Boi subiu R$ 13,45/@, mas é “desesperador” o futuro

Os preços da arroba tiveram um trajetória de valorização durante o mês de julho, mas o cenário para o curto prazo é desesperador para o produtor rural, que tem custos elevados!

Os valores da arroba na primeira quinzena de julho fecharam com uma valorização de quase R$ 14,00/@, cenário esse que já deu sinais de mudanças, principalmente após o alongamento das escalas de abate. Com isso o mercado físico do boi gordo registrou preços de estáveis a mais baixos nesta sexta-feira, 15, a depender da praça pecuária avaliada.

Com uma queda de braço sendo travada entre pecuaristas e indústrias, a finalização da semana foi marcada pela inexpressiva fluidez dos negócios. Com maior conforto em suas escalas de abate, muitas indústrias frigoríficas estão ausentes da compra de gado. Dessa forma, o cenário para o curto prazo é desesperador para o produtor rural!

Ainda segundo alguns analistas, o cenário promove a expectativa de alguma queda dos preços no curto prazo, em linha com a posição mais confortável das escalas de abate, que hoje estão com 12 dias úteis em média geral.

Agora é o momento do pecuarista se unir e fazer sua parte, reter os animais para abate, criando uma lacuna na oferta de matéria prima para a indústria, foçando uma nova onda de valorização antes do término da primeira quinzena de agosto.

Segundo a Agrifatto, os impactos da menor oferta de boi gordo na entressafra ainda não foram vistos, o que resulta em escalas mais alongadas para os frigoríficos. Todas as praças acompanhadas se encontram com as programações de abate acima da média dos últimos 12 meses, enquanto a média nacional das escalas de abate está em 12 dias úteis, avanço de 2 dias no comparativo semanal.

  • SP: As indústrias fecharam a sexta-feira com 14 dias úteis;
  • MG: As programações de abate se encontram na casa de 16 dias úteis programados
  • MS: As programações de abates se encontram na casa de 13 dias úteis
  • GO: encerraram a sexta-feira com 11 dias úteis escalados
  • TO: as escalas de abate estão na média de 9 dias úteis
  • MT: conseguiram fechar a semana na média de 8 dias úteis.
  • RO: as escalas de abate continuam na média de 7 dias úteis.

A incidência de animais a termo favorece uma posição mais confortável da indústria frigorífica. O fluxo de exportação segue bastante positivo, com receitas espetaculares em 2022. Os preços médios internacionais da carne bovina seguem em elevação.

O Indicador do Boi Gordo Cepea, encerrou a primeira quinzena de julho com uma valorização de R$ 13,45/@, conforme o gráfico abaixo. Dessa forma, a variação mensal está em 1,78%. Já a cotação em dólar, encerrou a a sexta-feira, cotado a US$ 60,28/@, aproveitando a maior competitividade da carne brasileira frente aos seus concorrentes.

Segundo a Scot Consultoria, Com escalas de abate confortáveis, muitas indústrias permaneceram fora das compras nesta sexta-feira. Com isso, as cotações estão estáveis na comparação feita dia a dia nas praças paulistas. Boi, vaca e novilha gordos estão cotados em R$313,00/@, R$282,00/@ e R$304,00/@, na mesma ordem, preços brutos e a prazo.

Bovinos com até quatro dentes, destinados à exportação, estão sendo negociados em R$320,00/@. O app da Agrobrazil, trouxe como melhor negociação da última sexta-feira, o valor de R$ 315,00/@ com pagamento à vista e abate programado para o dia 08 de agosto.

Na B3, o futuro com vencimento para jul/22 encerrou a semana com sua primeira variação positiva, de 0,13%, cotado a R$ 319,75/@, relatou a Agrifatto em seu boletim diário.

“As escalas de abate alongadas, com volumes razoavelmente confortáveis para operação, dão espaço para a continuidade no ritmo de recuo dos preços do boi gordo”, relata a IHS Markit.

Momento desesperador

Frigoríficos já consolidam um ambiente de negócios abaixo dos pisos observados nas semanas anteriores, o que tem deixado os pecuaristas mais desesperados neste momento, aceitando preços abaixo da referência para conseguir cobrir os custos elevados da manutenção destes animais na propriedade.

Importar gado vai resolver falta de boi gordo no Brasil?
Foto: Fazenda Uberaba

Por outro lado, observa a IHS, os pecuaristas optam por efetivar os negócios em patamares inferiores, já que o período de estiagem avança pelas regiões produtoras do País, retirando o volume verde das pastagens e condicionando perda de peso dos animais em retenção.

Outro fator que incentiva a maior oferta de animais, acrescenta a IHS, é o alto custo dos insumos, fator que também inviabiliza a manutenção do peso dos animais por meio de sistemas de confinamento e/ou semiconfinamento.

Giro das praças, segundo Agência Safras

  • Em São Paulo, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 316 na modalidade a prazo.
  • Em Dourados (MS) foi indicada em R$ 291.
  • Em Cuiabá (MT), a arroba do boi ficou indicada em R$ 293.
  • Em Uberaba (MG), preços a R$ 300 por arroba.
  • Em Goiânia (GO), arroba a R$ 295.

Mercado atacado e expectativa para agosto

O mercado atacadista voltou a operar com preços em queda. Segundo Iglesias, a expectativa é de queda dos preços no decorrer da próxima semana, em linha com uma reposição mais lenta entre atacado e varejo. De acordo com o analista, isso é algo compreensível durante a segunda quinzena do mês, período que conta com maior apelo ao consumo.

O aumento dos valores envolvidos no Auxílio Brasil será um fator
importante para estimular o consumo de produtos básicos, o que pode ser um ponto relevante para os preços da carne bovina no atacado.

O quarto traseiro foi precificado a R$ 22,35 por quilo, queda de R$ 0,20. O quarto dianteiro foi cotado a R$ 17,50 por quilo, queda de R$ 0,30. A ponta de agulha foi precificada a R$ 17,25 por quilo, queda de R$ 0,10.

Segundo Iglesias, a demanda na primeira quinzena de agosto terá capacidade para promover uma recuperação dos preços da carne bovina.

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