O Bonsmara, uma raça de gado de corte sintética, surgiu na década de 1930, mas sua disseminação global ocorreu principalmente no final dos anos 90. Os animais, além de rústicos, são altamente produtivos
A raça de gado Bonsmara é uma criação sintética do Governo da África do Sul, originada em 1937. Diante da necessidade de uma pecuária eficiente para o país, os sul-africanos buscavam uma alternativa à raça nativa Afrikaner, que, apesar de resistente ao calor e com carne de qualidade, apresentava baixa produtividade. As tentativas com raças europeias também se mostraram infrutíferas devido ao clima quente tropical/subtropical do país, no qual os animais não conseguiam prosperar nem alcançar bom desempenho.
O professor zootecnista Jan Bonsma, com apoio governamental, conduziu diversos cruzamentos de raças em busca do melhor desempenho, visando resistência climática e alta produtividade. Esse processo incluiu a seleção de características como frequência respiratória e cardíaca, comprimento e espessura do pelo, capacidade de percorrer longas distâncias e quantidade de glândulas sudoríparas, entre outras.
O resultado desse meticuloso processo de medição e avaliação foi um animal com 5/8 de genética Afrikaner, 3/16 de Hereford e 3/16 de Shorthorn (Taurinos Britânicos), destacando-se pela excelente “eficiência funcional”.
Batizado em homenagem ao professor responsável pelo desenvolvimento da raça, o nome Bonsmara também incorporou “Mara” da fazenda experimental onde os cruzamentos foram realizados.
O Bonsmara
Este bovino é caracterizado por sua rusticidade, exibindo uma pelagem marrom avermelhada com pelos curtos e lisos, densamente pigmentados. Possui uma musculatura bem distribuída, arqueamento adequado das costelas, boa profundidade, garupa proporcional em comprimento e músculos notavelmente desenvolvidos. Sua linha de dorso-lombo é reta, e apresenta um cupim arredondado à frente da inserção da paleta.
A raça Bonsmara demonstra eficácia em cruzamentos com matrizes zebuínas, especialmente Nelore e Tabapuã, resultando em animais F1 robustos e precoces. A adaptabilidade do Bonsmara a regiões quentes, juntamente com sua resistência a parasitas, faz dele uma escolha vantajosa para cruzamentos.
Para aqueles que buscam um cruzamento industrial com matrizes zebuínas, visando animais produtivos em condições de pastoreio, o Bonsmara é uma opção viável, alcançando até 800 kg em animais adultos. As fêmeas F1 demonstram excelente habilidade materna, destacando-se como produtoras de leite, desmamando bezerros robustos e exibindo alta fertilidade, com intervalos adequados entre partos.
Vai bem a campo?
De acordo com Alexandre Zadra, autor do blog Crossbreeding e supervisor regional comercial da Genex para os estados do Acre, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia, o touro Bonsmara apresenta excelente desempenho em ambientes a campo nas regiões Centro-Oeste e Norte do país. Ele destaca que o animal possui uma cobertura eficaz e uma certa rusticidade, oriunda de suas origens na África do Sul. Zadra explica que o Bonsmara carrega em sua genética meio-sangue Afrikaner, uma linhagem Sanga adaptada, característica de bovinos taurinos adaptados à região sul-africana.
Quais as qualidades?
Assim, o touro Bonsmara demonstra eficácia ao cruzar com matrizes zebuínas, resultando em descendentes meio-sangue Bonsmara x Zebu, ou meio-sangue taurino, reconhecidos pela excepcional qualidade de carne. No caso das fêmeas provenientes do cruzamento Bonsmara x Nelore, destaca-se sua precocidade reprodutiva e notável habilidade materna, conforme ressaltado.
O especialista enfatiza que os machos gerados pelo touro Bonsmara também contribuem positivamente para o rebanho. Ao utilizar o Bonsmara, é possível agregar ganho de peso devido à sua linhagem taurina pura, proporcionando, ao mesmo tempo, uma qualidade superior de carne ao cruzar com zebuínos e produzir meio-sangue taurino F1 de excelência.
Em resumo, a utilização do Bonsmara resulta em carne macia, machos de rápido crescimento e fêmeas de alta qualidade, ideais para se tornarem matrizes com precocidade reprodutiva e destacada habilidade materna.
Pecuarista fala dos resultados obtidos com a criação do gado Bonsmara
Os resultados obtidos foram altamente satisfatórios, levando alguns criadores, como a pecuarista Clélia Pacheco da Fazenda Santa Silveria em Piratininga, São Paulo, a especializarem-se na raça.
Clélia Pacheco, uma entusiasta da raça Bonsmara, destaca: “Utilizar touros Bonsmara significa viabilizar cruzamentos industriais a campo, simplificando o manejo e alcançando excelentes desempenhos no rebanho, o que resulta em um aumento significativo na produtividade da fazenda.”
Inicialmente, a ideia de Clélia era empregar touros Bonsmara em novilhas meio-sangue Angus, visando manter a heterose e continuar aprimorando a produtividade. Os resultados foram tão positivos que ela passou a criar gado puro com o propósito de comercializar touros.
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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