muitos analistas de surpresa, superando as estimativas iniciais. “Nós não esperávamos essa demanda tão agressiva da China, já que a estimativa inicial era de embarques na casa das 5 [milhões] ou 6 milhões de toneladas“, comenta Sérgio Mendes, da Anec. Com problemas na logística do Mar Negro, o Brasil se tornou o maior exportador de milho para a China em 2023, superando os Estados Unidos.
Contudo, especialistas alertam que os produtores brasileiros precisam se preparar para um novo cenário, pois a China tem investido para aumentar sua produção local de alimentos. “É difícil dizer quando, mas em algum momento a China vai fazer valer os investimentos que tem feito para aumentar sua produção de alimentos“, afirma Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSetor Consultores.
Diante dessas perspectivas, há um consenso entre os especialistas de que o Brasil precisa desenvolver uma política de Estado que promova a diversificação de produtos do campo e um investimento sólido na área de pesquisa agrícola. Além disso, apelam para a ampliação do comércio com outros países da Ásia, Índia, Bangladesh, Rússia e Oriente Médio, destacando a importância de não depender exclusivamente da China para suas exportações de grãos.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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