Segundo as consultorias, o embargo chinês aparece como fator de pressão nos preços do boi gordo; Entretanto, as indústrias andaram “queimando” suas escalas que, agora, seguem entre 4 e 7 dias úteis.
O mercado físico de boi registrou preços de estáveis a mais baixos nesta segunda-feira, 18, com indústrias fora das compras em sua maior parte. Aqueles que abriram os balcões de compras, aproveitaram para queimar suas escalas de abate e ofertar preços de até R$ 10,00/@ abaixo da referência, principalmente nas praças paulistas.
O cenário do boi gordo, continua pautado por um viés negativo que, neste início de semana, diante de alguns fatores que surgiram durante o feriado no Brasil, acabaram pressionando ainda mais as indústrias. O primeiro é que os frigoríficos seguem operando com escalas de abate muito confortáveis, aumentando a capacidade de testar o mercado, enquanto queimam esses dias.
O segundo fator é o processo de valorização do real, que vem tornando a conta das exportações menos atraente. O terceiro fator baixista é o recente comportamento chinês, que suspendeu a importação de proteína animal brasileira em algumas unidades frigoríficas, diante da alegação que foi encontrada a presença da proteína da Covid-19 em embalagens.
“Este argumento já fui utilizado anteriormente. De qualquer maneira esse tipo de situação produz ruídos no comportamento dos frigoríficos exportadores na compra de gado, aumentando a pressão de queda sobre os preços da arroba”, assinalou Iglesias, da Agência Safras.
Segundo apurou a Scot Consultoria, o boi gordo segue negociado a R$ 315/@ nas regiões do interior de São Paulo, enquanto a vaca e a novilha são vendidas, respectivamente, a R$ 279/@ e R$ 312/@ (preços brutos e a prazo).
Já o Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, abriu a semana com uma variação diária negativa de 2,98%. Sendo assim, os preços saltaram de R$ 338,90/@ para o patamar de R$ 328,80/@, o que representa uma queda de cerca de R$ 10,00/@ em apenas um dia. Ainda segundo a instituição, o valor da arroba em dólar, também recuou e segue cotada a US$ 70,59/@. Confira no gráfico abaixo como se comportou o valor nos últimos 30 dias do mês.
Ainda no mercado físico, segundo o app da Agrobrazil, em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 321,59/@, conforme dados informados no aplicativo. Já a praça de Goiás teve média de R$ 295,03/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 291,28/@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 319,20@.
Por sua vez, as cotações dos machos com padrão para exportação, o chamado boi-China (abatido mais jovem, geralmente com idade abaixo de 30 meses) sofrem com a desvalorização do dólar, deixando os frigoríficos com margem mais estreita. A Agrobrazil, informou negociação de R$ 340/@ em Sandovalina, no estado São Paulo, com pagamento no prazo de 8 dias e abate para o dia 27 de abril.
Embargos da China
Esse novo bloqueio chinês, comunicado no feriado de sexta-feira (15/4) pela Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês), envolve uma unidade da JBS (em Barra do Garças/(MT), duas plantas da Marfrig ( em Várzea Grande/MT e Promissão/SP), além de um abatedouro da Naturafrig, em Pirapozinho/SP.
Segundo o comunicado do órgão chinês enviado à embaixada brasileira em Pequim, os técnicos identificaram a presença de ácido nucleico do novo coronavírus na embalagem externa de quatro lotes de produtos congelados exportados pelas empresas brasileiras.
“Essa notícia repercutiu negativamente em todas as praças pecuárias cobertas pela IHS Markit”, relata a consultoria.
Pelo levantamento da IHS Markit, neste momento, as escalas de abate, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste, estão mais curtas quando comparadas às programações registradas nas duas semanas anteriores.
“Neste início de segunda quinzena do mês, as indústrias frigoríficas apontam escalas de abate variando entre 5 e 7 dias, sobretudo no interior paulista”, ressalta a consultoria.
Segundo os analistas, apesar do momento de cautela nos negócios, no curtíssimo prazo, a briga pelo melhor preço entre frigoríficos e pecuaristas tende a se acirrar no decorrer desta semana. Pelo menos neste atual momento, fica difícil saber qual será o caminho percorrido pela arroba bovina nos próximos dias.
Giro do Boi Gordo pelo Brasil
- Em São Paulo, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 327 a arroba.
- Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 296.
- Em Uberaba (MG), a arroba ficou em R$ 310.
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Atacado
No mercado atacadista, o dia foi de preços estáveis para a carne bovina. Segundo Iglesias, há pouco espaço para reajustes neste momento, considerando a reposição mais lenta entre atacado e varejo no decorrer da segunda quinzena do mês, período que conta com menor apelo ao consumo.
A preferência da população ainda recai sobre proteínas mais acessíveis, a exemplo do frango e dos ovos. O quarto traseiro foi precificado a R$ 23,90 por quilo. O quarto dianteiro foi precificado a R$ 16,70 por quilo. A ponta de agulha teve preço de R$ 16 por quilo.